Capítulo 13

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Vejo Samira apertar a sua mão.

Em que lembrança ela deve estar agora? Penso.

Suspiro. Eu falei para ela tentar superar o passado quando nem eu mesma sei se superei o meu, talvez sim, me sinto melhor desde que encontrei as respostar certas. Mas, o que fazer agora que sei o que sou? Que caminho seguir? Não sei, talvez seja bom apenas viver e deixar o tempo levar.

Aqueles sonhos em que estive vendo o meu passado, o que aquilo quis significar? Eu fiquei sem controle nenhum e não sabia o que fazer, fiquei tão desesperada e confusa, será que Samira está confusa agora? Droga, por que estou tão preocpada?

Afeto, eu achava que era só me aproximar de alguém e a pessoa estaria morta alguns dias depois. Mas foi assim mesmo. Todos os meus amigos mais próximos estão mortos e sempre me culpei por cada morte, me sinto a responsável. Mas e se eu não for totalmente culpada? Não, a verdade é que quero me livrar da culpa para poder me sentir melhor, eu podia ter evitado a morte de todos eles, poderia fazer com que fizessem outras escolhas. Mas não fiz, não sabia que conseguia fazer isso, como poderia saber? A verdade é que estava tão perdida, não sabia de nada e não fazia nada. Apenas chorava e lamentava.

Sinto Samira se mover. Lie abre a porta e sua expressão não é das melhores.

— O que ele quis dizer com "você é muito parecida com ela" — Ela se senta na ponta da cama. — , quero dizer, como assim parecida com a filha dele?

— Não sei, na verdade eu nem sabia que ele tinha uma filha. Mas deve ser alguma semelhança de personalidade, certo? — perguntei, Lie deu de ombros.

— Será que Samira está bem?

— Eu não sei, eu vi uma lembrança dela de quando era criança. Não gostei, normalmente não gosto nem de ver as minhas e agora vi uma lembrança dela. — Lie olha para mim e logo após para Samira. — O pai dela tentou matá-la.

Sinto Samira se mover. Ela se senta ainda confusa e ao me olhar parece se lembrar, leva a mão para a cabeça. Sei que está sentindo dor e sinto o peso de seu corpo, é como se estivesse em seu lugar neste exato momento. É confuso como consigo me sentir parte dela. É estranho.

— Samira? — Lie a chama.

— Vamos sair — falo. — talvez Samira precise de um tempo para descansar.

Lie assenti.

Nós saímos e deixamos a Samira em meu quarto descansando.

— Me conte tudo. — Lie se vira para me olhar. — Sobre tudo, quero saber sobre os sete irmãos, sobre o que você pode fazer e sobre aquele velho. Não me esconda nada.

Então encontramos um lugar onde ninguém poderia nos escutar e contei. Contei o que li sobre os sete irmãos e sobre o que sabia sobre cada um deles, mas não me lembrava de tudo então contei tudo o que me lembrava. Contei também sobre o meu passado e ela pareceu estar satisfeita com o meu relato.

— Mas e Gregório? Como o conheceu? — pergunta ela interessada.

Tentei explicar sem muito detalhe como o conheci. Não falei quem era o garoto e nem sobre o que aconteceu com o carro. Falei sobre o que ele me disse no dia anterior sobre os Distintos e que ele me emprestou o livro.

— Então ele simplesmente apareceu do nada? — Ela pergunta indignada.

— Não. — falei. — Ele me disse que Samira o chamou e então ele veio.

— Samira o conhece de onde?

— Não faço idéia, Lie.

— Vamos perguntar a ela.

Distintos - Presságios dos Sonhos - Vol IOnde histórias criam vida. Descubra agora