Capítulo 8

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Carol tentou esticar o corpo, mas não conseguiu se mover.

O que diabos...?

Abriu os olhos e não conseguiu ver nada, estava imersa em escuridão, tinha as mãos amarradas, porém estava em uma cama confortável. Lembrou como perdeu os sentidos e sentiu o medo dominar suas estranhas, o homem careca...

— Ei! — Gritou. — Me tirem daqui! Não fiz nada para ofender vocês!

Não obteve nenhuma resposta, mas não estava só, sentia que estava sendo observada, alguém a perscrutava do escuro.

— Quem está ai? Me solta seu maldito, nunca mexi com vocês. O que querem de mim?

Não tinha ouvido sequer um passo, mas sentiu a mão gelada tocando sua pele, se encolheu ligeiramente e choramingou imaginado o pior.

Ao ver que as mãos mexiam na corda se acalmou, e quando sentiu os braços livres suspirou de puro alívio e esfregou os pulsos doloridos.

— Onde estou? — Perguntou novamente. Não obteria resposta, mas se recusava a ficar quieta esperando seu fim.

— Devia se calar um pouco, já é difícil poder ouvir até mesmo sussurros, gritos então... São dolorosos.

A voz não era parecida com a do careca, essa era mais grave, mais cadenciada, baixa e parecia perigosa.

Carol sussurrou receosa. — O que quer comigo?

— Na verdade eu queria matá-la e me livrar do risco, mas isso é impossível. Você só me será útil enquanto estiver viva.

— Você é um bruxo?

—Não.

— Da máfia?

Ouviu um esgar de desdém. — Não.

— Então... Por quê? — Carol não estava entendendo, o homem careca havia dito que ela precisava morrer e esse agora dizia que ela só servia viva, se não era bruxo, nem da máfia, que raios estava acontecendo?

Que merda de situação ela tinha se enfiado? Logo o receio antigo voltou, será que... Ele era sim da máfia, só queria brincar com ela.

— Como conseguiram me encontrar? Olha... eu tenho quase todo o dinheiro, está bem? Me deixa viva, prometo que não irei fugir. Eu cumpri a exigência de não sair da cidade e o prazo que me deram ainda não venceu, falta um pouco, deixe que ela viva... Não vou fugir da dívida, preciso de mais tempo... Por favor.

Carol ouviu uma risada baixa. — Então você tem a cabeça a prêmio por mais pessoas? Além dos bruxos e da máfia, quem mais?

Carol quase riu, então ele dizia a verdade, se antes achava que corria perigo, agora estava sendo perseguida por bruxos, traficantes de Louisiana e ainda... O estranho.

De repente ao se dar conta de sua verdadeira situação, Carol começou a gargalhar de puro desespero. Não podia estar acontecendo com ela, não quando a dívida nem era sua, e muito menos porque nunca tinha desrespeitado os bruxos, e agora a dúvida era... Se aquele homem não fazia parte do grupo de traficantes, não era bruxo então o que diabos ele queria com ela.

— Está rindo porque mulher? Sua vida miserável corre risco e você acha graça?

Carol continuou rindo e logo sua risada virou lamentos, não demorou nada estava soluçando, já não queria mais lutar por nada, se encolheu se entregando completamente a apatia.

Não tinha mais jeito, presa ali não poderia trabalhar e assim não conseguiria juntar o dinheiro, os bruxos tinham se encarnado com ela, inclusive quase havia perdido a vida e nem sabia como tinha escapado, na verdade não queria mais se preocupar com sua vida miserável, tanto fazia quem chegasse primeiro para tirá-la.

— Não vai me responder? Qual a graça?

Carol virou de lado e puxou o edredom. — Não me importo mais com nada. Deixe-me em paz, me mate, tanto faz para mim. Minha vida é uma bela merda, porque eu ia querer continuar lutando por ela? Já estou em suas mãos não estou? De todo modo se me mandar embora os bruxos me matam, se não for eles serão os traficantes, então... Não me importa mais, faça o que quiser.

