Sra. Bei Fong - parte 1

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Kya

"Kya dá pra ficar mais calma? Tá me deixando agoniada!" Korra reclamou me fazendo parar de andar de um lado para outro no porto.

"Essa balsa não tá atrasada não gente?" olhei tentando avistar algo no horizonte, mas não vi nada, ainda nem eram nove da manhã e eu já estava uma pilha de nervos.

"Não princesa, a balsa não está atrasada." Lin segurou minha mão e me puxou para ela, me abraçando por trás e descansando o queixo e meu ombro.

"Kya, a balsa não está atrasada, nós que chegamos cedo demais." Asami sorriu abraçando Korra do mesmo jeito carinhoso que Lin me abraçou.

"Mas já não era pra pelo menos ter aparecido um pedacinho dela?" olhei de novo "Não sei porque a gente não podia ir buscá-lo nós mesmas!" cruzei os braços já ficando mais impaciente e irritada.

"É o procedimento do orfanato, a diretora de lá nos falou um milhão de vezes isso." Lin falava calmamente, tentando me transmitir a tranquilidade que ela aparentava ter, mas no fundo eu sabia que ela estava tão nervosa quanto eu, afinal esse não era um dia qualquer, esse era o dia em que nossas vidas mudariam completamente e para sempre, o dia em que finalmente o Kin viria morar conosco, uma assistente social iria trazê-lo para nós, olhar a casa rapidamente mais uma vez e ir embora, nada de mais, nada de mais para ela, para Lin e eu era a confirmação de que a partir de agora nós tínhamos um filho, alguém a quem nós amaríamos e nos preocuparíamos pelo resto de nossas vidas, é claro que eu já tinha experiência com crianças, tendo ajudado a cuidar dos meus sobrinhos, mas um menininho só nosso era muito mais do que eu poderia sonhar.

"Olha, a balsa!" Asami nos alertou.

Olhei imediatamente para o horizonte e meu coração se apressou em algumas batidas descompassadas, Lin me apertou mais em seus braços e eu senti que ela estava do mesmo jeito que eu. Nosso filho chegaria em alguns minutos, e nesses poucos dias de convivência com ele nós já tínhamos nos apegado ao pequeno de uma forma, que seria extremamente difícil e doloroso se não pudéssemos ficar com ele. Ela se aproximava lentamente e a cada metro percorrido senti a minha respiração e a de Lin ficarem mais rápidas, Korra e Asami se olhavam, olhavam para a balsa, para nós e sorriam. Era muito bom tê-las nesse momento tão especial, a presença delas nos dava mais segurança, mais confiança, como é bom poder contar com os amigos numa hora assim, na verdade olhando hoje eu as considero muito mais que amigas, são como nossas irmãs mesmo. Nossa família também quis vir receber o Kinzinho no porto, mas a assistente social disse que essa integração com a família deve acontecer de forma gradual, para não pressionar nem assustar a criança, então nós decidimos pegá-lo no porto e ir apresentando os integrantes da nova família dele aos poucos. A balsa apitou anunciando que os passageiros já podiam descer, todos aprendizes do Templo do Ar, exceto duas figuras que caminhavam lado a lado, uma mulher baixinha e magrinha, pele muito alva, cabelos claros e olhos acinzentados, e sendo puxado pela mão ele, nosso pequeno Kin, parecia meio assustado, olhava de um lado para o outro com os olhinhos verdes brilhantes e atentos, procurando algo, e achou, quando nos viu deixou escapar um sorriso iluminado e correu até nós com os bracinhos abertos, ainda pude escutar algo como "Kinzinho não corra!" da assistente social, mas ele não deu ouvidos, estava feliz demais para pensar em qualquer outra coisa, assim como Lin e eu, que agachamos e esperamos o tão desejado abraço do menino a quem passaríamos a chamar de filho daqui em diante, e que nos nossos corações já era, a partir do dia em que o vi no Departamento.

Seu corpinho pequeno se chocou contra o meu e logo ele esticou o bracinho exigindo a presença de Lin no abraço, ficamos os três nesse carinho gostoso um bom tempo, minha noiva e eu nos entreolhamos por cima da cabeça dele, ambas emocionadas, o contato foi quebrado levemente apenas para que pudéssemos olhar o rostinho lindo e feliz do nosso pequeno. E ele ria, e como ria! Seus olhinhos apertados lembrando os de Lin quando sorri, as bochechas coradas, os dentinhos brancos, tudo nele exalava felicidade, e refletia em nós, nos contagiando com a sua alegria em nos ver, e fazia nossos sorrisos mal caberem em nossos rostos de tão largos.

Memórias do Coração: amor infinito.Onde histórias criam vida. Descubra agora