O sumiço do estojo - parte 2 (Capítulo 07)

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No meio da madrugada eu acordei com uma espécie de furacão katrina no estômago, com toda essa situação acabei dormindo sem comer nada.
Acendi a luz do quarto, olhei a hora no celular e não havia nenhuma mensagem, vida social 0 X 1000 vida de fracassado. Do nada me veio na mente uma coisa, eu não comprei a cartolina para o trabalho de história, PQP Marvin! Foi daí que tive a brilhante ideia de colar várias folhas de folhas de caderno para "simular" uma cartolina. Eu ando meio desleixado, mas faz sentido, ter que ser certo o tempo todo cansa. Quem nunca foi a algum lugar sem trocar a roupa de baixo e do nada começou a ficar soado e o cheiro de gato morto subiu? Essas coisas são que nem soltar um pum, algo natural. Falando em pum, eu lembrei de uma situação com o Pedro...

" - Marvin, você não vai acreditar, mas, meu pai me deu um Ps1, e eu e meu primo passamos o tempo todo depois do Colégio jogando Mário, eu falei pra ele que iria te chamar mas ele disse que não gostava de você desde o dia em que você derrubou o arco de bolas do aniversário dele. (LOGO MAIS CONTO ESSA OUTRA PERIPÉCIA MINHA, QUE ATÉ HOJE AINDA DOU RISADA SÓ DE LEMBRAR).

Confesso que ficar sabendo disso me deixou mega chateado, mas, não tive tanto tempo pra imaginar a cena, logo minha mãe me chamou e pediu pra eu ir na vendinha da esquina comprar açúcar.

Fui com o Pedro, e pedi que ele chamasse o primo dele. Tivemos que dá uma enorme volta no quarteirão só para não ir no mercadinho do "crime biscoitos".

- Moço, um pacote de açúcar - falei colocando o dinheiro nas mãos do dono do estabelecimento.

Ele foi lá pegar.

- Iuri, é verdade que você disse que eu não poderia jogar com vocês por você ainda me odiar por conta daquele dia no seu aniversário? - Eu perguntei bem sorrateiro.

- Foi! - Ele falou com uma cara de bravo.

(Eu confesso que esse guri era muito exibido. Sempre quando ele ia até a casa do Pedro ele ficava se vangloriando por estar fazendo aulas de karatê, por ter carrinhos novos, por ter um ominitrix do Ben 10 que vinha com a sandália, por ter muitos brinquedos. Eu ficava puto de inveja por eu só ter uns carrinhos de bois dos mais baratos, aqueles que o boi nem ficava de pé porque as pernas era de um plástico bem fino e e alguns de gesso que eu havia roubado do presépio de natal da minha vó e as rodas do carro nem giravam. Meus bonecos eram aqueles de guerra que nem moviam os braços nem as pernas.  Brinquedos de 1.99 $, eram as condições dos meus pais, não podia eu reclamar, se não nem isso eu ganhava mais. As vezes confesso que na falta de brinquedos eu pegava aqueles panfletos da Lojas Americanas ou daquelas revistas de roupas ou de lojas de automóveis e cortava com a tesoura e brincava como se fossem brinquedos, quem nunca? Ninguém).

Quando o homem me entregou o açúcar, eu senti um troço na barriga, tentei segurar o pum, mas não deu certo, pensei que era daqueles que não faziam barulho só que me enganei.

O homem olhou para nós três assustado.

- Iuri, tua mãe não te deu educação não?
- Eu falei cruzando os braços.

Ele ficou vermelho de vergonha e sem saber o que falar.

Saí de lá e deixei ele sozinho apreciando o fedor com o homem.

Pedro e eu já estávamos na esquina e do nada Iuri veio correndo e me deu um empurrão que eu esbarrei na parede. No calor do momento eu virei e acertei ele com a sacola do açúcar que estorou e foi açúcar pra todo lado.

O desespero que me veio depois em pensar que ia apanhar da minha mãe foi maior que a razão.
Iuri estava coberto de açúcar, e Pedro caiu na risada.

- O que você vai fazer? - Pedro perguntou entre risadas.

Eu voltei no mercadinho e pedi uma sacola, e quando o cara foi pegar eu arranquei a capa do caderno de contas dele e coloquei na parte da frente entre a cueca e a camisa. Ele me deu a sacola e eu voltei correndo ao local do caos. Juntei o açúcar com a capa do caderno e coloquei na sacola, era isso ou apanhar. O açúcar ficou todo misturado com areia e pedras.

O DIÁRIO DE MARVIN ANDRADEOnde histórias criam vida. Descubra agora