Muitas dúvidas e uma grande curiosidade sobre a ruiva. Era isso o que sentia no momento.
Deitado de costas no quarto fúnebre minúsculo, ele se deixava embalar pelo sono que revigoraria não só seu corpo como também sua mente, quem sabe se entregando ao descanso poderia pensar com mais calma sobre ela...
Olhos castanhos quase verdes e um corpo magro... Ela não tinha nada de surpreendente, não visualmente e ainda assim causava nele grande curiosidade. Por quê?
Dom não tinha ideia, talvez fosse o olhar indiferente dela, ou tinha sido a mentira que ela contou prejudicando a si mesma para proteger alguém? Era claro que ela estava mentindo, e por mais grave que pudesse ser sua situação com a máfia, ainda assim ela não hesitou.
Dominic franziu o nariz, não gostava dessa curiosidade, quando acordasse ia dar um jeito de resolver isso, essa mulher escondia algo e estava relacionado a sua imunidade aos vampiros e Dom sabia que tinha algo a ver com a sua irmã.
Ela havia dito que isso, que por causa da irmã não era sugestionável aos encantos dos vampiros. Então não era somente ela que era valiosa, sua irmã podia ser ainda mais valiosa que ela. Pois se os bruxos soubessem de sua existência, o interesse nela seria maior, para usá-la de outras formas e sabendo como os bruxos poderiam ser sádicos, cair nas mãos deles poderia ser ainda pior do que ficar com a máfia.
E se os vampiros soubessem também iam querer a garota para usá-la de alguma forma.
Mas para saber mais sobre isso ele precisava que Carol falasse mais, e que falasse a verdade, sem mentiras dissimuladas. De todo modo ele ia descobrir. Antes de deitar tinha ligado para Dorian e lhe contado sobre ela. Com certeza ele já devia ter dado ordens para investigarem. Então tanto fazia se a ruiva quisesse manter para si seu segredo, ele não seria manipulado em sua própria casa.
Ela só estava viva ainda porque ele precisava dela, no entanto ele não precisava que ela confiasse nele, bastava continuar quieta e sem tentar tirar a própria vida como tinha feito, então se ele conseguisse descobrir o paradeiro da irmã dela, ele teria Carol na palma de sua mão.
Por fim adormeceu, nem sabia o quanto estava cansado.
*****
Capítulo 12
Ela esperou Dominic aparecer quando o sol começou a se por, previa que ele a encheria de perguntas, mas estava determinada a não responder com a verdade. Não podia confiar em ninguém. Já bastava ela estar nessa enrascada, não podia permitir que a irmã ficasse pior do que estava. Maira devia estar sofrendo na mão da máfia, mas com certeza sofreria pior nas mãos dos vampiros, sem contar os bruxos, com esses era certo que ela morreria sem ter nenhuma chance.
Carol precisava arrumar um meio de fugir. De arrumar o resto que faltava para recuperar Maira.
Já sabia onde ela estava, e o que ela estava passando, porém não era ruim, ela estava sendo mantida cativa na casa do chefão. Não arriscava fugir, pois ele havia deixado claro que se ela tentasse seria Carol a pagar, e ainda mesmo que ela fosse para longe jamais conseguiria escapar dele. Ele havia reforçado a promessa, que ela e Carol só teriam paz quando a dívida fosse saldada, era uma questão de honra receber e não tinha mais conversa, pagamento ou morte.
Por isso, por mais que conseguissem se livrar das mãos dos seus opressores nunca teriam paz, e agora que Carol estava na mira de tantos inimigos não era justo arrastar Maira para isso, o jeito era contar tudo a Dominic e torcer para ele aceitar um acordo.
A noite estava escura, nenhuma lua iluminava o céu, o tempo estava fechando. Uma chuva tormentosa estava por vir e Carol suspirou olhando para o céu. Se perguntou mais uma vez por que nunca teve sorte na vida, porque sempre coisas ruins aconteciam com ela.
