Prólogo

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 —  ALEX! EU NÃO ACREDITO NO QUE VOCÊ FEZ!

 — Calma, precisa desse escândalo? Quer dizer, eu sei que acabei sujando as minhas roupas, que eu precisava estudar, e que o cara que eu saí já foi procurado pela polícia, e que... Ah, isso não tem nada de mais, eu não cometi nem um crime!

— Como vou saber? Porque ultimamente você só vem andando com marginalzinho, e frequentando lugares estranhos. Sem falar que nunca foi uma boa aluna, e sempre gostou de me enfrentar!

— Eu sempre te enfrentei, porque você nunca aceitou que as coisas fossem diferentes de como queria! O mesmo motivo pelo qual o papai quis a separação... Você nunca conseguiu entender que o mundo não gira ao seu redor e que a vida vai muito além das aparências. Eu ando com o Dean porque depois que a polícia começou a ficar no pé dele, todo mundo se afastou. Aliás, eu acho que é por isso que ainda aguentei tanto tempo as tuas maluquices: eu tinha pena de você; no fundo eu sabia que não havia ninguém do seu lado. Só que agora cansei de ser seu saco de pancada e de ser usada como depósito de suas frustrações... por isso, eu me sinto livre para fazer o que eu quiser, sem precisar te procurar para pedir permissão. Pois sei que sempre serei negada de fazer o que eu gosto, como forma de me botar para baixo junto de você, ou sei lá o quê!!

Era uma sexta-feira. Tudo ia calmo no apartamento duplex de Megan Margarita até que sua filha, Alex, a acordou, chegando em casa completamente suja de tinta, após um passeio que não havia sido informado à mãe. Normalmente, a menina deveria passar as manhãs de sexta fazendo os deveres de casa, para mais tarde ir à escola. Porém, ao invés do combinado, a garota resolveu sair com seu melhor amigo, Dean, para pintar o muro da ONG para menores infratores que ele frequentava. Desde pequena, ela sempre amou desenhar, e não soube recusar quando os diretores da instituição foram no seu colégio, e lhe convidaram para fazer o serviço. Porém, tinha noção de que a mãe, se soubesse, nunca iria deixar ela participar; por isso não quis falar nada. Desde que Megan se separou do marido, começou a descontar a frustração na filha, brigando e implicando com a menina por todo e qualquer motivo. Alex não aguentava mais isso e essa briga fez ela soltar tudo que não tinha falado desde o fatídico dia em que viu seu amado pai deixar a casa onde moravam.

As duas ficaram se encarando por um tempo em silêncio depois daquela explosão narrada anteriormente. Enquanto se observavam constatavam que não se pareciam nem um pouco. Alex era baixinha, morena, tinha olhos grandes e um espírito livre, igual ao pai. Já sua mãe, era alta, loira, de olhos pequenos, séria e fechada.

Na cabeça da adolescente, a tensão parecia aumentar a cada segundo. Ela havia se descontrolado e falado coisas que achava que não deveria, atingindo a mãe bem no que mais lhe feria: o divórcio. Além do medo da reação da mesma, uma espécie de culpa também foi atormentando a mente da morena.

Por fim, Megan falou de modo sombrio:

— Não aguenta mais minhas maluquices, não é, Alexandra? Pois bem, acho que isso resolve tudo.

A mulher foi até o seu quarto sem falar mais nenhuma palavra e fez um telefonema. Alex aguardou apreensiva na sala; não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, entretanto, sabia que não devia ser algo bom. Depois de uma longa espera e algumas mensagens trocadas com Dean pelo celular desabafando sobre o ocorrido e comentando toda a sua aflição, Megan voltou com umas malas:

— Já conversei com o Jerry e a Theresa, então acho que está tudo de pé!

— Como assi...

— Bem, seus tios ligaram outro dia falando que estavam precisando de dinheiro e tinham colocado o apartamento deles em Waverly Place para alugar. Era para se eu conhecesse alguém interessado no negócio, avisá-los. Como a escola Tribeca, uma das mais conceituadas do país, fica perto desse bairro, você vai morar lá.

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