presa

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Lipe abriu a porta e a claridade do dia entrou pelo quarto cegando meus olhos, foi nesse momento que percebi o quanto tinha perdido a noção do tempo e entendi porque eu tinha tanta cede rs. No mesmo instante que olhei pra ele lembrei de suas últimas palavras antes de fechar a porta daquele quarto, dizendo que faria o que tivesse que fazer comigo depois.
Fui para o fundo do quarto na tentativa de ganhar tempo, na minha cabeça tinha certeza que ele iria me bater e era o que eu menos queria, ele não fechou a porta e deu alguns passos na minha direção.

- Desculpa pelo que fiz.
-Porque você me chamou? Sentiu saudades de mim?
- Que horas são? Estou com cede.

Ele não respondeu nada e saiu trancando a porta, fico com ódio da forma sarcástica que ele me trata. Feri todo meu orgulho chamando ele, juntei toda minha coragem, mas na hora que ele vem parece que exerce uma força sobre mim, seu simples olhar é capaz de me calar.
Passaram-se horas em meio aquele silêncio ensurdecedor e nem Lipe nem Marcus vieram, comecei a ficar desesperada, eu estava com muito frio e cede. Não sei quanto tempo eles me deixaram ali sem nada, mas já não tinha nenhuma luz no cômodo, então provavelmente eu estava mais de 24 horas ali desde que tentei fugir.
Comecei a chorar, pensamentos péssimos passavam pela minha cabeça depois de tanto tempo ali sem nada e ninguém, eles não seriam capazes de me deixar ali até eu não aguentar mais, ou talvez fossem.
Gritei por Lipe e Marcus, implorei pra que eles me respondessem. Eu só queria vê-los, saber que eles não tinham me deixado ali pra sempre, isso significaria minha morte.
Depois de horas os dois vieram, eu estava ao lado da porta sentada chorando e quando vi eles senti uma mistura de alívio com vergonha. Limpei minhas lágrimas enquanto Lipe se abaixava em minha direção.

- Se sente bem com a escolha que fez? Pois pra mim ela foi ótima, não teria paciência de te tratar minimamente bem, ainda mais uma pessoa burra igual a você, que merece ser castigada para aprender fazer as coisas do jeito que seus donos mandam. Além disso, foi bom, porque o bobo do meu irmão tinha pena de fazer qualquer coisa digamos mais sádica contigo, mas agora pode ter certeza que as coisas mudaram rs. Ele viu quem você é, nenhum pouco confiável.

Eu continuava sentada olhando para Lipe tentando assimilar tudo o que ele dizia em um tom calmo mas autoritário, de quem sabe o que está falando. Antes do irmão continuar falando Marcus o interrompeu e me puxou abruptamente pelo braço, eu não conseguia olhar pra ele e tentava buscar apoio em Lipe, mas ele ria de mim naquela situação.
Sei que os dois são parceiros nisso, mas por um momento tive a ilusão que Lipe impediria que Marcus me batesse, mas ele não o fez.
Marcus me jogou contra a parede me fazendo ficar tonta e mandou que eu o pedisse perdão, mas antes mesmo que eu pudesse pronunciar qualquer palavra ele me virou contra ele de maneira que seus braços passavam pelo meu pescoço me enforcando e me deixando sem ar.
-Sua vadia, você gosta de ser tratada assim é? Vamos lhe ensinar como deve se comportar e nos respeitar, sua vida depende inteiramente de nós, então sua função aqui é nos agradar de todas as formas e obedecer ao que mandamos, se quiser sobreviver é claro.
Entendi você ter tentado fugir, de certa forma foi até esperta. Eu também não iria querer viver pelo que te aguarda aqui. Uma pena que seja tão burra, como consequência disso vai ter que ser cuidada por nós, garantimos que vamos lhe dar o tratamento que você merece.

Eu estava completamente sem ar, quando ele me soltou eu praticamente cai no chão, mas ele me segurou um pouco para que o impacto não fosse tão grande.
Lipe saiu do quarto.
-Por favor Marcus, eu vou fazer o que vocês me pedirem, mas não me machuque, eu estou arrependida, tenho muito medo, vocês não precisam fazer isso comigo.

Falei tudo isso de cabeça baixa, não queria olhar para aqueles olhos cheios de raiva de mim. Ele não pareceu dar muita importância para o que eu disse. No lugar disso pediu pra eu colocar minha mãos pra trás. Eu obedeci e ele me algemou, perguntei o porquê daquilo mas aceitei a situação. Ele puxou o meu cabelo e disse baixinho que a próxima vez que eu lhe perguntasse algo sem sua permissão ele me faria calar a boca por um bom tempo. Eu não respondi nada.
Lipe voltou com um copo e água e perguntou se eu queria, estava confusa, não sabia se eu podia responder, olhei para Marcus que também olhava atentamente para mim e fiz um gesto com a cabeça que sim. Mas Lipe pediu que eu respondesse, eu fiquei quieta. Por fim, Marcus pegou o copo e colocou na minha boca para que eu bebesse, mas eu estava tão nervosa que mal conseguia engolir a água. Então Lipe me soltou e deixou eu fazer aquilo sozinha, os dois saíram do quarto e me trancaram.




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