CAPÍTULO 2

1.4K 79 1
                                    

[]  Maria Fernandez []

Saí daquele lugar com o coração na mão. Eu, Maria, não sabia o que pensar ou fazer. Depois de vinte anos, voltei a me entregar a um homem, e não a um homem qualquer, mas a ele: Estevão! O homem que sempre amei e sigo amando.

Ainda posso sentir a pressão de seus lábios, de suas mãos em meu corpo. Uff! Foi maravilhoso!
Mal podia esperar para o dia seguinte. Sim, precisava ficar grávida para salvar minha pequena Estrella. A medula óssea do meu futuro bebê seria a salvação de minha filha. Embora tenha dito que esse era o motivo de que precisava ter sexo com ele, não podia negar que havia uma necessidade maior, um desejo imenso de senti-lo de novo, de tê-lo dentro de mim, de sentir que sou sua e ele meu.

Cheguei em casa, ainda agitada e subi para o quarto, livrei-me do casaco e só então me dei conta que estava nua por baixo; Estevão tinha ficado com minha lingerie.

As imagens da paixão desenfreada que compartimos naquele quarto pequeno, invadiu minha mente. Fechei os olhos, revivendo cada toque, cada beijo recebido. Mal podia acreditar que estive nos braços de meu único amor. Por isso tomei uma decisão, liguei para meu advogado que havia contratado a alguns meses para cuidar do caso de Estevão. Disse a ele que desse um jeito de tirar meu marido da cadeia ou contrataria outra pessoa mais eficiente.

Na verdade, sempre achei que Luciano não levava a sério o caso de Estevão. Estava interessado em mim, e ao saber que era casada com o seu cliente, tratou de inventar mil e uma evidências de que seria impossível livrar Estevão de sua pena. Talvez com o ultimato, Luciano se dedicasse mais ao caso. Pois tenho certeza que não queria ficar longe de mim.

Suspirei, um pouco mais aliviada, vesti uma camisola prateada. Não queria tomar banho para não eliminar a essência de Estevão de meu corpo.

Já deitada na cama, fiquei a pensar. Sempre acreditei na inocência de Estevão, porém aos 23 anos era jovem demais, sem experiência de vida e deixei-me influenciar por minha tia Alba.

Então, como ela sugeriu, pedi o divórcio ( embora ela não saiba que continuo casada com ele), e disse aos meus filhos que o pai deles tinha morrido num incêndio em Aruba quando ainda eram muitos pequenos, Heitor com 2 anos e Estrella prestes a completar 1 ano. Ela ainda queria que queimasse todas as lembranças de Estevão, mas me neguei. Tinha até um quadro dele na sala, apesar dos protestos de Alba. Meus filhos o adoravam, e eu sempre os consolava quando caíam no choro por não ter um pai vivo.

Nessas horas meu coração sangrava, tinha vontade de revelar-lhes a verdade mas o medo de não ser compreendida por eles, não deixava. Mas agora seria diferente, logo teria um filho do meu marido, diria a verdade aos meninos e faria de tudo para salvá-lo da prisão.

Pouco me importava o que Alba pensaria. Ao longo dos anos, nasceu em mim um ódio por ela, já nem a chamava de tia. Havia comprado um apartamento para que ela se mudasse de casa. E assim ela passou a viver longe da minha família, mas claro que sempre vinha nos visitar e dar seus palpites sobre nossa vida.

Bufei de raiva, ajeitei-me melhor na cama pronta para dormir; então lembrei que precisava dar um beijo de boa noite em Estrella.

Minha filhinha estava muito debilitada, tinha a pele clara que agora estavam amarela por conta da leucemia. Reagia bem ao tratamento mas precisava de um transplante, mas o médico disse que levava anos para se conseguir um doador já que ninguém da família era compatível. E quando ele disse que um filho meu poderia ser a salvação, não pensei duas vezes em procurar Estevão. Dentro de nove meses, minha filha estaria curada. Passei as mãos pelo meu ventre, suspirei. Se Estevão não tivesse derramado seu sêmen fora, tinha certeza que teria milhões de espermas numa corrida alucinante em busca de meu óvulo. Mas o cretino, acabou fora de mim. Tinha certeza que fez de propósito como forma de me castigar.

