Fascinio

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Capítulo 4

Ben parou o cavalo bruscamente. A seu lado, montado num puro sangue, ia seu braço direito, Demétrio Manson.

- Demétrio, quem é aquela moça? - perguntou, apontando com o chicote para a silhueta de uma jovem que cavalgava pelos atalhos a curtos passos.

Com os cabelos soltos e ereta. Simplesmente fascinante de se vê.

- Não a conheço - disse Demétrio - é linda, não?

- Muito. Tem classe.

A jovem montada no cavalo passou por eles. Nem sequer os olhou. Mas Ben contemplou-a e, de repente murmurou :

- Que um raio me parta se essa não for a filha de Aldo. Safira Saint.

Demétrio deu um salto na sela.

- Tem razão. Está muito mudada, mas é ela.

Safira se distanciava, levando frouxas as rédeas de seu cavalo.

- Pois trate de comunica-la que estas terras não lhe pertencem mais.

- Ben;  você está louco?

- Eu ordeno.

- Você não acha melhor deixar para uma outra oportunidade? Ela já sabe...

- Dúvido. Aldo é um pouco covarde. - Ben riu. - Então falou subitamente;
- Espere. Não a detenha, tive uma idéia melhor. Gostei demais dela. É a única coisa que falta para conseguir tudo aquilo que sempre desejei.

Demétrio agitou-se na sela e olhou para o patrão com uma expressão sombria.

- Vou resolver tudo, Demétrio - Acrescentou Ben com maior sangue frio. - Quantos anos tenho?  Ah, sim, vinte e seis. Há nove que venho lutando como demônio. Falta-me apenas rematar tudo o que consegui até hoje com um broche de ouro. Porque, afinal de contas, onde vou encontrar uma jovem assim?

- Ben...

- Guarde seus comentários, Demétrio. Quando eu lhe pedi conselhos, você da, certo? Por hora, fique calado.

A voz de Ben soou fria. Demétrio pensou muitas vezes em ir embora, pois já havia suportado o suficiente do amigo e patrão. Contudo, apesar da índole corrosiva dele, sua desumanidade, insensibilidade, acreditava que, no fundo, talvez, ainda lhe restasse alguma coisa boa, que seu lado bom ainda aparecesse. Estava um pouco cansado de esperar que isso acontecesse. Entretanto, o afeto, a consideração, a união de tantos anos...

- Vamos voltar a fazenda - disse Ben, interrompendo-lhe os pensamentos.
- Decidirei está noite o que fazer. Não gosto de pensar muito nas coisas. Não vale a pena. Ela é uma jovem linda. Ainda me lembro de como era afetada, altiva, de quando ia ao colégio, enquanto eu trabalhava na terra dia e noite... Aposto que nem sabe quem sou. Mas vai saber.

- Vingança, Ben?

- Vingança de que?  Já basta-lhe o pai.

- Mas, você...

- Demétrio, te perguntei alguma coisa?

- Não, não.

- Então, cale-se.

E, esporeando o cavalo, Ben pôs-se a galope.
Enquanto isso, Safira que havia saido um pouco para refletir, retornava para casa.

Ben e Demétrio comiam juntos, como sempre costumavam fazer.
Niely os servia calada e com respeito. Ben costumava comer abundantemente e gostava de fazer em silêncio. Sem mais aguentar, quando a criada saiu, ele disse a seu braço direito:

Sentimento De PosseOnde histórias criam vida. Descubra agora