Sara estava morando nos EUA, sua vida ia perfeitamente bem, com seus dois melhores amigos: Michelle e Nicolas. Mas uma carta a manda para o consulado e ela se vê numa enrascada: seu visto inspira em 40 dias. Ela teria que se casar para se manter no...
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-Viu só? A decolagem nem foi tão ruim Sara. Posso abrir a cortina agora? Ou você ainda tem um pouco de medo, senão a deixo fechada sem problema nenhum. - disse Michelle.
-Pode abrir, obrigada, me ajudou muito. Morro de medo da decolagem- eu disse desviando o olhar de Michelle para seus pés.
-Não tem problema, todos temos medo de algo, por exemplo, eu tenho medo de ser clonada e minha clone tentar me matar- ela parou o que estava dizendo e abriu a janela- ainda com medo?
-Só um pouco. Mas prefiro não me arriscar a olhar lá pra baixo. Mas pode deixar aberta mesmo, não tem problema.
-Que bom que está melhor, por que mesmo que você não quisesse, essa janela ia ficar aberta de qualquer jeito. Janela do meu lado, minhas regras.
Não consegui esconder uma risada. Eu tinha simplesmente adorado aquela mulher.
- Me conte mais sobre você. O que vai fazer em NY, em que trabalha, essas coisas. Digo, você vai estar sozinha ou com alguém?
-Meu amigo Nicolas me espera lá.
-Nicolas?- perguntou Michelle franzindo a sobrancelha.
-Nicolas e eu somos amigos desde crianças. Nós morávamos na mesma rua e vivíamos um na casa do outro. Fazíamos festas do pijama direto, mas sem maldade nenhuma. Andávamos de mãos dadas na rua e todos achavam que nós éramos um casal. Mas ele é o meu irmão de coração. Desde pequenos estamos planejando essa viagem, iríamos viajar juntos, no mesmo dia, tiramos nosso visto juntos quando tínhamos apenas quinze anos. Ele até tirou a dupla cidadania, já que o avô era americano. Mas eu não pude ir com ele por que acabei fazendo uma cirurgia de apendicite. Ele está lá já faz três meses, e eu estou morrendo de saudades dele. Mas ele não vai poder me buscar no aeroporto, ou seja, me ferrei. Não sei chegar à minha casa. Na minha própria casa!
-Às vezes posso te ajudar. Onde vai ficar? Conheço Nova Iorque como a palma da minha mão.
-Condomínio Mikonos. Conhece?- Michelle pulou da cadeira na hora, meu coração disparou e eu acabei gritando, o que fez mais uma vez o avião inteiro olhar para mim, e mais uma vez, eu fiquei vermelha igual a um pimentão. -O que houve?!- perguntei cochichando.
-Eu moro lá! Vamos ser iguais companheiras de quarto! Mas em casas diferentes, é claro. Vamos sair sempre, e comer juntas, e dormir uma na casa da outra, e você pode pintar meu cabelo! Meu Deus isso vai ser tão legal!
Confesso que fiquei meio assustada com ela, mas de um jeito bom. Foi uma mistura de ansiedade com nervosismo e medo. Não sabia se ela era alguma pessoa de más intenções, mas decidi que iria dar um pouco de confiança, pois não senti maldade nela. Sou sensível para essas coisas. Incrivelmente eu consigo perceber bondade ou maldade nas pessoas. Minha mãe costumava dizer que isso era um dom, e eu me orgulho disso. Eu apenas sorri para ela, e ela retribuiu com um sorriso cativante.