Mas no dia seguinte, seria diferente e ficaria grávida. Estava em meus dias férteis! Não havia como dar errado!

Entrei no quarto de Estrella. Estava dormindo como um anjo. Dei-lhe um beijo carinhoso no rosto. Tudo ficaria bem. Recuperaria minha filha, meu marido. Enfin, minha família! Lutaria por isso.

[] Estevão San Roman []
Deitado naquela cama de colchão duro que mais parecia uma pedra, olhava fixamente para o teto. Fazia um silêncio de morte. Parecia que não havia vida naquele lugar, meu companheiro de cela dormia e o único som que ouvia era o ronco daquele animal. Meti a mão no bolso, senti que tocava algo macio e percebi que era o conjunto de lingerie de Maria. Apertei o tecido contra o peito, tinha o cheiro dela que embriagava meus sentidos. Com Maria, o sexo era sempre explosivo e continuava igual. Como eu queria poder sair dali e reclamá-la como minha!!

Mas estava condenado à prisão perpétua por algo que não fiz. E para piorar, descobri que minha princezinha estava doente. E não podia fazer nada, a não ser engravidar Maria. Com certeza, a medula óssea da criança a ajudaria. E eu querendo castigar minha esposa, derramei meu precioso líquido fora, eliminando assim, a possibilidade de ajudá-la.
Que imbecil!
Queria puni-la por ter me abandonado e estraguei tudo.

Mas não sabia, até então, da enfermidade de Estrella. Tinha certeza que Maria planejava engravidar e me abandonar de novo. E se não fosse esse imprevisto, ela não teria dito nada. Fechei a mão com força e soquei o colchão fazendo barulho. O cara ao lado, fulminou-me com o olhar e eu pedi desculpas. O último que queria era mais complicações.

Tinha que saí dali. Mas como?? O advogado que a Defensoria Pública tinha designado há alguns meses, era um playboy metido. Odiava aquele cara, um tal de Luciano Cisneros.

Tinha certeza que só cumpria seus honorários, jamais tinha a intenção de me livrar daquele inferno. Odiava a Maria por não fazer nada por mim. A amava também, mas no momento a odiava. Tudo que estava acontecendo era culpa dela!!

Virei o rosto para a parede, fechei os olhos com força, rezando para que o sono viesse.

[]  Maria []
Acordei com uma sensação tão boa como há muito tempo não sentia. Estava mais disposta, renovada para enfrentar as batalhas do dia-a-dia. Sentia-me linda, desejada , sexy e mais jovem.

Foi o que Heitor me disse na mesa do café. Sorri como agradecimento, meu primogênito era todo um homem feito. Puxou ao pai, alto e bonito. Aos 22 anos, estava no último período de administração na faculdade e fazia estágio na empresa San Roman. Era meu braço direito, e como o pai, era um ótimo executivo. Sempre eficiente, com ideias inovadoras, queria ser igual a Estevão. E era.

Já minha Estrelinha curtia moda, não queria saber nada da empresa. Depositei um beijo em cada um e fui para o trabalho. Heitor iria mais tarde.

O dia foi agitado, mal podia esperar para que chegasse à noite. Queria estar nos braços de Estevão. Passei o dia com um calor insuportável, com a calcinha úmida pois cada vez que me lembrava da noite anterior, era impossível não me excitar.

Talvez Estevão não me amasse mais, não o culpava. Depois de tudo que fiz, ele me odiava mas sentia-se atraído por mim, disso tinha certeza. Havia entre nós uma paixão sem limite. Sempre fora assim, bastava nos tocar um só dedidinho que um fogaréu se incendiava e fazíamos amor onde quer que estivéssemos.

Soltei um longo suspiro com saudades desses tempos.

Finalmente, a noite chegou. Lá estava eu, toda linda e perfurmada. Novamente vesti o casaco grande, dessa vez sem nada por baixo. Queria levá-lo à loucura. Fazê-lo sucumbir aos meus pés. Já estava na pequena sala à sua espera. E então ele entrou, eu tremi na base e um jorro de líquido desceu do meu interior.

Apertei as pernas, mordi os lábios.

Essa noite faríamos um irmãozinho salvador para Estrella. Ah, sim! Faríamos!

Continua...

PAIXAO SEM LIMITESOnde histórias criam vida. Descubra agora