Memórias do Coração: amor infinito.

Sra. Bei Fong - parte 2

Lin

Linda, linda é pouco para descrevê-la naquele momento, aliás, linda é um adjetivo absurdamente singelo para ela naquele vestido azul claro, talvez deslumbrante seja mais adequado, mas ainda acho pouco, por que não a descreve como um todo, ela é muito mais que isso, o vestido a deixou deslumbrante, é claro, sua maquiagem, seu penteado, mas o que a torna ainda mais bela é o seu ser, tudo nela é belo e admirável, digno de ser contemplado... E eu? Eu estava lá, contemplando aquela beleza única, única e toda minha, e confesso que sinto muito orgulho de ser eu a ter o privilégio de ser alvo de todo seu amor e dedicação.

Ela caminhava até mim, passos lentos mas decididos, o sorriso aberto, o cabelo, os olhos... E pobre do meu coração, correndo uma maratona dentro do peito, minhas mãos suando dentro das luvas, as lágrimas querendo escapar, dos meus olhos e dos dela, e ela veio, e depois do que pareceu uma eternidade, tocamos as mãos e eu trouxe para mim, Kya depositou um beijo delicado na minha bochecha e limpou o batom do meu rosto suavemente, e apenas esses breves contatos me fizeram suspirar e arrancaram um sorriso bobo de mim.

“Você está uma delícia nesse uniforme...” ela cheirou minha bochecha e sussurrou disfarçadamente no meu ouvido. “Me deixou com um calor lá embaixo...” fechei os olhos e sorri negando com a cabeça, ela é incorrigível.

“Você também está lindíssima com esse vestido minha princesa...” dei um selinho nela e aproximei minha boca do seu ouvido “Mal posso esperar para tirá-lo de você...” entrei no jogo dela e recebi um olhar malicioso e mais um selinho.

Ficamos de frente para o juiz de paz e ele iniciou sua fala, com toda certeza era algo muito bonito, por que os convidados e nossos padrinhos de casamento sorriam e concordavam a todo instante com ele, mas sinceramente, nem sei direito o que ele estava dizendo, tudo que eu conseguia prestar atenção era em Kya, seus sorrisos, seus olhares, seu jeitinho emocionado...

“...Como sua esposa?” essa fala ecoou na minha cabeça, mas eu estava tão absorta em pensamentos, todos sobre ela, que nem percebi que era A pergunta. Olhei para Kya e ela arregalou um pouco os olhos e inclinou a cabeça como se dissesse “Diz alguma coisa!” como eu demorei a responder ela discretamente me deu um beliscão, e que beliscão dolorido!

“A...” eu quase gritei, quase “Sim!” minha ficha caiu finalmente, o juiz e nossos amigos tentavam, sem muito sucesso, segurar o riso, até o Kinzinho riu!

“E você, Kya, é de livre e espontânea vontade que aceita Lin Bei Fong como sua esposa?”

“Sim...” ela me olhou com um sorriso avassalador, e nós ficamos emocionadas.

“Vocês têm votos para dizer?” assentimos e ficamos de frente uma para a outra segurando nossas mãos. Acenei com a cabeça dando a entender que ela podia falar primeiro.

“Minha marrentinha, meu bebê... Amor da minha vida, eu nunca disse isso a ninguém, nem a você, por que eu sei que esse assunto é doloroso para você meu amor... Mas sabe qual foi a última coisa que eu pensei antes de ser atingida naquele dia no Templo? Eu nunca mais vou ver minha Lin...” ela se emocionou e eu já estava me desmanchando em lágrimas só de lembrar desse dia “Eu cheguei a pensar por uma fração de segundos que estava tudo acabado, mas ainda bem que eu estava enganada, e você ficou comigo, cuidou de mim, e aos poucos seu amor foi me trazendo de volta... Isso mesmo bebê, VOCÊ me trouxe de volta a vida, e eu não tenho palavras suficientes para agradecer por todo esse amor e dedicação, eu quero passar o resto da minha vida com você, te amar, cuidar de você, do nosso amor, do nosso filho, olhar para trás e ver que tudo que vivemos até hoje valeu muito a pena. Eu te amo, pra sempre, com todas as minhas forças.”

Ouvi os aplausos, mas as palavras dela ecoavam na minha cabeça, meu rosto era só lágrimas, relembrar o que aconteceu naquela época era realmente doloroso para mim, pensar que eu poderia nunca mais vê-la outra vez, isso ainda me assombra um pouco.