eu e o meu problema

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Eu adorava as luzes coloridas que piscavam no ritmo da música que tocava e agrediam os olhos vez ou outra. Sob elas, corpos seminus dançavam colados uns aos outros, envolvidos em uma dança sensual coletiva. Era algo bonito de se ver, ainda mais quando a cena parecia acontecer em câmera lenta, envolta pela fumaça que a máquina perto do palco produzia. 

Ao meu lado, no sofá da boate em que estávamos, meu melhor amigo assistia a tudo aquilo com água na boca. Sem julgamentos, é claro, já que eu não estava diferente. 

O lugar era grande. Pelo que diziam as propagandas, sua capacidade máxima era de duas mil e poucas pessoas. É claro que havia dias em que a quantidade excedia o limite, mas só tornava a cena mais deliciosa de se apreciar.

— Em quem você está de olho? — perguntei para ele. Era óbvio que tinha a sua atenção voltada para uma única figura, a julgar pelo olhar atento. 

Ele umedeceu os lábios, erguendo a mão, cujo braço estava apoiado no encosto do sofá, e apontando para um dos cantos. 

— Aquele loiro lá. — Pude sentir que estava sorrindo, mesmo não olhando para o seu rosto. 

Segui a sua indicação e pude avistar um cara alto, sem camisa, aparentemente mais velho e gostoso. 

— Nem tente. — Crispei os lábios. — Acompanhado.

Do lado dele, uma mulher apenas de roupa íntima dançava e empinava a bunda na direção do seu quadril. 

O meu amigo pareceu murchar, desfazendo o sorriso malicioso e bebendo mais um gole do seu drink. 

— Eu tenho o dedo podre para macho, só pode — murmurou com a boca na taça. 

— Sempre teve, Hoseok — respondi. Observamos a movimentação quando a música trocou para outra mais animada, e abominei mentalmente o DJ por aquilo, que ocasionou em mais espaço entre cada indivíduo para que pudessem se movimentar mais. — Por que não tenta a sorte com uma das garotas essa noite? 

Ele suspirou. 

— Eu não estou no clima, Jimin. 

— Entendi. 

Ultimamente vivíamos em casas de shows e boates. Hoseok sempre estava em algum lugar legal, vivendo a famosa vida de farra, e sempre me chamando para ir consigo. Eu não aceitava, embora quisesse. Na época, me preocupava demais com o que o meu estômago fraco para bebidas podia ocasionar. Foi depois de terminar o meu relacionamento que eu joguei tudo para o alto, taquei o foda-se e passei a pular de festa em festa, uma por noite, para me divertir e curtir a minha vida de solteirão. Acho que, por um segundo, quis me trancar no meu apartamento, criar gatos e ser o cara que a filha da vizinha chama de tio, mas, convenhamos, se fosse para ser um fracassado solitário, que fosse um fracassado solitário que não estava na seca. Tem diferença, vejam bem. 

— Cara, ainda está cedo. Levanta daí, vai lá e faz alguma coisa — falei. — Qualquer coisa, só não fica aqui mofando. 

Hoseok fez uma careta, pensando sobre o que eu havia dito. Ele não era muito de ficar no banco de reserva, então que partisse logo para o ataque. 

— Quer saber? Eu vou... — se levantou, ajeitou a jaqueta jeans que usava e deu um sorriso enigmático — pegar outra bebida no bar. Os mais gostosos sempre se sentam lá para observar e planejar sua jogada.

E se foi, rebolando o quadril no ritmo da música, com os braços erguidos e exalando animação. Às vezes eu queria ser como o Hoseok, leve como uma pena, e eu não me refiro a massa corporal. Ele tinha uma áurea boa e luminosa, boa personalidade e não tentava ser algo que não era. Hoseok vivia de bem com a vida, e eu admirava isso nele. 

eu, meu ex e minha mãe × jk+jmOnde histórias criam vida. Descubra agora