Capítulo 1

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Rebolar e gemer sempre!

Esse era lema da casa e pelo tempo que trabalhava ali Carol já sabia que apenas essas duas ações seriam suficientes para fazer valer o pagamento, então fazia seu trabalho no modo automático, não mostrando o quanto a incomodava aquelas mãos em seu corpo, ou os apertos doloridos em sua bunda, precisava interpretar um papel e o fazia como fora ensinada pela dona do bordel.

No entanto, para tudo tinha um limite, não admitia beijos na boca, também não permitia que lhe tocassem depois que a hora paga terminasse. Seu trabalho era fazer gozar, depois disso... Nada mais.

Mesmo odiando cada ação do passado que a fez chegar até o bordel Carol era a melhor dentre todas as meninas da Madame Mary, a melhor não porque gostasse disso. Na verdade odiava com todas as forças do seu coração, mas por enquanto nada podia fazer já que estava presa a essa vida.

E como era extremamente inteligente sabia que precisava de uma válvula de escape e para aguentar mais um pouco, então usava esse rancor nos homens que compravam uma hora com seu corpo, usava essa raiva no quadril os enganando, iludindo e os fazendo gemer de puro deleite.

Madame Mary estava ciente disso, sabia o quanto ela odiava entrar por aquela porta todos os dias para trabalhar, mas ela não se importava com o estado de espírito de suas meninas, já que o lucro era o que importava.

Carol achava ridículo esse nome de trabalhado da dona da casa mais famosa da cidade de New Orleans.

Apesar de o local ser famoso entre frequentadores, para a estranheza de muitos, esse bordel ficava na parte mais podre da cidade. Era uma verdadeira pocilga se vista por olhos não treinados, olhos inocentes dos pecados que perpetuavam os bairros esquecidos.

Uma pequena ruela escura e cheia de lixo era o caminho mais usado para se chegar ali, ainda assim, mesmo enfurnado em um beco escuro e não tendo nada mais do que uma placa pequena com luzes vermelhas piscando o nome da casa, era local frequentado por muitos homens, inclusive os mais poderosos da cidade.

No entanto tamanho sucesso justificava, afinal, o bordel da madame era o mais discreto da cidade. Tudo o que acontecia dentro da casa, ficava na casa. Nenhuma das garotas do prazer podia comentar fora do local de trabalho sobre seus clientes, e já que muitas delas mantinham segredo sobre sua profissão visto que a maioria tinha os ditos trabalhos sérios durante o dia e ainda outras eram universitárias lutando para pagar seus estudos, a segurança e discrição era garantida e realmente isso mantinha a casa sempre cheia.

Depois que esse cliente fosse embora Carol não estaria livre, o trabalho acontecia dentro e fora do quarto. Era basicamente um processo de produção, com várias etapas, começava com ela fingindo bebericar toda bebida cara que os marmanjos ofereciam e que ela aceitava sem pensar duas vezes, depois seria esperar um convite para o quarto e por fim o trabalho braçal, ou nesse caso corporal. O produto final, o ápice da produção era o cliente satisfeito e prometendo voltar. O pagamento finalizava o ciclo que cansava não só o corpo, mas a mente também. Era ruim ter que fingir o tempo todo. Fingir gozar, fingir beber. Fingir um sorriso quando queria chorar.

Mas o sorriso chamava cliente e a bebida era importante para aumentar sua comissão, e Carol nunca declinava de uma oferta, mesmo que estivesse farta do barulho, dos olhares avaliativos sobre seu corpo ou mesmo das cantadas dos bêbados que mal paravam em pé, ainda assim ela aceitava quando lhe ofereciam uma bebida, assim poderia juntar mais um pouco para poder finalmente deixar o estado de Louisiana para trás, largar essa vida que tanto odiava. Mas não agora, ainda não...

Sua dívida era grande e quando a encontrassem ela teria que ter todo o valor incluindo os juros, pois ela conhecia o esquema e a maneira como agiam, por conta disso, queria estar preparada para eventualidades, por sorte não faltava muito, teria que aguentar só mais um pouco.

O cliente saciado e sorridente abotoava a camisa e alisava algum amassado que pudesse denunciá-lo, Carol via aquelas roupas elegante que ele vestia como um disfarce de homem de respeito da cidade, pois era sempre assim. Dentro do quarto a máscara sempre caía. Ninguém podia imaginar que o político sério que vivia a discursar valores morais, ali, dentro do quarto era um depravado sem nenhum escrúpulo, mas todos são assim, todos usam máscaras e todos tiram quando se sentem confortáveis, e esse era apenas mais um daqueles que já se sentia em casa ao lado dela, era um dos seus clientes antigos.

Carol o analisou dos pés a cabeça depois que ele se vestiu. Não pôde negar que ele sabia esconder quem realmente era, também teve que admitir que o terno, apesar da barriguinha saliente, lhe caía bem. Realmente ele parecia um homem sem nenhuma mácula, um homem que não merecia nenhum dedo apontado no rosto.

Antes de sair ele sorriu com malícia para o corpo que acabara de possuir e deu mais um chupão no seio de Carol, que apesar de sorrir complacente, sentiu uma sensação estranha de estar sendo roubada, afinal a hora já tinha terminado.

Com um sorriso satisfeito ele deixou uma pequena soma em cima do criado mudo, piscou charmosamente para ela e se dirigiu a porta.

Carol não agradeceu em palavras, mandou um beijo no ar para o homem, mas não estava feliz, aquilo ainda era pouco pelo jeito frequentemente grosseiro dele na cama.

Assim que ele saiu Carol fechou a porta e deu um longo suspiro de agradecimento por ficar finalmente sozinha. Agora teria quinze minutos para se recompor, tomar um banho rápido, passar uma pomada inodora por baixo e voltar para o salão.

Continuou preparando suas coisas para seu banho sem se preocupar em notar a faxineira que entrou para trocar os lençóis e arrumar tudo. Ela também precisava faxinar... O próprio corpo da sujeira daquele homem...

Exatos quinze minutos depois o corpo estava refrescado por um rápido banho, somente para lavar o suor do cliente anterior. Ainda se sentia suja, sempre se sentia imunda mesmo que se esfregasse com força todas às vezes, ainda assim...

Teria uma noite incomum. Momentos antes de sair recebeu o aviso para esperar mais um pouco, pois o público de hoje era um tanto excêntrico.

Deitou e fechou os olhos, uma hora de sono talvez lhe fizesse bem, de todo modo, não tinha muito que fazer senão esperar.

***

Ai gente me digam o que acharam, sei que é muito cedo, mas gostaria muito de ver vários comentários aqui. Beijos viu.

Irmãos VoloshinOnde histórias criam vida. Descubra agora