Febre

323 47 26
                                    


O desespero de Changkyun era compreensível para Minhyuk, mas o platinado não conseguia entender o porquê do casal ter tomado uma atitude daquela sabendo das consequências.

Quando um alfa marca um ômega significa que suas vidas estão interligadas até o fim, os dois tem emoções conectadas e conseguem sentir como o outro está. A situação de pessoas que vivem assim é de dependência. Quando seu parceiro morre pode ser fatal também para si, causando sintomas persistentes, algumas vezes uma tristeza profunda e até mesmo suicídio nos casos mais extremos. É um laço muito maior que um casamento, pois casamentos ainda podem ser desfeitos, marcas não. A gravidade de uma marca é tão grande que alguns casais já unidos pelo matrimônio optam por não tê-la.

Com toda a situação em torno disso, era difícil para os adultos aceitarem que seus filhos fossem marcados ou marcassem alguém, já que era considerada uma imprudência quando os envolvidos eram tão jovens. E se eles não se se amassem de verdade? Os amores da adolescência são intensos, porém tão efêmeros.

A sociedade era dura, principalmente com os ômegas já marcados que queriam recomeçar a vida ao lado de uma outra pessoa. A verdade era que um ômega marcado dificilmente encontrava um par.

Changkyun e Jooheon acreditavam serem os amores de suas vidas, pelo que Minhyuk entendia do amigo explicando. Ambos tinham o desejo de se tornarem um só e Changkyun era o mais impaciente entre os dois, tanto que foi ele que convenceu Jooheon a marcá-lo, pois até o alfa tinha receio.

A cabeça de Minhyuk já doía com aquela história, pois Changkyun chegar em sua casa chorando era só o começo dela. O ômega maior já tinha noção de que os dois rapazes travariam brigas dentro de suas famílias e, de certa forma, não deixava de concordar que foi uma loucura, mas sabia muito bem o que adolescentes apaixonados são capazes de fazer. Ainda mais no caso de Changkyun, que mudou da água para o vinho desde que o relacionamento começou. De início, Minhyuk estranhou o quanto o amigo se tornou devoto ao namorado dele, achava até que poderia se tratar de uma relação abusiva, mas com o tempo percebeu que Jooheon também era assim. Os dois caíram perdidamente de amores um pelo outro em um período de tempo que ninguém viu passar, só estavam ali inseparáveis.

Changkyun estava inconsolável de uma forma que Minhyuk perdeu a noção de quanto tempo o menor chorou abraçado consigo com a cabeça apoiada em seu ombro. Quando o ômega cessou o choro, queixou-se bastante sobre sua cabeça estar doendo e Minhyuk desceu as escadas para buscar um copo d'água com remédio para o amigo. No caminho da volta trombou com sua mãe de tão imerso nas preocupações que estava.

- Minhyuk, essa água quase caiu na minha roupa! Está olhando por onde anda? – A mulher baixa de meia idade reclamou ao ajeitar o vestido arrumado com medo dele ter sido amassado com o choque dos corpos.

- Ah... Desculpe, mãe... – Falou acordando para a realidade e fitando a mulher a sua frente, notando que ela estava arrumada. – Você vai sair?

- Vou sim, não lembra que eu e seu pai fazemos aniversário de casados amanhã? – respondeu toda contente.

- Ah sim! – Minhyuk falou ao se lembrar e quase soltou um suspiro de alívio, era realmente uma ótima noite para ter privacidade dentro de casa, dados os acontecimentos.

A senhora Lee sentiu o celular vibrar, recebendo uma mensagem que pelo que Minhyuk deduziu era de seu pai.

- Seu pai chegou! Estou indo! – falou animada, pegando uma bolsa razoavelmente grande no sofá e se encaminhando para a porta. – Tem comida na geladeira, mas qualquer vocês podem pedir, ok? Beijos. – Lançou um beijo no ar a um Minhyuk que ficou estático.

As aparências enganamOnde histórias criam vida. Descubra agora