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Depois de alguns minutos em silêncio, Mel, a aparente amiga de Teilles, que aparentemente nos ajudaria, resolve se pronunciar.

- Eu falei para você não voltar aqui! - fala, fazendo com que um semblante confuso se instalasse no meu rosto.

- Mel - para por um momento e olha nos olhos negros da garota - Não deixe que aquilo acabe com a nossa amizade. Eu te ajudei. Agora é hora de retribuir.

- Você me ajudou? - fala como se acabasse de escutar uma barbaridade. - Meus pais morreram Teilles. E você ainda diz que me ajudou?

- Você não pode me culpar para sempre Melanie. Eu não tinha como saber que os Beibots iriam atacar. Eu gostava muito dos seus pais, arrisquei a minha vida por eles. - termina de falar e a olha como se implorasse.

- Do que você precisa?

Vitória!

- De um lugar para nos escondermos.

- Se esconderem de quem? - pergunta o fuzilando com os olhos.

- Do rei. Fugimos do castelo. Éramos prisioneiros e ambos iríamos morrer.

- Eu não acredito Teilles, não acredito.

- Vai nos ajudar ou não? - pergunta Teilles, impaciente.

- Como se chama? - pergunta docemente se direcionando a minha direção.

- Eu? - minha voz falha. - Brue.

- Meu nome é Melanie, Brue. Irei leva-los até as terras do norte, as terras Amma. Mas quero que saiba que o caminho pode ser muito traiçoeiro.

- Antes morrer tentando do que presa e enforcada. - falo enquanto ela se levanta.

- Muito bem. Vocês precisam descansar. Amanhã, ao nascer do sol, partiremos.

Melanie caminha pelo corredor e Teilles vai atrás. Eles param em frente uma porta.

- Vocês ficarão neste quarto - diz e abre a porta. - Espero que aproveitem a estadia.

Então, estamos apenas eu, Teilles e a cama de casal a nossa frente.

- Não vai se deitar? - pergunta enquanto se joga em um dos lados da enorme cama.

- Eu não... - falo gaguejando, não escondendo meu nervosismo.

- Calma. Eu não vou abusar de você, se quisesse poderia ter feito na floresta.

- Claro que sim.

Me deito na cama, aproveitando o conforto do travesseiro.

- O que achou da Melanie? - pergunta quebrando o silêncio.

- Ela parece ser uma boa pessoa, mas não ficou muito feliz com a sua presença pelo que pareceu.

- Uma longa história. - fala se virando para mim.

- Então. Esses Beibots são mesmo perigosos, não é?

- Incrível que você não saiba oque é um Beibot - diz me olhando fixamente - Sim, eles são.

- E... O que eles são?

- Feiticeiros. Monstros. Da pior espécie. - fala entre dentes.

- Feiticeiros do tipo que mexem com magia? - sinto meu estômago embrulhar.

- Extamente. Olha, quando você se esforça até parece mais inteligente!

- Vou dormir.

As vezes no silêncio da noite... fico imaginando nós dois.

A música estava alta. Casais. Sempre casais. Por todos os lados.

- Mais uma dose, por favor. - peço ao barman que está atrás do balcão onde estive sentada pelas últimas duas horas.

Lamentando um término.

Mas é a vida, não é mesmo? A gente tem que se acostumar. Afinal, o ser humano gosta de achar que pode traçar o próprio destino.

Somos tão tolos.

E ele era um idiota.

Inegável.

- Oi - de repente, um homem se senta ao meu lado. - Está chorando? Precisa de ajuda?

- Você não vai conseguir nada comigo, já me cansei dessa raça nojenta que vocês, homens, são.

- Eu só queria ajudar.

E duas horas depois estávamos transando no elevador do apartamento onde estavam fotos, recordações de viajens.. tudo que me lembrava o meu grande e fracassado, antigo amor.

- Acorda! Anda! Acorde, vamos! - uma voz dizia enquanto me balançava.

- Hmmmm - abro os olhos lentamente. - O que foi?

- Temos que ir... Brue.

Teilles.

Estamos todos em silêncio, andando pela floresta, há pelo menos uma hora.

Longa e assustadora hora.

- Parem! - ordena Melanie, fazendo sinal de silêncio com o indicador em frente aos lábios.

Paro e começo a sentir calafrios imaginando oque poderia estar acontecendo.

Um barulho.

Teilles pega a faca que antes estava guardada.

Melanie começa a olhar para os lados.

Minhas mãos suam.

Outro barulho.

Está se aproximando.

E quando finalmente a "coisa" aparece fazendo com que Teilles estrasse em posição de ataque... Um coelho.

Apenas um coelho.

Inspira.

Expira.

Desta vez foi apenas um coelho.

Mas, e se fosse algo pior?

E se Teilles tivesse que usar a faca?

E se a faca não fosse suficiente?

E se todos morressem?

Todos voltam a andar, sabendo que cada respiração, pode ser a última.

Claire De' la brueOnde histórias criam vida. Descubra agora