As aparências enganam

Erva cidreira não é mogno

Changkyun e Minhyuk saiam de suas salas depois do final da última aula, rumo à biblioteca. Minhyuk havia contado todo o ocorrido do dia anterior ao amigo, que ficou pensativo sobre o assunto.

- Eu sei que você não gosta que eu fale do Hyunwoo... Mas você não acha que deveria ter deixado ele se explicar?

- Explicar o que, Chang? – Minhyuk olhou para o amigo em um misto de confusão e descrença.

- Você não deixou que ele explicasse a situação que aconteceu entre ele e o Kihyun na festa... É estranho, Min – Changkyun olhava para frente, ainda pensativo, como se tivesse ligando alguns pontos.

- O que é estranho? – Minhyuk permaneceu com a expressão confusa.

- O Hyunwoo hyung não parece bem. Ele até tenta manter uma máscara, mas eu só vejo os olhares desapontados dele quando te olha. Eu sinto que ele sente por tudo que aconteceu e, principalmente, sente sua falta. Agora você me conta a história dessa tal briga que aconteceu e foi ele que te levou à enfermaria. Também entendo seus motivos para ficar chateado, você não costuma confiar nas pessoas facilmente e ele quebrou isso, mas você não acha que ele mereça uma chance? – Changkyun terminou toda sua fala e olhou para Minhyuk de modo interrogativo.

- Eu gostaria de desculpá-lo... Mas como, se não vou voltar a confiar nele? Como poderíamos voltar ao que era antes desse jeito? E mais, como se explica o fato dele estar se agarrando com outro? – Minhyuk disse de cabeça baixa.

Os dois pararam em frente à biblioteca e Changkyun ficou à frente do amigo, colocando uma mão sobre seu ombro.

- Não estou falando de namorar, ou coisa do gênero, falo de amizade, Min. Por que vocês não podem virar amigos? As pessoas erram, mas também merecem perdão. Pode não ter explicação, pode não voltar ao que era antes, mas tenho certeza que ele se arrependeu. Você poderia parar de ignorá-lo, tentar perdoá-lo, ao menos para ele ter alguma paz. – Changkyun olhava nos olhos de Minhyuk, que ficou pensativo com o que o amigo disse.

- É... Acho que eu deveria pensar sobre – Minhyuk concluiu com um suspiro.

- Pense sim, Min hyung. – Changkyun sorriu. – Eu te acompanhei até aqui, agora preciso ir. – Afastou-se de Minhyuk.

- Tudo bem, Chang. Obrigado. – Sorriu e acenou para o menor que já andava na direção da saída.

Minhyuk entrou na biblioteca e guardou sua mochila no local apropriado, já que iria para a área de livros procurar um para seu trabalho de literatura. Seguiu para as estantes de livros literários, olhando os títulos e folheando os que não conhecia para olhar se tinham sinopses e assim avaliar se se interessaria pelo enredo. De repente sentiu alguém tocando em seu ombro, aparentemente para chama-lo e virou-se na direção da pessoa, dando de cara com Hyunwoo. Seria mentira se dissesse que seu coração não disparou e que seu olfato não sentia falta do cheiro forte de mogno do moreno.

- Minhyuk... – Ele estava hesitante em falar e seus olhos ficavam passeando pelo local, pois não estava com coragem de encarar o ômega a sua frente. – Desculpe se te atrapalhei, mas depois de ontem, eu queria saber como estava.

- Ah... – Minhyuk conteve um sorriso largo. Depois de tudo que aconteceu, ainda se sentia lisonjeado com as ações espontâneas e gentis de Hyunwoo. – Eu estou bem sim, obrigado.

- Que bom. – O moreno sorriu de um jeito que Minhyuk adorava: fazendo seus pequenos olhos sumirem.

- O que faz aqui? – Minhyuk deixou que sua curiosidade tomasse conta, além do mais, ele sabia que o alfa não era o maior fã de bibliotecas. Lembrava bem disso quando o conheceu há um tempo atrás.