Dominic coçou o queixo olhando para a madeira da porta, não entendia o comportamento daquela moça estranha, ela estava metida em algumas merdas e não pareceu ficar muito assustada com ele, talvez os riscos que ela corria lá fora fossem maiores do que ficar prisioneira de um estranho.Ou... Ele pendeu a cabeça de lado ainda focado na madeira, ainda tentando a todo custo entender aquelas reações... Talvez ela soubesse esconder o medo muito bem. Por fim cansou de levantar hipóteses, a mulher era esquisita era verdade, porém estava viva e era isso o que importava.
— Pretende mantê-la presa aí até que ela morra de velhice, Dom?
Remi o encarava com os olhos verdes curiosos e Dominic levantou os ombros sem partilhar daquela preocupação.
— E porque não? Só basta que ela esteja viva, de resto não me importa que fique ai, além do mais, se ela ficar presa por cinco anos, o tempo dos bruxos para trazer a Laveau de volta expira. Aí então... ela não me terá mais nenhuma utilidade.
Remi soltou um muxoxo — Aí então... Você vai matá-la?
— Sim, agora ela só está viva porque me serve de alguma coisa, quando não me valer mais...
Remi balançou a cabeça visivelmente contrariado e Dominic o encarou, confuso.
— Porque me olha assim? Vai querer ela pra você depois de cinco anos?
Ele balançou a cabeça. — Para você a vida pode não ter importância Dom, mas eu acho que um pouco de misericórdia não faria mal a você. Antes eu entendia sua crueldade já que qualquer demonstração de fraqueza sua ou de Dorian poderia colocar um ou outro em risco, mas agora você está livre, não tem porque viver na defensiva. Devia tentar viver mais e não apenas sobreviver, como antes, ser um dos últimos Voloshin deve valer mais do que isso, não acha? Chefe.
Dominic cruzou os braços e olhou sério para Remi que por mais que tivesse virado vampiro há muito tempo, ainda mantinha esses pensamentos tolos sobre o valor a vida humana, tanto que ele nunca matava quando se alimentava, e sempre, para irritação de Dominic ele pedia desculpas ao humano, mesmo garantindo que as lembranças fossem apagadas.
— Terminou o discurso?
Remi balançou a cabeça. — Eu sou seu amigo e não o considero por você ter esse cabelo de modelo de capa de revista, você tem mais a oferecer, não adianta ter se libertado do entrelaçamento de almas e se manter cativo em seus próprios receios defensivos. Precisa viver Dom e precisa aprender como se faz para que sua vida não seja vazia, aliás, mais vazia do que já é.
Dominic se perguntou mais uma vez porque um dia decidiu manter Remi ao seu lado. Todas as vezes que recebia um sermão assim ele se arrependia de seu ato.
Remi o conhecia bem e riu sem nenhum receio.
— Não adianta, você me mantém a seu lado porque eu sou a consciência que você não tem. Mas que precisa desesperadamente para não se afundar na escuridão.
Dominic não respondeu, subiu as escadas em passos decididos. Não ia entrar nessa conversa com Remi, não queria continuar essa conversa sobre consciência, na verdade nem queria saber se a mulher ruiva estava feliz, bastava saber que estava viva.
Lá fora o dia começava a querer dar o ar da graça, Dominic pegou o celular e discou. Não demorou muito e ele ouviu a voz do irmão.
— Dom está tudo bem?
— Tudo bem Dorian, como estão às coisas por ai?
Ouviu a risada fria do irmão. — Não acredito que mudaria muita coisa com apenas algumas horas de liderança. Mas como consigo interpretar suas reais preocupações, vou responder sua real pergunta. Não... não me aconteceu nada até agora, pode ficar descansado.
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Irmãos Voloshin
VampireQuando o temido vampiro Dominic aceita participar de uma reunião de clãs em um bordel famoso de New Orleans, ele não tem intenção de representar o seu clã Voloshin. Dorian e Dominic são gêmeos siameses, suas almas são grudadas, mas não por muito tem...