Capítulo 2

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Steve

Michele. Bonita e engraçada. Muito bonita e parece ter ficado um pouco envergonhada comigo.

- Eu quero um advogado para me defender.

- Defender de que? – pergunto.

- Do meu padrasto e do filho dele. Eles... meio que... não sei como dizer – ela diz a última parte mais baixo.

- Abuso? – pergunto e ela assente.

Nossa. Isso é bem sério.

- Você denunciou?

- Não.

- Bom, você tem que denunciar e só se eles ficarem contra você é que vai precisar de um advogado – eu explico.

- Tudo bem... eu vou denunciar – ela diz e eu dou o telefone para ela.

- Liga.

Ela pega o telefone e liga, faz a denúncia e depois desliga.

- Muito obrigada.

- Tudo bem, meu tio é policial e eu vou falar com ele. Mas você tem que me contar o que acontecia.

- Tudo bem, é pra falar com seu tio? – ela pergunta.

- Sim, em meia hora eu saio pra almoçar, quer ir comigo e conversamos?

- Pode ser.

- Ok.

Passo meia hora trabalhando enquanto ela espera no andar de baixo. Quando vou encontrá-la ela está com outras roupas.

- Quando você trocou de roupa? – pergunto.

- Fui no banheiro e me troquei. As pessoas não paravam de encarar.

- Ah sim, vamos? – ela assente e vamos para um restaurante próximo ao escritório. Nos sentamos e pedimos nossa comida.

- Olha, você vai ter que pagar por que só tenho 71 dólares e não posso sair gastando – ela fala.

- Tudo bem, eu não ia deixar você pagar de qualquer forma.

O garçom trás nossos pedidos e começamos a comer.

- Então... você vai começar a me falar sobre você? – pergunto.

- Vou – ela diz – antes era só eu e minha mãe, depois ela casou com o Derek que tem um filho também, o Jackson. Vivemos os quatro por uns anos e minha mãe morreu. Fiquei com meu padrasto e meu irmão postiço e eles... me “puniam” – elas faz aspas com as mãos – por qualquer coisa. Se eu não varresse a casa direito era punida, se eu não lavasse a louça era punida, ou se eu não fizesse o jantar e... eu não aguentei. Não sirvo pra ser escrava nem submissa de ninguém. Peguei todo o dinheiro que eu consegui juntar durante esses anos, o que é bem pouco por que eu não tinha oportunidades de ter dinheiro, arrumei minha mochila e fugi.

Admiro sua força por aguentar tudo isso e sua coragem de fugir. Mesmo não a conhecendo bem eu sinto orgulho dela, se tivesse um pouco menos de coragem seria escrava de dois imbecis pra sempre.

- Que bom que você teve coragem de fazer isso. Você vai ficar livre deles pra sempre, eu prometo - por que eu estou prometendo uma coisa a uma mulher que mal conheço? Não sei como será o dia de amanhã ou o que vai acontecer na próxima hora. Eu só prometo isso e vou cumprir. Ela sorri.

- Obrigada. E você? Me conta um pouco da sua vida? – ela pede.

- Sou pai solteiro de dois meninos gêmeos. Allan e Brandon.

Amor inesperado- 2° livro da série: Amizade colorida. CONCLUIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora