21.Amargo Parte II

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Rapidamente os dois se trocaram para ir até a escola, Miguel seu uniforme e Aghi umas das roupas da infância de Miguel, desceram as escadas do prédio e no corredor do segundo andar encontraram Bob, o beagle da senhora do apartamento 202. O cachorro deitado ao lado da porta despertou com os passos e olhou fixamente para Miguel que descia na frente. Normalmente a atitude do animal para com ele era de indiferença, mas desta vez o cão rosnava e latia fazendo que Miguel parasse a alguns metros do cachorro que bloqueava a passagem.

— Que isso, Bob? Sou eu garoto, o Miguel.— Disse tentando erguer a mão para acarinhar o cão que em um salto quase abocanhou sua mão com raiva.— Pulguento vagabundo!

Aghi que estava atrás de Miguel posicionou-se ao seu lado para entender melhor a situação e viu o pequeno cachorro latir com força, característica de coragem nunca antes vista por tal animal, contra Miguel. Então Aghi tomou a frente e devagar aproximou-se de Bob que estava concentrado em latir para Miguel.

— Calma garoto, calma. — O cachorro se acalmou e permitiu o carinho do garoto, mas manteve o olhar determinado na direção de seu alvo.— Seu nome é Bob certo? Você é um bom garoto, Bob.

O cachorro virou a barriga para receber carinho e cada movimento da mão de Aghi ele movia a perna esquerda e balançava o pequeno rabo de felicidade.

— Cara, qual o problema desse cachorro? Ele nunca me avançou assim.

Aghi sacudiu os ombros para responder que não sabia o porquê da atitude do animal. Miguel suspirou fundo e fez um sinal com as mãos indicando que deveriam prosseguir e deixar o animal ali no corredor. Continuaram seu percurso até a portaria do prédio onde Miguel parou instantaneamente ao olhar pela porta de vidro. Sua namorada, Isabel, estava parada na porta do prédio. A garota de longos cabelos sedosos e olhos castanhos encarava a rua aguardando que Miguel saísse do prédio para ir a escola naquela manhã.

— Merda! — Disse Miguel sacando o celular do bolso. — Descarregado, como eu não vi isso?

— O que aconteceu? — Perguntou Aghi, esticando o pescoço para ver o celular desligado.

— Aquela garota bonita ali fora é minha namorada. Eu não falo com ela desde ontem, provavelmente ela me mandou umas quinhentas mensagens e meu celular estava sem bateria.

— E por que você não carregou? — As palavras simples de Aghi soaram como um raciocinio completamente errado para ele.

— Puxa! Boa pergunta, Sr. Holmes. Deixa eu ver se sei a resposta... Talvez por ter sido assassinado por um monstro em uma rua escura! Não sei, o que você acha, detetive? — Disse em um tom debochado até mesmo para a paciência de Aghi.

Hey! Não fala assim comigo! Eu só queria ajudar.

— Não ajudou muito não, filhão. Vamos fazer assim: eu explico alguma coisa e você não fala de Carniçais. Entendido?

— Entendido! — Aghi falou em tom de convicção.

Abriram a porta do prédio e o estalo da trava automática da porta chamou a atenção de Isabel que os encarou com um olhar de curiosidade e inquietação. A garota correu na direção deles e disse:

— Oi! Você está bem? Por que não respondeu minhas mensagens ontem?

— Bom dia, Bel. Me desculpa, ontem foi uma correria. Esse é meu primo do interior o nome dele é... Marcos, isso! Marcos. Ele vai morar comigo agora, sabe? Os pais querem que ele estude aqui. E eu precisava ajeitar as coisas dele lá em casa. Foi uma confusão.

Aghi assustou-se de imediato e encarou Miguel com um olhar sério. O garoto não era do tipo que contava mentiras. Talvez, vez ou outra, omitisse alguns pontos, como a história do Sr. Todorov, mas mentir deliberadamente como Miguel fizera era algo que sua personalidade não permitia.

Ômega - O Guardião Santo (Fantasia/Suspense/Sobrenatural)Onde histórias criam vida. Descubra agora