Whit

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— A polícia está escarafunchando cada monte de lixo podre do país — a enfermeira-chefe disse, cínica — e me trazendo esses...vermes para eu ficar de olho.
E com essa introdução animadora, encontramos um novo fundo do poço. Naquele momento, eu estava bem preocupado com a Wisty , pois seus olhos estavam ficando assustadoramente vidrados.
A enfermeira-chefe girou em sua cadeira e se afastou para pegar uma pilha bem grossa de arquivos atrás dela. Ela usava um rabo de cavalo oleoso e pesado, que mais parecia uma alga marinha gigante ou uma enguia morta.
— Sim, senhora — o guarda respondeu. — É isso mesmo: vermes, mas talvez a senhora esteja sendo gentil demais, se quer saber.
— Pois não perguntei! — respondeu a enfermeira-chefe, de maneira ríspida. O guarda ficou com medo e fez uma imitação de bonequinho que balança a cabeça no painel do carro.
Então, ela se ergueu sobre os pés gigantes e soltou um grunhido cansado.
— Vocês sabem por que estão aqui e não em uma prisão para mariquinhas? — ela perguntou.
— Não, senhor — eu disse, limpando a garganta.
—Menino engraçadinho! —Os olhos dela se estreitaram até virarem riscos brilhantes. —Aqui é um lugar perigoso —ela disse. —Para criminosos perigosos. Mas coloquem uma coisa nessas cabecinhas: seus truques baratos não vão funcionar aqui, meus queridinhos!
“Será que ela acabou de nos chamar de ‘meus queridinhos’? Foi isso mesmo que ouvi?”, pensei. Talvez existisse mesmo um motivo para eu estar em um Hospital psiquiátrico.
— A Nova Ordem deixou esse lugar totalmente à prova de feitiços — ela disse toda animada, e então sua expressão mudou e ela começou a sussurrar para si mesma. — Mas não sei o que eles acham que vou fazer com mais lixo como vocês.
A enfermeira-chefe nos mostrou o caminho pelo corredor até uma porta grossa de madeira com uma janelinha de vidro protegida por uma grade. Ela a destrancou e os guardas nos empurraram lá para dentro sem o mínimo de consideração. Eles tiraram nossas correntes e jogaram nossos poucos pertences , uma baqueta e um livro em branco, no chão.
— Bem-vindos ao corredor da morte — ela disse e bateu a porta, nos trancando lá dentro.

              

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