Início de tudo (Capítulo 01)

116 14 4
                                    

         Eu poderia começar com um famoso "Era uma vez...", mas não estamos em um filme da Walt Disney Company onde princesas tem seus finais felizes e em nenhuma parte dos contos falam sobre acne, incesto e ficar em recuperação na prova de Física do Sr. Thiago (isso não é pessoal, eu juro). Se você está a ler esse mísero caderno que eu rotulo como diário, parabéns, somos todos perdedores. 

        Por onde começar? Bom, Me chamo Marvin Andrade (como se já não tivesse escrito no título da história) tenho 17 anos e moro na cidade de J. Norte. No entanto, estou de férias, mas logo mais começarão as aulas e tudo que nela acarreta como... brigas...

         Eu nunca saí aos murros com ninguém, mas eu sou um desses garotos que se preocupa demais com o próprio futuro e chega a ser impossível não ter discutido com algum professor por meio ponto numa prova onde tirei 9,5 (Sra Riso, não leve isso a sério) ou com algum outro aluno por ter sido eleito o líder de sala por voto de popularidade. Lembro de uma vez em que...


        Eu estava indo a um programa de história do Colégio, e eu era novato, tive que me apresentar e fazer toda aquela papagaiada. Mas quando comecei a falar, dois garotos (W and B ambos amigos do terceiro ano) deram risadas e como duas crianças que querem fofocar de uma outra, cochicharam no ouvido um do outro. Depois disso, eu senti como se toda a escola me olhasse de uma forma diferente, e até hoje eu não sei o motivo. Eu não me importei, me mantive forte, firme, faminto e curioso. 
         Não posso negar também da treta que gerou um boato que me envolvia e envolvia a garota loira mais burra da minha sala (T. G). Tipo, os garotos  haviam saído, na verdade "saído" cairia muito fofo, MATARAM AULA. Como a escola está em reforma, há um portão bem ao lado da sala em que estamos, daí ele fica aberto para os trabalhadores entrarem e saírem, uma deixa para os garotos matarem aula. Daí justo neste dia eles haviam matado aula com a loira, e no dia seguinte ela me contou:

" — Eu matei aula ontem com os meninos e eles queriam que eu usasse algo, mas eu recusei e eles estão com raiva de mim." 


        O que aconteceu a seguinte foi a pior coisa. Um dia depois eu contei a uma amiga, e alguém ouviu e saiu espalhando o seguinte boato:

 " os meninos estavam forçando/ entupindo a loira de drogas."

        Cheguei em casa tudo normal, até ver meu whatsapp com várias mensagens da loira dizendo que eu e ela estávamos ferrado, que quando L soubesse ele não iria gostar(vou usar essa letra por motivos de que esse diário pare em mãos erradas e eu me ferre). L já me ameaçou algumas vezes por eu ir constantemente na direção do colégio no primeiro ano por ele ser um "garoto super exemplar e eu sempre ficar inventando que ele fazia mil e uma coisas erradas na sala". Foi assim que um dos professores que no primeiro ano era nosso DT( diretor de turma) me contou, engraçado mesmo, é o fato dele ser tão exemplar a ponto de nem levar caderno ou ser conhecido como "aluno turista que vai uma vez na semana e quando vai...".

        Ele é desses peculiares que curte uma nicotina bem hard daquelas que não se vende em uma mercearia de esquina e que te faz ver gnomos. E por conhecer outros peculiares que vendem essas nicotinas, as pessoas tem medo dele, inclusive eu também. Mas voltando ao caso anterior, daí eu passei a noite conversando e tentando resolver esse monstro de boato e no final, a vadia jogou a culpa toda em meus ombros, literalmente me fudi. No dia anterior, eu fiquei sabendo que haviam levado até armas para nos massacrar, eu as vi e comprovei. 

        Diário, se um dia eu questionei a vida, nesse momento estou batendo minha cabeça na parede na tentativa que suja uma explicação de por qual motivo eu fui parar nesse colégio. É estranho, mas, você não vai acreditar. A loira também foi armada, e advinha com o que??? Um ralador de coco. Quando eu soube eu ri horrores! 