O tempo mais feliz de sua vida foi quando morou com a vó. Ainda assim ela se ressentia pela falta de interesse de seus pais com seus estudos, com seus problemas. Para eles tanto fazia se ela os visitasse todos os meses e ou uma vez por ano, aliás, se ela nunca os tivesse visitado eles não teriam se preocupado e isso a machucava de uma maneira que ela não sabia explicar, mesmo com eles mortos ainda sentia rancor por esse abandono.
— Está na hora de liberar meu quarto.
Ela ouviu a voz desprovida de qualquer simpatia e sequer se virou.
— Vai me mandar de volta para aquele buraco?
— Ficará no quarto ao lado, não vou permitir que tente novamente se matar.
Carol assentiu humildemente, a mente trabalhando rapidamente.
— Se não me trancar como um animal, eu prometo que não tentarei mais isso.
Ouviu a risada debochada e se virou. Dominic tinha sentado na poltrona e fixou o olhar taciturno em sua direção.
— Quando isso virou uma negociação? Não estou pedindo, estou avisando que fizer isso novamente ficará amarrada, só será solta quando tiver alguém junto, e só assim poderá cuidar de suas necessidades sejam elas fisiológicas ou físicas.
Carol abriu bastante os olhos, não imaginou que ele chegaria a tanto, na noite anterior ele tinha ficado abalado pelo que ela tinha feito, ela chegou a cogitar que ele tivesse ficado preocupado.
— Então o que importa é que eu esteja viva e somente isso? Não importa o meu bem estar, a minha sanidade?
Dominic não mudou o olhar e também não desviou os olhos dela. — Se com isso sua vida não for comprometida, para mim tanto faz. Não me importo com sua sanidade, me importa menos ainda o seu bem estar. Viva será o suficiente.
O queixo de Carol tremeu ligeiramente. Sentia a frieza dele em cada palavra. Sentiu-se humilhada por ser tratada assim.
Temperamento nunca foi seu forte e quando viu, tinha pegado uma estatueta de bronze que enfeitava a mesinha da cabeceira e jogou com toda a força na direção de Dominic.
Sem mover um músculo da face ele segurou o objeto antes que o acertasse. Levantou calmamente, foi até a mesinha e colocou a estatueta no mesmo lugar.
Andou na direção de Carol e puxou o rosto dela para perto do seu.
— Pode tentar o quanto for. Não vai conseguir me ferir, mas eu posso pensar em maneiras diversas de te fazer sentir dor sem te matar. Não abuse da sua sorte, você para mim não passa de um erro. Devia ter ficado em seu lugar naquele dia e então não seria agora apenas um estorvo que eu tenho que cuidar.
Dominic a soltou com um tranco e caminhou até a porta.
Carol sentindo um ódio obscuro daquele vampiro mordeu os lábios com força enquanto pensava em maneiras de se libertar. Não podia viver assim, ia arrumar um jeito de fugir.
Como se algo tivesse despertado o interesse do vampiro ele se virou rapidamente. O nariz dilatando várias vezes, os olhos famintos em sua direção.
— Fez de propósito?
Carol balançou a cabeça sem entender.
— O sangue... Fez de propósito?
A voz dele estava carregada de raiva, e ela se empertigou ao ser acusada tão injustamente. Ele não podia achar que ela tinha feito aquilo para atiçá-lo?
— Porque não vai embora de uma vez?
Dominic apertou os olhos. — Se está querendo me testar, não seja tola, se eu quiser beberei do seu sangue o quanto me aprouver, você pertence a mim agora. Não tente fazer joguinhos comigo.
Carol continuou a olhar para a porta quando ela se fechou com um tranco...
Só então ela sentiu o sangue em seus lábios e levou a mão à boca se dando conta do que ele estava falando.
Ficou confusa, se ele queria beber do sangue dela então porque não tinha feito? Porque apenas foi embora depois de fazer tanta ameaça?
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Irmãos Voloshin
VampireQuando o temido vampiro Dominic aceita participar de uma reunião de clãs em um bordel famoso de New Orleans, ele não tem intenção de representar o seu clã Voloshin. Dorian e Dominic são gêmeos siameses, suas almas são grudadas, mas não por muito tem...