❀ 003 | veronica

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VERONICA PORCHS.


Ora ora, quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? – foi assim que Gilinsky me cumprimentou na quarta feira, enquanto fumava um cigarro, sentado nas escadas que ficavam na entrada do colégio. – Bom dia, namorada.

Ah, não me enche o saco. – respondo, mau humorada, e me sento ao seu lado.

— Por que não veio ontem? – Jack pergunta, e lanço um olhar de esguelha para ele. Dou de ombros.

— Eu sei que você não consegue ficar um dia sequer longe de mim, mas não acho que isso seja da sua conta. – digo, debochada, e ele continua me encarando, impassível. – Não estava muito animada para encarar minha atual situação. – respondo, por fim.

— E qual é? – ele pergunta, e vira o rosto para mim. Faço uma careta, e me levanto.

— Você sabe muito bem qual é, não se faça de idiota. Agora vamos, temos que falar com as meninas.

— Correção: você precisa falar com as meninas. Eu não tenho nada a ver com isso. – ele sorri, e assopra fumaça em meu rosto, me fazendo quase devolver o café da manhã.

— Que seja. – reviro os olhos. – Melhor para mim que você não esteja interessado no pagamento. – digo, e começo a subir as escadas. Antes mesmo de conseguir atravessar a porta, Jack já estava me segurando pelo braço.

— Espera. – ele umidece os lábios. – Que pagamento?

— Você achou que ia ter que fazer isso de graça? Claro que não. Eu estou, hã, pagando pelos seu serviços. – faço aspas imaginárias com os dedos.

— Ah. – ele responde, e então entrelaça nossos dedos das mãos, e sorri. – Vamos, amor. Vamos logo falar com suas amigas.

Dou risada, e seguimos em direção até o segundo andar da escola, onde as salas ficam. Durante o pequeno percurso eu só conseguia pensar em como era estranho andar de mãos dadas com Jack, e que o fato de todo mundo olhar para nós quando passávamos era bizarro.

Não tinha nada de extraordinário nisso, tinha? Claro que não. Quer dizer, é claro que somos influentes na escola, só que, dã, isso não nos faz celebridades.

— Quando eu fiquei sabendo que você estava mesmo fazendo uma seleção para arrumar um namorado, achei estranho. Mas aí fiquei sabendo que sua mãe estava voltando para cidade, e tudo fez sentido. – Jack diz, e respira fundo. – Não é mais fácil você contar a verdade?

— Acredite em mim, não é. – engulo o bolo em minha garganta, e tento sorrir. – Eu não quero um namorado, Jack. E se ela souber que estou solteira, vai arrumar um jeito de mudar isso. É inadmissível. E imagina se eu começo a gostar de verdade da pessoa?

— O que tem de tão ruim nisso? – ele pergunta, confuso.

- O amor deixa as pessoas idiotas. – reviro os olhos, e antes que ele tenha chance de dizer mais alguma coisa, uma garota praticamente brota na nossa frente, nos assustando.

— Oi! Será que eu posso tirar uma foto de vocês? – ela pergunta, animada, e percebo que está exibindo um sorriso quase psicopata. – É para o jornal da escola.

Fico parada, encarando o rosto oval e pálido da garota, simplesmente travada.

Jornal da escola?

— Claro, Carrie. – Jack sorri, e me puxa mais para perto, descansando sua mão em minha cintura.

— Será que vocês podem olhar um para o outro? – a garota pede, e respiro fundo. – Ah, vocês são tão lindos!

Contenho a vontade de virar os olhos, e fico de frente para Gilinsky, que volta a pousar uma mão na minha cintura, e outra em meu queixo, enquanto repouso as minhas duas em seu peitoral. Olhamos um nos olhos do outro, e apesar de querer fugir do contato visual, não desvio o olhar.

— Sorriam! – Carrie praticamente grita, e abro meu melhor sorriso apaixonado. Sustento essa expressão durante alguns segundos, mais precisamente até ela que já tinha fotos suficientes. – Querem ver?

— Claro! – exclamo, fingindo estar extremamente animada.

Carrie nos mostra as fotos, e fico surpresa. Até parecíamos estar mesmo apaixonados de verdade. Acabo sorrindo involuntariamente, aliviada.

Por enquanto, nosso teatro parecia estar sendo – muito – convincente.

𝐬𝐢𝐱 𝐦𝐨𝐧𝐭𝐡𝐬 ❀ 𝐣. 𝐠𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora