tentativa

578 18 1
                                    

Logo após Marcus sair notei que a porta não tinha sido trancada, pelo menos era o que parecia, já que não ouvi nenhum barulho.
Meu estômago se revirou de tanta ansiedade com tal possibilidade, mas eu sabia que era necessário manter a calma para o plano dar certo.
Confesso que pensei em como Marcus era burro e distraído, minha fuga claramente iria dar certo. Nesse momento imaginei eu voltando para minha casa, meus amigos, minha família, enfim a vida!
Fiquei aliviada por ter tratado Marcus bem, pois assim não levantaria nenhuma suspeita ou desconfiança.
Depois de alguns minutos fui conferir se a porta realmente tinha ficado aberta, e para minha sorte Marcus realmente a tinha esquecido de tranca-la.
Esperei um bom tempo até abri-la, cerca de umas duas horas, pelo que tentei calcular. Nesse momento não havia barulho algum e provavelmente eles não estavam em casa, já que, fiz questão de esperar ouvir o barulho de carro sendo ligado, para poder ter certeza que teria tempo de correr até que eles não pudessem me alcançar.
Foi então que abri a porta, não vi ninguém, só o clarão da luz solar, foi como se uma bomba de adrenalina e energia tivesse sido injetada em mim. A partir daí atravessei a sala e cheguei na porta de saída com a felicidade de quem vai para a linha final de uma corrida. Depois disso corri como nunca antes para fora daquele local, fui em direção ao mato instintivamente para não ser vista.
Estava tão focada que só conseguia ver as árvores e correr em direção delas. Quando acabo de entrar na vegetação densa sinto que venci, consegui sair daquele lugar horrível, com dois homens sádicos que não conhecia e que queriam me escravizar por toda a vida.
Meu fôlego é quase inexistente, então paro pra descansar atrás de uma árvore, a primeira escondida, pois tinha percorrido um trajeto de campo aberto.

- SOCOR...

Sinto uma mão prendendo minha
respiração, tento gritar e não consigo. Acho que foi o momento mais frustrante da minha vida, foram segundos da liberdade ao cativeiro novamente, na realidade nem entendi de imediato o que estava acontecendo. Como ele tinha me achado? Devia ter corrido mais, perdi minha oportunidade. Esses entre outros pensamentos passavam pela minha mente enquanto eu era arrastada em direção a casa.
Eu usei toda minha força para tentar me livrar daqueles braços, mas depois de ter corrido tanto minhas tentativas pareciam inúteis. A dor de não conseguir respirar me deixava tonta.
No meio do caminho Marcus me soltou e eu cai no chão, minhas pernas estavam raladas pela grama que encostou em mim enquanto corria, além disso, ele não fez questão de não me machucar quando me arrastou pelo terreno.
Fiquei aliviada quando ele parou de me levar em direção a casa e eu consegui respirar, mas essa sensação durou pouco.

- Sua vadia, você realmente acreditou que eu era tão distraído e inocente assim pra deixar a porta aberta? Aquilo foi um teste e você foi reprovada! Tenha certeza que você vai se arrepender todos os dias de ter feito isso, sua vida agora irá ser um inferno.

-Por favor, desculpa, eu posso explicar, para, por favor, não faz nada comigo, eu prometo que vou me comportar, não me machuca....

Enquanto eu falava isso Marcus me batia e chutava, eu estava encolhida e chorando de dor, com pavor de pensar tudo que ele faria comigo. O semblante dele era obscuro.
Como se não bastasse, depois de não aguentar me mover de tanta dor nua no gramado, e sendo espancada Lipe se aproxima. Uma das coisas que eu mais temia era os dois juntos, pois eles somavam suas crueldades.

-Por favor desculpa, eu não aguento mais.

- Marcus, o que esse animalzinho fez? Parece que ele ainda não se adaptou aos seus donos né? Mas não tem problema, vamos ensina - lá.

Lipe falou isso com um sorriso sarcástico no rosto olhando para mim e para Marcus.

-Mas pode ficar tranquila que não será hoje, até porque você já está péssima, não teria a menor graça. Você tinha que ver como esta horrível com esses ematomas. Levanta agora, não iremos te ajudar, na hora de sair você foi sozinha, então não precisa de auxílio.

Eu tentei me reerguer , mas todo o meu corpo doía, eu não queria desobedece - los naquele momento, porém não consegui ficar em pé. Marcus vendo a situação começou a me arrastar pelo cabelo, me obrigando a engatinhar.

- A mocinha agora está chorando? Não era tão valente na hora de sair de casa sem nossa permissão?

Eu não respondi, só soluçava quieta, queria que aquilo tudo acabasse, mas não tive forças e depois de alguns metros não consegui mais me locomover, mesmo com a dor que Marcus me proporcionava ao puxar meu cabelo.
Então Lipe ao perceber que eu realmente não conseguia mais me pegou no colo e me levou para o quarto.
Eu não resisti, estava cansada demais para isso. Chagando no quarto torci para ele não fazer nada comigo, mas ao invés disso, ele sentou do meu lado.

-Eu não vou te bater agora, sei que você está no seu limite, mas acho melhor você começar a respeitar a gente, para o seu próprio bem.

Eu acenei com a cabeça em sinal de confirmação e quase gratidão por ele não me punir pela minha atitude.
Então ele trancou a porta e eu dormi um sono profundo, estava exausta.

um novo larOnde histórias criam vida. Descubra agora