Capítulo 6

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Marie Laveau... Carol ainda não entendia como madame Mary era tão cara de pau ao ponto de se fazer valer pelo nome famoso de sua tataravó bruxa. Ou era tatataravó?

Balançou a cabeça, não importava o grau de parentesco, fosse como fosse, a madame era uma safada que além de dizer a todos que era ancestral dessa bruxa, ainda dizia que abriu o bordel porque era esse o negócio de sua antepassado famosa.

Carol acreditava que a cafetina contava essa história para que os turistas movidos por pura curiosidade aparecessem no bordel. Começariam curiosos com a dona e parente da bruxa famosa, e depois disso apreciariam as belas garotas do prazer dentro do estabelecimento acabando por esquecer o motivo que os levou até ali. Assim o turista não ia embora e virava um cliente, e realmente isso sempre acontecia.

Carol riu enquanto pisava na embreagem para mudar a marcha, tinha que admitir que a madame era muito inteligente, pois dentre tantos negócios indo para o buraco, o dela estava crescendo exponencialmente, pois soube usar bem o que movia os turistas até New Orleans, as lendas místicas que envolvia toda a cidade.

Seu sorriso foi diminuindo conforme o carro começava a dar trancos, ela já sabia o que ia acontecer e começou a desferir palavrões um atrás do outro, tentou ainda seguir, mas não adiantou, o carro parou do nada, havia morrido no meio da rua.

Carol tentou várias vezes fazê-lo voltar a andar, mas nada... Depois de mais alguns palavrões ela saiu do carro e chutou o pneu.

— Maldito carro velho!

Olhou para os lados e suspirou. Não podia ficar ali esperando alguma ajuda.

Foda-se, pensou enquanto pegava sua bolsa e ajeitava seus sapatos, o carro nem era dela mesmo, era mais um dos muitos carros velhos que a madame emprestava para suas meninas, pelo menos nisso ela não era má pessoa, se preocupava com a segurança de suas putas.

Decidiu ir andando, agora já não faltava muito, o carro que fosse rebocado e que a madame se virasse com isso.

A rua era escura, as luzes dos postes viviam dando problema, sempre um vândalo fazia algumas depredações, principalmente quebrando lâmpadas e por conta disso, a prefeitura havia desistido de substituir frequentemente as quebradas, não valia a pena para eles.

Carol sentiu um estranho arrepio, como se sentisse a presença de alguém, andou mais depressa e revirou os olhos em completo ceticismo. O local era famoso por seus fantasmas, devia ser isso, saber disso estava afetando seu discernimento e lhe fazendo ver coisas.

Virou a rua e andou mais depressa, não sabia se por instinto ou medo. Qualquer um dos dois pareciam sentimentos tolos, olhou para trás várias vezes, depois para os lados e nada estava por ali.

Quando chegou ao pequeno apartamento miserável que vivia, galgou os dois lances de escada correndo como uma maluca, destrancou a porta apressada e assim que entrou, fechou rapidamente.

Não perdeu tempo e acendeu todas as luzes. Não se sentiu melhor ao ver tudo iluminado, a sensação de estar sendo vigiada ainda a dominava.

Logo ouviu uma voz grossa. Um homem vestido de negro se aproximou devagar, havia surgido do nada. Carol olhou por cima de seu ombro, a janela estava aberta, quase suspirou de alívio, pelo menos não era um fantasma. Porém era um homem forte e a dominou sem nenhum esforço.

— Uma bruxa, a última de seu nome morreu hoje, e a mulher que teve o último contato com ela deve ser usada para trazer sua linhagem de volta.

O homem era um praticante de bruxaria, um dos muitos que viviam naquela cidade. Carol não havia entendido nada, mas o medo lhe travou a língua.

Lutou para se desvencilhar das mãos do bruxo, tentou mordê-lo, mas não conseguiu nada, logo sentiu o pano úmido lhe apertar o nariz e depois disso...

( Pequenino, mas vou postar outro já já!)

Irmãos VoloshinOnde histórias criam vida. Descubra agora