VERONICA PORCHS.
- Chega por hoje, meninas. Não se esqueçam de repassar a coreografia em casa, e de virem na escola sábado para conversarem com a nutricionista e decidirem qual vai ser a nova dieta.
Suspirei, exausta, enquanto Meredith Lancaster, treinadora das líderes de torcida, deixava a quadra poliesportiva do colégio.
Quinta feira sempre fora sinônimo de felicidade para mim, tento em vista que tínhamos treino, e eu amava dançar. Mas aquele dia em especial estava completamente estranho, começando pelo fato de Gilinsky não tinha vindo me encher o saco ainda. Isso também poderia ser somado ao fato de eu não estar tão animada enquanto passávamos a nova coreografia para o próximo jogo do time da escola.
Tentando deixar de lado meu sexto sentido, segui até o vestiário feminino com as outras meninas da equipe, que falavam sobre o cartão de crédito do pai de uma delas. A história também envolvia uma amante, e apesar de não ter dito nada, a única coisa que se passava por mim cabeça eram trechos de Homewrecker, da Marina and the Diamonds.
Ao entrar no vestiário, me sentei em um dos bancos dispostos que haviam lá, peguei minha garrafa que tinha deixado anteriormente lá, e para minha sorte, a água ainda estava gelada; dei um longo gole no líquido incolor, e encostei a cabeça na parede, fechando os olhos em seguida. Meus batimentos cardíacos ainda estavam um pouco acelerados, e a dor nas minhas pernas era quase boa.
Fiz careta ao me dar conta de que o pensamento tinha soado meio masoquista, e me levantei, pegando minha mochila em meu armário. O vestiário já estava bem vazio, e as meninas que ainda estavam lá se encontravam todas em outras cabines tomando banho.
Me despi rapidamente, e entrei em uma das cabines, ligando o chuveiro em seguida. A água quente relaxou meus músculos tensos instantaneamente, e eu peguei uma quantidade generosa do meu sabonete líquido, massageando os ombros em seguida. Ensaboei os braços e corpo em seguida, e depois de me enxaguar, lavei o cabelo, massageando também o couro cabeludo.
Depois de vinte minutos, eu tinha acabado o banho mais longo que eu já tinha tomado alí. Desliguei o chuveiro, e me enrolei na toalha. Quando estava prestes a sair da cabine, ouvi o barulho de algo sendo derrubado, e em seguida uma voz masculina praguejou baixo.
Imediatamente senti meu coração gelar, e um nó pareceu se instalar em minha garganta, enquanto minhas mãos começaram a tremer. Me dei conta então de que estava sozinha, o que só fez a situação ficar pior.
Eu provavelmente seria estuprada. Uma hora isso ia acabar acontecendo, eu só não imaginei que vítima seria eu. Era arriscado demais tomar banho em uma escola onde os meninos pareciam uns tarados sexuais que só pensam em sexo, eu sempre soube.
Reprimindo o choro, peguei a primeira coisa que vi na minha frente: o meu vidro de shampoo. Se eu jogasse contra o agressor, talvez conseguisse pedir ajuda. Ou talvez eu pudesse usar as técnicas de autodefesa que tinha aprendido em um vídeo, e chamar a polícia depois.
A segunda opção me soava mais agradável, já que ninguém teria que me ver amedronta, humilhada, e só de toalha, mas decidi investir na primeira também.
Segurando a toalha com uma mão, e o vidro de shampoo com outra, empurrei a porta com o pé. Assim que saí da cabine, arremessei o vidro com toda força contra o cretino estuprador, que desviou do objeto com uma facilidade incrível.
Estava prestes a gritar quando a risada já conhecida de Gilinsky se fez presente. Um alívio descomunal se apossou de mim, e senti minhas pernas amolecerem.
- Wow, você já foi mais respectiva, Ronnie. - ele comenta, debochado, e sinto o alívio dar lugar a um novo sentimento: ódio.
- Que porra você acha que está fazendo? - berro, e vou para cima de Jack, distribuindo tapas e murros em seu peito. Ele continua rindo, e isso me deixa mais puta ainda. - Você quase me matou do coração! Eu achei que ia ser estuprada, porra!
- Ei, ei, ei, calma aí. - ele diz, e segura meus pulsos. - Não foi minha intenção te assustar, eu só quero conversar, sério.
