Acordo, escutando vozes ao meu redor.
- Eu rápido, rápido, acabava com essa aí.
- O rei Hermides ordenou que matassem quem encostasse nela, disse que, queria sentir seu sangue em suas mãos e depois a enforcar.
- Você acha que eu já não sei de tudo isso seu incompetente? Agora volte ao trabalho, vamos!
Me sinto apavorada ao terminar de escutar a conversa, sabendo do destino que teria se continuasse aqui.
A porta é aberta e um homem, o mesmo de ontem, entra pela mesma. Em seu rosto, é possivel ver uma grande cicatriz e mantém uma expressão fria durante todo o tempo em que me olha.
- Oi garotinha - diz, com uma voz metálica. - Vim saber como está, se tem algum desejo final - fala enfatizando a última parte.
Em um momento de desespero ao ver a criatura entrar pela cela e ficar parada do outro lado do ambiente, saio correndo o mais rápido que consigo e sinto lágrimas nos olhos ao ouvir a voz de Teilles.
- Se, por algum acaso, você não morrer, volte para me buscar garota! - Grita e abro um sorriso enquanto corro do ogro que corre atrás de mim, gritando.
Avisto guardas a minha frente e imagino como seria o meu fim, mas, por alguma obra do destino, uma porta se abre ao meu lado e uma ruiva usando um vestido branco aparece.
A empurro para dentro na tentativa de me esconder e, antes que ela pudesse gritar, coloco a minha mão em sua boca.A voz dos guardas caminhando pelo corredor é alta e eles decidem parar justo em frente à esta porta para conversar. A ruiva morde a minha mão e se debate. Pego um objeto de madeira e bato com o mesmo em sua cabeça e ela cai no chão.
Os guardas caminham pelo corredor para ir embora.A esta hora o ogro já deve ter comunicado aos "amigos" dele sobre a minha fuga. Olho para a ruiva e observo sua roupa.
Arrasto a mesma até a cama que se encontrava ali e amarro suas mãos e sua boca com laços que estavam pendurados na cadeira de madeira ao lado. Ela se mexe.
Procuro no quarto por alguma coisa que me ajudasse a escapar daqui e, tudo ao meu redor é estranho.
Uma bacia, redonda e feita com tábuas de madeira com água dentro se encontra em uma mesa rústica, ao lado da cama. Uma penteadera, com objetos muito estranhos em cima, feita de madeira se encontra de frente para a cama, a cama, uma verdadeira cama de princesa, feita também com madeira, fica no meio do quarto, e uma arara com vestidos espalhafatosos fica ao lado da janela.
Resolvo olhar pela janela. Um grande jardim fica em frente, muitos "guardas" caminham, assim como mulheres usando vestidos longos e bufantes. Uma mulhara de pedras fecha o lugar e, o lugar em que estou, parece ser uma grande construção feita com pedras também.
Mas que merda de lugar é esse?
Sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto e sento na cama tentando encontrar uma solução para sair deste lugar.
Isso! Eu não sei que porcaria de lugar é esse, mas, não vai ser aqui que irei morrer. Como todo bom filme ensina, terei que me camuflar.
Começo a retirar o meu... vestido? E lavo o meu rosto e braços com a água da bacia, ando até a arara e entre tantos vestidos escolho um vestido menos bufante o possível, amarelo, com uma faixa na cintura. Pego os sapatos da ruiva que encaixam perfeitamente no meu pé e, para manter o disfarce, coloco um pouco do pó estranho que estava em cima da penteadeira e faço um rabo de cavalo no cabelo. Nunca me senti tão estranha.
A primeira coisa que se passa pela minha cabeça é resgatar Teilles.
Não sei porque, bom, pelo menos se morresse, não morreria sozinha.Abro a porta lentamente olhando para os lados, fecho a mesma e começo a andar lentamente pelo corredores, tentando arrumar a postura e pensando no que fazer.
A escada que levaria até as celas estava na minha frente.
Não, definitivamente não é um bom plano.
Continuo a caminhar, logo, chego em um salão, cheio de mulheres de todos os tipos, com vestidos cada um mais estranhos que o outro andando e conversando.
- Olá - cumprimenta uma morena - Você veio para o chá?
- Ah... Não, eu... só estou procurando uma pessoa. - Falo gaguejando.
Ela sorri, e se vai.
Me viro e respiro fundo.
- Você consegue Claire! - Digo para mim mesma.
Depois de andar por corredores e corredores escuto uma conversa que parece interessante.
- Os uniformes precisam de reparos Denemon! Espero que estejam prontos amanhã ou... - Grita e sai pela porta.
Isso me deu uma ótima ideia. Bato na porta três vezes e logo ela é aberta por um... anão.
- Olá - diz com animação. - A dama precisa de ajuda?
- Na verdade... - forço lágrimas nos olhos, percebendo que o anãozinho era, na verdade, simpático.
- Senhorita! Não chore aqui. Gostaria de entrar?
- Muito obrigado - digo ao passar pela porta.
- Diga-me, o que deixa a jovem moça tão perturbada?
Olho ao redor observando os uniformes.
Isso!
- Eu só... - início, pensando em uma boa desculpa. - Me sentia sozinha neste lugar enorme, gostaria de companhia.
- Claro que sim jovem, me diga, qual o seu nome?
- Meu nome? - paro por um momento para pensar. - Brue. Meu nome é Brue.
- Ah sim, que estranho. Nunca havia ouvido falar em alguma jovem nobre com este nome.
- Você teria alguma bebida? - pergunto tentando mudar de assunto.
- Claro! Um novo vinho recém chegado de Ca' Bessier foi entregue em minhas mãos hoje pela manhã - diz, se levantando e indo até um armario de onde tira uma garrafa e duas taças douradas.
- Aqui.
- Muito obrigado, esta vai ser uma longa conversa... - digo para mim mesma, sorrindo de lado.
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Claire De' la brue
FantasyE se algum dia você acordasse em um lugar escuro, sujo e com pouca ventilação? Uma torre. E se você descobrisse que está presa, condenada a morte. E se o seu único aliado fosse um homem que a todo momento carrega uma faca. Você não se lembra de nad...