CAPÍTULO 10

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Maria estava uma pilha de nervos quando tocou a porta da suíte do hotel de Estevão.

– Maria!!  – exclamou surpreso ao abrir a porta. Não a esperava.

Um sorriso forçado abriu-se nos lábios de Maria. Sem dúvida, ele  estava para levar o grande choque de sua vida. Seria um choque bem vindo? Ou será que a ideia de ter uma filha com uma mulher como ela lhe embrulharia o estômago?

Maria nunca tivera coragem de contar. Primeiro,  porque Estevão era casado com Fabiola; segundo, porque temera pela reação dele.

Não suportaria ver o desprezo no rosto de Estevão.
Agora, porém, sua filha estava viva e na casa dele. Era fácil provar a verdade. Diante do teste de DNA, ele não poderia negar a paternidade.

Maria rezava para que ele não exigisse o teste. Não por si própria mas por Estrella. Sentiu-se transbordante de carinho e emoção ao pensar na filha. Que adoravel era ela! Merecia tudo de bom na vida, o que incluía um pai que a amasse e a apoiasse naquele momento difícil.

– Pelo amor de Deus, Maria! – Estevão resmungou com impaciência – Vai entrar ou ficar aí  parada?

Sacudinho a cabeça mais para si própria do que para ele, Maria entrou, dirigiu-se à sala de estar da suíte, deixou a bolsa numa mesinha e foi até à janela admirar a vista com um olhar distante.

– Que tal servir-me um uísque? –ela propôs. – Aproveite e sirva um pra você também.

– Isso está com jeito de má notícia. Sem dúvida tem a ver com Estrella.

Maria tomou fôlego.

– Porque diz isso?

–É uma dedução lógica. Eu a deixei no seu escritório hoje, depois de uma fracassada tentativa de reconciliação com Greco. Ela deve ter encontrado em você ouvidos compreensivos ou algo que sempre lhe fez falta.

Maria concordou mentalmente que como mãe fizera muita falta à filha, porém não atreveu-se à falar em voz alta.

Estevão se aproximou com os copos , entregou o de Maria e levou o dele à boca.

– Então, qual o problema? Ela quer morar com você?

– Ainda não conversamos a respeito disso.

– Quer dizer que há possibilidade?

– Talvez.

– Eu não ficaria tranquilo sabendo que ela mora sob o mesmo teto que Carlos. Eu a aconselharei a não fazer isso. Lá em casa, ela estará mais segura comigo e a tia Carmem.

– Estou certa que Carlos não representará nenhum perigo para Estrella... depois que eu contar a ele o que vou contar agora para você.

Como dar uma notícia dessas? Não havia outro jeito senao simplesmente falar, mas sua língua parecia presa.

– Pelo amor de Deus, Maria! Fale! –  rosnou Estevão.

Maria respirou fundo. Bebeu de um só gole todo o uísque.

–  Estrella é minha filha!!

Maria sabia que nunca mais haveria de ver aquela expressão no rosto dele. Espanto era pouco. Ele estava chocado, perplexo, mudo.

– É a verdade – ela insistiu, tirando da bolsa o envelope. – Estrella deixou comigo esse relatório. Há algum tempo, Greco contratou um detetive, mas o patife disse à ela que sua mãe não havia sido encontrada. Só esta manhã é que ele revelou a verdade. Devia achar que uma traição desse tipo a faria concordar com o divórcio.

CORAÇAO DE FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora