Jack Music Pub

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Comecei a descobrir o mundo um tanto nova, saía escondido da minha mãe, enrolava horas para chegar em casa, mas curti as poucas oportunidades que tive.

No último ano da primeira graduação decidi sair com algumas amigas, era uma festa Open Bar e eu já não estava querendo, desde que pisei no lugar, muita gente, muita fila, muitos cheiros, muito som. Decidimos permanecer, dancei uma música ou outra em um quadrado que achamos que ficou "confortável". Com o passar do tempo, muita gente e muito tédio para mim. Eu via por ali a confirmação necessária que as pessoas precisam ter para olharem para o outro e falar sobre a sua imensa felicidade. Admirável.

Mudou o DJ, começou uma música eletrônica e resolvi buscar uma água, estupidamente gelada. Cheguei mais perto do pequeno palco. Havia ali, pessoas dançando, empinando as suas bundas, tremendo com uma coordenação de causar inveja, pessoas suando e deixando os ritmos controlarem o seu corpo inteiro, depois de uma dança, eles se entreolharam e lascaram-se beijos quentes e de forma feroz. Mas, algo ali me chamou atenção. Uma moça, cabelo curto e escuro, pele em um tom "cor de jambo", as luzes a iluminavam, uma mistura em vermelho e azul e pigmentos em verde. Ela estava agarrada nas grades, com seus olhos escuros fechados, ela parecia ser tão triste e esforçava a alegria aparecer. Ela tentava jogar para fora de si mágoas e tristezas infindas. Tudo aquilo parecia artificial ao extremo. Eu estava tão perto dela e a sua tristeza me deixou ao ponto de lacrimejar, eu senti as suas angústias. Havia em sua dança a busca por preenchimento de vazios enraizados na sua cama, havia naquelas luzes uma partícula infernal em buscas à bendita luz no fim do túnel. Mas não há, a luz só aparece no final daquela festa quando todo mundo precisa ir embora. 

O vazio é algo que enche, mesmo com essa controvérsia. 

O vazio permanece. Vivemos todos em uma busca infinita para fugir da escuridão dos nossos pensamentos e de todas as nossas tristezas. Somos frágeis e falsos. Somos a correnteza do nosso próprio rio. Nossos pensamentos são as ondas que nos cercam e nos deixam cada fez mais no profundo. Nossas alegrias são nossos botes. Que nademos e achemos.

Eu Tentei Não Falar De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora