Capítulo VI: Boneca Vendida

47 19 0
                                    

Dois soldados me conduzem para fora da sala, por uma porta que não é a que eu entrei aqui, a porta dá acesso à outra sala, nela vejo dois homens que claramente são empresários, um é magro e usa óculos, enquanto o outro é mais velho e gordo, ambos de terno.

- É essa mesmo que eu quero. - diz o gordo com um sotaque estranho, tenho nojo de olhar para ele.

- Certo Sr. Dollan, assim que a transação estiver terminada você estará livre para levá-la.

Não, não pode ser... O Price tem que me comprar não esse velho feio e gordo, ele vai arruinar tudo.
Penso em esquecer isso de ser vendida e ser eu mesma e começo a me sentir estúpida de ter perdido tanto tempo.

Novamente planos de fuga passam por minha mente e de todos o que é mais promissor a dar certo é deixar que ele compre-me, pois mesmo que ele tenha muitos guarda-costas será mais fácil eu fugir dele do que deste prédio que é protegido por militares.

Por um aparelho tecnológico que desconheço ele faz toda a transação.

- Foi bom voltar a fazer negócios com o senhor. - diz o homem de óculos depois de verificar o deposito. - Ela é sua.

Ele dá uma ordem com um gesto e uma jovem mulher se aproxima com uma mala, ela a abre e dentro tem um controle remoto com um único botão vermelho.

- Senhor Dollan, tenho que alertá-lo novamente, se ela sair de controle aperte o botão e ela será desativada, caso ainda esteja na garantia lhe daremos outra para substituí-la.

- Certo, só apertar, que isso irá fritar os miolos dela? - diz o velho com um sorriso sádico.

Meu coração salta quanto a desativar-me ou fritar meus miolos, pela cara de psicopata dele parece-me que apertaria o botão apenas para assistir eu fritando como um condenado na cadeira elétrica, isso diminui as minhas chances de fugir com sucesso.

Ele me conduz para fora da sala por outra porta e me vejo no interior de uma loja em um shopping como tantas outras que existem pelo mundo, mas no lugar de roupas, sapatos, bolsas e tudo mais que lojas de shopping vendem há crianças de várias idades, todas obviamente passaram pelo mesmo processo de lobotomia e se encontram em estado de retardamento degenerativo, fazendo com que seus sonhos e desejos morram junto do córtex frontal, região que coordena as vontades e atitudes deles. Algumas das crianças e adolescentes se vestem normalmente, outras usam um uniforme de segurança de uma seguradora e prestadora de serviços e outras de domesticas, é literalmente um comercio aberto de pessoas, como nunca existiu no mundo mesmo em períodos que era tão comum a escravidão.

Quando deixamos a loja vejo outras crianças dentro de vitrines com seus preços e acima da fachada da loja vejo o nome da responsável por tudo isso Layer, seguido de um letreiro de propaganda: "Pensa em sossego? Uma máquina perfeita para suas tarefas e seus prazeres? Um segurança eficaz? a Layer tem a solução.

Desejo muito correr dele para me ver livre novamente, mas tenho medo do controle que lhe deram, antes disso eu preciso pegá-lo custe o que custar e então nada mais me impedirá de fugir.

Saímos do shopping e pela primeira vez vejo como é realmente o mundo externo sem ser em meus sonhos, porém sou privada de ver o que mais desejava, o céu. O teto do carro impede que eu olhe para cima e os prédios à minha volta o horizonte.

Apenas vejo uma cidade muito desenvolvida que não se difere tanto do que eu me lembrei recentemente, mas há muitas coisas que nunca vi. Todos os prédios são enormes arranha-céus luminosos, há muitos carros nas ruas, todos esportivos ou de luxo, mas ainda sim muitas pessoas andam à pé nas calçadas e todas elas são elegantes e visivelmente ricas, mas sinto falta de coisas que estavam em minhas memórias e aqui não existem, em todo o percurso não vejo pobres ou mendigos pelas ruas, todas muito limpas e não há uma única vegetação, sem árvores nas calçadas, sem grama nos canteiros entre as pistas, ausência total de praças e parques, de modo que só existe o cinza do concreto.

Prisão De Pássaros Onde histórias criam vida. Descubra agora