        No intervalo ainda desse dia, dois garotos me chamaram na porta sala, e disseram que queriam falar comigo, e me mandaram os seguir. Quando percebi que eles estavam indo para a área em reforma, onde não tinha ninguém.

— Eles vão me matar e me enterrar ainda hoje, vou virar estatística. — Pensei alto. 


        Cheguei na sala que eles me esperavam, estava lá, um tribunal. Isso, um tribunal, eu estava frente a frente com a loira, e eles queriam saber quem aumentou o boato.  A loira estava tão vermelha e trêmula que eu poderia sentir de longe. Havia lá até um menino do terceiro ano que eu nem sabia o motivo dele estar ali, estava completamente chapado sem saber onde estava e falando coisas sem sentido.

— Vamos lá, quero saber sua parte da história. — Um garoto falou.

— Galera paz e amor, o céu é azul e o Sol amarelo então qual o motivo de nós sermos tão legais — O chapadão berrou.

Todos olharam com uma cara de "Isso não faz sentido!"

— Olha só, quero ser bem objetivo, vou contar tudo conforme eu ouvi. — Quebrei o silêncio e falei calmamente.

Daí contei da mesma forma que contei acima.
        

        Logo começou uma enorme discussão, onde um acusava o outro e sei que isso foi longe e se não fosse o toque de intervalo que ecoou pela escola, aquilo teria durado a tarde toda. 

        Eu estou de férias e até com saudades das loucuras que acontece naquela escola, mas no próximo capítulo irei contar da vez que fui até a secretaria de educação e queimei toda a escola (é muito amor). Mas vou deixar para outro dia, hoje será apenas uma apresentação básica.
        Ser o garoto que se preocupa demais com o futuro tem seu lados positivos e negativos, os professores começam a odiar você de uma forma que você não consegue perceber. Digo isso por conta que uma vez a professora de matemática estava no quadro, explicando da forma que só ela consegue, da forma que só ela entende, e depois sorri para a turma e diz " Isso é tão fácil!" claro né, pra quem tem pós-graduação e mestrado, isso aí é pão com manteiga. Mas enfim, estava ela explicando:

— Gente isso é super fácil, esse x é o que no fim da questão será o valor do arco.
— Ela berrou.

— E quem é esse X? — um aluno perguntou.

— Um número imaginário! — A professora respondeu.

— Nossa, número imaginário... O que vamos estudar depois? Sereias e fadas? — Eu falei e ri sozinho.

Ela apenas me olhou por cima daquele óculos quadrado e fixou os olhos em mim.
        Nesse dia eu tive dó dela que teve que repetir o mesmo conteúdo umas dez vezes, a sala inteira não estava entendendo, e eu estava lá, com a cara de paisagem de sempre.
       Estudar no Colégio Xavier também tem seus lados bons e ruins, as pessoas acham que se rotulando estarão no topo da cadeia colegial. Bom, eu nunca sei explicar, na verdade no colegial você é rotulado de diversas formas, tem as garotas e garotos populares, tem os roqueiros, tem as garotas religiosas, tem os garotos que jogam no time da escola, tem os feios que se juntam e formam um clã, e tem eu. Não que isso me importe, mas são apenas rótulos de pessoas que pensam estar no topo da cadeia escolar, e o que eu penso sobre isso? Bom acho que ser você mesmo é o que irá importar, lembro da vez em que sem querer derramarei suco em mim mesmo no primeiro ano, todos riram como se o mundo fosse acabar, eu passei algumas semanas sem ir a escola, como me sentia? Humilhado.
        Mas enfim, se você é novo por aqui, puxe a cadeira porque muitas coisas vem pela frente,  isso aqui já encheu uma folha do caderno, e eu não quero gastar mais que uma, com amor Marvin Andrade.

O DIÁRIO DE MARVIN ANDRADEOnde histórias criam vida. Descubra agora