Olho em volta.
Vejo uma casa de campo e logo vejo um pequeno lago, o sol está baixo e noto que já tarde. Mas onde está Samira? Eu tinha avistado antes de entrar.
Aproveito o ar fresco para respirar, o ar aqui é leve e puro, não é como o ar poluído das cidades. Sorrio. Escuto um grito, parece ser de criança e esta vindo de dentro da casa.
Corro em disparada.
Atravesso as paredes e vejo uma criança deitada, tem a pele morena e cabelos cacheados soltos, noto que sua expressão é de dor. Logo outro grito surge e tampo os ouvidos usando as mãos.
A menina começa a se mover de um lado para o outro e agonizando de dor grita novamente e seu corpo começa a flutuar devagar enquanto seus gritos vão se tornando cada vez mais alto. Escuto o barulho da porta sendo ligeiramente aberta. Uma mulher negra entra mais antes de falar qualquer coisa é interrompida quando algo é lançado nela.
Então foi isso que Samira me viu fazer, não é por nada que ela ficou tão assustada quando me viu fazer a mesma coisa que já havia feito anos atrás.
Gregório disse que ela estava presa em uma lembrança e é claro que noto a semelhança entre essa menina e Samira.
Me lembro quando eu fiquei presa, acho que foi a primeira vez que aquilo me aconteceu e não foi gostoso acordar, senti muita dor e Samira deve estar sentindo o mesmo.
A pequena Samira começa a atirar coisas para todos os lados.
Um homem entra no quarto e é atingido várias vezes pelos objetos, ele tenta chegar até ela. Logo vejo Samira entrar, seu rosto está pálido e tem marcas de lágrimas. Ela não me vê. Seus olhos estão fixos no homem.
Quando vejo o homem já esta com a menina no colo saindo do quarto. Samira vai atrás e a sigo. No caminho vejo a mulher desacordada no chão da pequena cozinha.
Sinto pena.
O homem vai em direção ao lago.
— Papai? Onde vamos? — A menina diz.
O homem entra no lago e afunda a menina a segurando firme. O pai de Samira tentou matá-la.
Sinto raiva e tenho vontade de enforcá-lo só por estar fazendo isso, mas me controlo. Tenho que tirar Samira daqui.
A menina se debate procurando por ar e Samira se mantem de pé, parada, sem fazer nada.
— Você não vai fazer nada. — falei mas ela não deu atenção. — Samira!
— Não iria mudar nada! — Ela esbraveja e vejo suas lágrimas. — Não mudaria nada. Isso já foi, já passou.
O homem ainda a segura dentro do lago. Não sei o que ele sentiu mas vejo o medo passar pelos seus olhos e quando menos espero um pedaço de madeira atravessa seu corpo fazendo o sangue espirar para os lados e a pequena Samira surge nadando para longe.
Samira grita. Não sei o que passa pela sua cabeça mas tenho que levá-la de volta.
Eu pego o seu braço firme mas ela tenta se soltar.
— Você precisa acordar! — falo firme. — Eu sei que dói ver tudo isso, eu sei o que está sentindo. Mas isso já passou, não é? Você não pode viver no passado! Não pode se culpar! Samira!
— VOCÊ NÃO ENTENDE! NÃO PODE DIZER O QUE NÃO SABE E NÃO PODE FALAR QUE JÁ SENTIU ISSO!
— É VOCÊ QUE NÃO ENTENDE! — grito mais alto na tentativa de fazê-la escutar. — VOCÊ NÃO PODE VIVER PRESA AQUI, PRECISA SUPERAR.
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Distintos - Presságios dos Sonhos - Vol I
FantasyO que você faria, se fosse capaz de ter presságios de mortes? O que faria, se soubesse que todos que ama iram morrer? Até onde iria chegar para proteger alguém que ama? Alexandra sonha todas as noites. Perdeu seus pais da mesma forma que viu em seus...