Prólogo

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Sejam bem vindos a mais uma história! Espero que gostem.


Não sei quando foi que começou ou se sempre foi assim. O que sei é que quando durmo, tenho pesadelos.

Eu tinha quatro anos — na verdade sonho deste que consigo me lembrar, mas quando bebê eram apenas reflexos — , quando vi pela primeira vez uma pessoa morrer enquanto dormia. No começo eram pesadelos, dia após dia, todas as noites em que me deito para dormir, os pesadelos me acordavam no meio da noite. Depois de um tempo me acostumei e os pesadelos se tornaram apenas sonhos.

Na maioria das vezes, sonho com pessoas desconhecidas. Bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos, pessoas ricas, pobres, doentes e pessoas de várias etnia. Já vi pessoas morrerem muitas vezes em acidentes de trânsito, pessoas sendo assassinados, mulheres sendo agredidas por homens de muitas formas, crianças e adolescentes sendo molestados, pessoas morrendo em hospitais e jovens e adultos cometendo suícidio. Não é a coisa mais fácil de se ver todos os dias.

Meus pais morreram quando eu ainda era uma criança, minha mãe em um hospital aos meus seis anos e meu pai morreu alguns meses depois da morte de minha mãe. E eu tive que ver a morte deles por mais de uma vez, aquilo foi uma tortura para mim.

Me recordo de quando minha mãe era viva, costumava contar todos os meus pesadelos a ela e, eu contava todos até aqueles que à via morrer, contava todos eles detalhadamente todas as noites em que acordava gritando e mamãe ia me acalmar.

Todos nós sabemos que quando o sonho é marcante conseguimos lembrar deles no momento em que acordamos e às vezes apenas nos lembramos. Simplesmente ficam em nossas mentes.

Vi minha mãe morrer muitas vezes e me lembro do último sonho em que a vi.

Era como se estivesse lá naquele exato momento, minha mãe adormecida na cama e ao lado meu pai sentado em uma cadeira segurando firme a mão de mamãe. Ele falava com ela. Mas algo aconteceu, meu pai olhava para os aparelhos com os olhos desesperados enquando falava freneticamente e, depois de alguns segundos os enfermeiros e médicos chegaram. Eles tiraram meu pai do quarto, enquanto eu gritava por socorro e ninguém ali me via ou me escutava. Eles estavam tentando reanimar o corpo de mamãe quando tudo ficou branco e acordei. Estava chorando, naquele momento de alguma forma já lamentava a morte dela mesmo sabendo que não havia acontecido, porém, eu sabia que ia acontecer porque naquele dia minha mãe estava doente no hospital e meu pai estava com ela, e eu fiquei em casa sendo cuidada por uma babá. No outro dia de manhã, meu pai me deu a notícia e mesmo já estando preparada eu fiquei sem chão, completamente perdida.

Com meu pai foi diferente. Estava lá, o vi morrer diante os meus olhos duas vezes.

Me encolher no canto da sala e ver ele beber sem parar foi o que fiz, até que ele saiu e voltou com uma corda. A corda que ele amarrou no ventilador de teto e em seu pescoço. Queria dizer a ele que eu estava ali e que estava vendo o que ele estava prestes a fazer. Mas era como se não existisse mais, era como se já estivesse morta para ele.

Então a partir desse dia, eu perdi tudo. Eu tinha seis anos naquele tempo e já tinha visto tanto, visto o bastante para perder a vontade de viver.

Por vários anos eu me questionei sobre o que sou e por que consigo sonhar com pessoas morrendo. Me lembro de questionar se Deus gostava de mim e o por que ele fazia isso comigo. Me perguntei muitas vezes, que tipo de aberração eu sou? Mas em todos esses anos nunca encontrei a resposta.

Passei por vários médicos e psicólogos, tive que tomar remédios para poder dormir durante um período de tempo. Os remédios funcionaram no começo, mas depois de uma semana os sonhos voltaram com força total e nunca mais parou.

Distintos - Presságios dos Sonhos - Vol IOnde histórias criam vida. Descubra agora