Do nada as luzes todas as luzes foram acesas e Carol apertou os olhos para o clarão repentino. Quando os abriu, encontrou o rosto do homem pertinho do seu, os olhos castanhos claríssimos fixos nela como se a analisasse minuciosamente.

Ameaçou tomar distância na cama, mas mãos de ferro seguraram sua nuca e a mantiveram ali enquanto os olhos ainda a analisava cuidadosamente.

Estava tão perto que era difícil a ela analisar de volta, sequer podia ver como era o rosto direito, tudo o que fez foi ficar hipnotizada naquele olhar duro que parecia não entender porque ela merecia viver, nem ela entendia na verdade.

Logo ele soltou um som de escárnio e se distanciou e então Carol pôde ver o homem a sua frente, e o pior não era a beleza exótica dele, mas o reconhecimento que lhe assomou.

— Você é aquele que estava no bordel da madame. — Ela basicamente sussurrou ainda mais assustada agora.

O homem assentiu com o olhar frio. — Sim, me chamo Dominic.

— O que quer de mim?

— Já disse, não quero nada, só preciso que fique viva.

Carol balançou a cabeça sem entender. — Por que se importa comigo?

Ele riu de lado. — Você e sua vida miserável não significam nada para mim, seu único azar foi ser tocada pela dona daquele pardieiro, agora ela morreu e os bruxos querem você morta para trazê-la de volta a vida, e se isso acontecer perderei minha liberdade, por isso, somente por isso, não permitirei que a matem, preciso que fique viva.

Carol não teve ânimo nem para se ofender com a grosseria, lembrou a frase do careca quando invadiu seu apartamento. Lembrou-se da madame segurando seu braço quando ela disse que ia embora, então contra tudo o que imaginou, sorriu.

Já conhecia sobre o poder dos bruxos, afinal essa não era sua primeira experiência com um deles para não acreditar nas palavras do estranho.

— Então minha vida é o custo da sua liberdade? Tipo... A madame tinha algum vínculo com os bruxos e por isso, se eles me pegam você se ferra?

Dominic fechou os olhos parecendo irritado, pegou uma cadeira e arrastou até a cabeceira da cama e então sentou ficando novamente muito perto dela.

— Apesar dos termos chulos que usou, é exatamente isso.

— Você está me zoando não é? Isso é algum teste?

Não era fácil para Carol acreditar naquilo, não sobre os bruxos, mas ser importante para a liberdade desse belo homem de alguma forma. Dominic negou com a cabeça a olhando fixamente, então Carol acreditou.

Muitas coisas passaram por sua cabeça, ela tinha ainda três meses para juntar o dinheiro que faltava, entretanto não poderia fazer isso presa ali, aquele homem estranho não parecia estar brincando, na verdade o rosto sério e enigmático dava a ela a impressão que ele não costumava fazer muita piada.

Então... Duas coisas eram urgentes, confirmar se o que ele dizia era verdade e depois disso arrumar uma maneira de fugir dali.

Maira ainda não tinha sido tocada, aquele porco deu sua palavra que não a maltrataria, não até findar o prazo. Por isso ela tinha algum tempo para arrumar um meio de fugir. Por fim assentiu para Dominic sem dizer palavra, ainda precisava pensar e fazer planos.

Dominic assentiu de volta e saiu sem dizer nada, Carol ficou desanimada ao ouvir a porta sendo trancada, estava presa no quarto.

Então... Fugir não poderia, mas se todos a queriam morta, e aquele homem dizia o contrário, quem sabe fosse mesmo verdade... Só fazendo o teste para comprovar.

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Beijooo, agora preciso trabalhar, mas ó como sou boazinha, já postei logo nos dois :P

Irmãos VoloshinOnde histórias criam vida. Descubra agora