❀ 011 | veronica

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VERONICA PORCHS.


Segundo meu professor de filosofia e um filósofo cujo nome eu não me recordo, o ser humano é condenado a ser livre, no entanto, por mais que ele tente jogar a culpa em alguém quando é colocado em uma situação em que escolhas difíceis precisam ser tomadas, é errado. Nós sempre temos escolha, e por mais que sejamos coagidos a tomar uma decisão difícil, há sempre outro caminho a seguir.

Suspirei.

Eu sempre fui o tipo de pessoa que, se possível, jogava a culpa até na astrologia, e era isso que eu estava fazendo agora: tentando justificar as burradas feitas nas últimas semanas usando uma explicação meia boca de um conteúdo de filosofia que eu tinha estudado há algum tempo.

Jack estava ao meu lado, e parecia incrivelmente tranquilo. Seu semblante transparecia uma paz invejável, e ele estava confortavelmente espalhado no banco do carro, o que me irritou imediatamente. Eu nunca tinha conhecido alguém tão espaçoso quanto Gilinsky em toda minha vida.

Estávamos mais ou menos meia hora atrasados, e o avião de Elizabeth já tinha pousado. Fiquei sabendo disso após as trinta e oito ligações perdidas e oitenta e cinco mensagens no whatsapp. Minha mãe além de ser uma pessoa extremamente exagerada, ainda era exigente e impaciente. As vezes eu me perguntava como os funcionários que trabalhavam com ela conseguiam aturá-la.

Um dia tendo que aguentar a presença dela já me deixava incrivelmente cansada e com vontade de dormir por uma eternidade. Mas apesar disso, eu ainda a amava, por incrível que pareça.

— Como estou? – a voz de Jack me desperta de meus pensamentos, e me viro para ele piscando os olhos, enquanto meu cérebro ainda assimila a pergunta.

— Bem, se quer realmente saber. Uma pessoa que vai conhecer sua sogra de mentira provavelmente estaria um pouco nervosa. – debocho, e ele revira os olhos.

— Eu estou falando sério, Porchs. Como eu estou? Você acha que sua mãe vai gostar de mim?

Reviro os olhos. Ele estava bonito, era impossível negar. Usava uma calça, camiseta e jaqueta pretas, e nos pés um vans maravilhoso. Mas o problema é que minha mãe preferia meninos que se vestiam como senhores de oitenta anos, então ela provavelmente odiaria Jack.

E isso fazia parte dos meus planos, claro. Se tudo desse certo, eu só teria que ser uma ótima atriz e fingir estar apaixonada por Gilinsky, o que não era difícil, levando em conta que minha liberdade é que estava em jogo.

— Você está ótimo, Jack. Tenho certeza que minha mãe vai amar você. – finalmente o respondo, e Gilinsky me olha desconfiado. – É sério, ela vai até querer te pedir em casamento ou algo assim. Você é um partidão.

— E você tá' parecendo minhas tias de sessenta e cinco anos falando. Pelo amor de Deus, quem ainda usa o termo “partidão” em pleno dois mil e dezoito? – ele praticamente grita, incrédulo, e dou risada.

Ser namorada de mentira de Jack nem era tão ruim assim. Quer dizer, ele era insuportável na maior parte do tempo, mas as vezes ele conseguia me fazer rir e foi até solícito demais no dia em que invadiu vestiário feminino. E claro, ele era muito bonito. Isso fazia bem para minha imagem pública na escola, de certa forma.

𝐬𝐢𝐱 𝐦𝐨𝐧𝐭𝐡𝐬 ❀ 𝐣. 𝐠𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora