Por Que Eu?

Capítulo 6 - Tirando O Peso Das Costas

Primavera

15 Semanas

Às vezes, contar uma mentira parece ser a coisa certa. Pode até parecer que a verdade seja dolorosa demais para ser suportada. Mas no fim, a verdade sempre é o melhor caminho. E mesmo que opte por mentir, mesmo que não conte seus segredos a ninguém, um dia a verdade surge como um fantasma para te assombrar. E o mais importante, a mentira é uma porca gorda que pesa uma tonelada em suas costas.

Sakura sabia que estava destruindo sua mãe ao despejar a notícia em cima dela daquele jeito, porém se esperasse mais, logo ela descobriria da pior maneira possível.

Ela não queria encarar seus olhos, mas sabia, que tinha sido idiota o bastante para cometer aquele erro, e agora teria que ser mulher suficiente para assumi-lo.

– Sakura? – Sua mãe a olhou assustada.

Mebuki mal podia acreditar no que seus ouvidos acabaram de escutar. Estaria ela delirando? Talvez estivesse sonhando.

– ...

– Sakura?

Dois minutos pareciam uma eternidade, e Sakura tentava juntar forças para proferir a frase mais uma vez. Ela ainda não tinha dito em voz alta, e dizer aquilo para ela, era como assinar sua sentença de morte. Verbalizar seu estado, era como tornar tudo real.

– Eu vou ter um bebê. – Ás lágrimas desceram como cascatas pelos olhos verdes que agora tinham uma nova coloração, vermelho.

– O que disse? Acho que não ouvi direito – Esfregou os um pouco os olhos – Acabei de acordar. – Como se isso fosse mudar alguma coisa. Mebuki ainda tinha esperanças de estar vivendo um daqueles sonhos realísticos – Pode repetir, querida?

– Eu vou ter um bebê, mãe.

– É algum trabalho escolar? – Sua mãe a olhava com dúvida. Não podia ser verdade. Podia?

– Não. – Abaixou a cabeça entre os braços deitando na mesa.

– Eu não entendo, como assim vai ter um bebê? – A mãe se recusava a acreditar que sua filha tivesse sido tão tola depois de todas as advertências. Depois de tudo o que já tinham passado. Ela própria sabia o quão ruim era ter um filho naquela idade.

– Eu. Vou. Ter. Um. Bebê – falou pausadamente, sem olhar para a mãe. Seu rosto escondido entre os braços dificultava o som chegar aos ouvidos da mulher, mas mesmo assim ela compreendeu.

– É alguma brincadeira, querida? – Uma lágrima escorreu pelo rosto de Mebuki, que repetia um mantra em sua mente "não é verdade. Não é verdade. Não é verdade".

– Não – A voz chorosa parecia mais com a de uma criança emburrada.

– Olha para mim, Sakura – Suplicou – Você não vai ter um bebê! – Encarou os olhos verdes da filha – Vai?

– Mãe! – Ela olhou a mulher a sua frente visivelmente atordoada. Seu rosto demonstrava tristeza, mágoa e desapontamento – Estou grávida, mãe. Eu vou ter um bebê – passou a mão pela barriga.

Mebuki despencou na cadeira – não conseguia sustentar as próprias pernas – observando-a. Percebendo que não se tratava de uma brincadeira da filha, pressionou as têmporas, respirando fundo. Isso não podia estar acontecendo de novo.

– Como pode estar grávida? Acabou de completar quinze anos! – Tentando se manter calma, secou as lágrimas.

– Sexo? – Soltou um sorriso consternado, e em seguida voltou seu olhar para o chão.