- Conversar?! - brado, incrédula. - Sério? E você não poderia, tipo assim, esperar eu estar devidamente apresentável? Não sei se você sabe, mas provavelmente toda garota que está tomando banho sozinha em uma escola cheia de macho não espera ter o vestiário invadido para conversar.
Jack me solta, e se afasta de mim, para poder me observar melhor. Engulo em seco, totalmente desconfortável, e sinto minhas bochechas esquentarem. Merda. Eu estava quase nua. Abraço meu próprio corpo, com a intenção de me proteger, e ele ri.
- Acho que eu vou começar a vir te visitar aqui, sabe? A visão que eu estou tendo agora é bem boa, se é que me entende. - ele diz, e eu bufo, prestes a explodir de irritação.
Céus, eu provavelmente deveria ter atirado pedra na cruz. Era a única explicação plausível que eu encontrava por estar passando por tudo isso. Era isso, ou eu tinha sido, sei lá, Hitler na minha encarnação passada. Mas essa hipótese poderia ser descartada, já que eu acreditava que ele tinha se tornado um demônio possessor.
Passo por Jack, que me acompanha e se senta em um dos bancos. Abro meu armário e pego o moletom que eu tinha separado para vestir depois do treino. Gilinsky continua me observando, e eu aperto minhas têmporas, tentando diminuir a dor que tinha começado a se fazer presente em minha cabeça.
- O que você quer, Finnegan? - questiono, áspera. Ele parece confuso, e me pergunto se é possível isso tudo ser cinismo.
- Quê? - Jack devolve a pergunta, e eu bufo pelo que parece ser a milésima vez desde que ele invadiu o vestiário feminino.
- Não foi eu quem te chamou aqui para conversar. - respondo sarcástica, e ele pisca os olhos lentamente.
- Ah, claro! Eu me distrai. Pardon, madame. - Gilinsky graceja, e abre um sorriso galante.
Se ele soubesse que minha paciência para gracinhas está abaixo de zero, provavelmente falaria logo, considerando que a cada segundo passado me fazia ter vontade de quebrar aquela carinha em mil pedaços.
- O que eu devo usar? - ele pergunta, e dessa vez sou eu quem fica confusa. - Quer dizer, eu devo ir de terno buscar sua mãe com você no aeroporto? Ou devo usar minhas próprias roupa? Tenho certeza que eu ficaria lindo de fazendeiro com uma roupa toda country. Ah, ou quem sabe de hippie!
Respiro fundo, e encaro Jack. Nossos olhares se conectam, e tenho certeza de que ele percebe que estou puta da vida, levando em conta que seus ombros se encolhem, e o sorriso amarelo que brota em seus lábios.
Respirando fundo, começo a articular minha resposta, até ser atinginda por um ideia brilhante. Mas é claro!, meu subconsciente grita, e sinto uma alegria enorme começar a borbulhar dentro de mim. Eu sinceramente não sabia como não tinha pensado nisso ainda. Era simplesmente genial!
Sustento minha postura séria/puta/querendo matar alguém, e cruzo os braços.
- Eu quero que você seja você mesmo, Jack. Nada além de você. Você, você, e você. Não mude nada. Seja quem você é. - coloco a mão em seu ombro, e ele me encara confuso. - Agora que eu já respondi a sua pergunta, será que você pode me deixar sozinha? Não confio em você, e eu realmente preciso trocar de roupa.
- Ah, claro. - ele responde visivelmente desconcertado, e tenho que me segurar para não rir de felicidade. - Bom, era só isso mesmo. Tenha um bom resto de dia, mademoiselle. - ele faz uma referência pomposa, e lhe lanço um sorriso sarcástico antes de trancar a porta do vestiário, e finalmente soltar a risada que estava reprimindo.
O meu sexto sentido estava completamente errado. E se já tinha havido um dia em que as coisas tivessem dado tão certo, eu não me lembrava.
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oi, o que vocês acham de uma maratona? rs
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𝐬𝐢𝐱 𝐦𝐨𝐧𝐭𝐡𝐬 ❀ 𝐣. 𝐠𝐢𝐥𝐢𝐧𝐬𝐤𝐲
Fanfiction[hiatus] onde veronica e jack precisam fingir ser um casal durante seis meses. jack gilinsky fanfiction. copyrighted © 2017, magconudez. cover by @bwbepoetry.