Capítulo 11

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— O que houve aqui? — Sua pergunta é direta.

— Eu tive um sonho e quando acordei Samira estava de pé e desmaiou, não sei o que houve. — falo deixando ele entrar pelos fundos.

Vou pelos caminhos que sei que não tem ninguém.

— Como sabia que tinha acontecido algo? — pergunto.

— Também sou Distinto e tenho mais experiência que qualquer um aqui menina. — Seu tom é duro e não sei o motivo disso.

Eu o levo até meu quarto e quando entramos Lie me olha.

— Confie em mim. — peço.

Lie concorda.

Gregório da uma olhada para Lie e depois para mim. Concordo. Ele suspira. Vai até Samira.

— A mocinha asiática, tentou usar um poder de cura com ela? — Ele pergunta direto a ela que me olha. — Sua amiga não me falou nada, também tenho dons especiais.

— Eu tentei chegar até a mente dela, mas não sou tom forte assim. Eu nunca tinha tentado. — diz Lie. — Ela vai ficar bem?

— Samira também é uma Distintos — Ele diz como se eu soubesse e não sei como lidar com isso agora. Samira não me disse nada, mas sei que iria dizer — , ela é um aborto.

— Aborto? — perguntamos Lie e eu.

— Ela não tem o sangue dos primeiros. — diz, logo olha para Lie. — Você disse que não chegou até a mente dela, certo?

— Sim. — Lie responde.

Gregório me olha agora.

— Samira está presa em uma lembrança, isso já deve ter acontecido com você. — Como assim? — Samira tem presságios de mortes em sonhos, como você.

Fico perplexa, eu não sabia que ela também tem isso. É por isso que ela estava tão curiosa sobre mim. Será que ela viveu um passado como o meu? Na verdade eu não sei, estou tão confusa.

— Você sonha com pessoas morrendo? — Lie me pergunta.

— Sim. — falo apenas.

Presa em um sonho, agora eu me lembro. Naquele dia em que acordei amarrada, estava presa em um sonho. Em um passado.

Um frio percorre o meu corpo me dando uma sensação ruim.

Aquele dia, senti muita dor. Será que ela senti o mesmo?

— Quero que faça uma coisa. Não deve difícil para você. — Ele diz se dirigindo a mim. — Preciso que entre no sonho dela.

— O quê? — falo embasbacada. — Eu não sei fazer isso, não posso.

Ele me olha indignado.

— Tenho certeza que você já leu aquele livro que lhe emprestei, você sabe que pode e já fez isso muitas vezes enquanto dormia.

— Não, não me lembro de ter feito algo assim. — falo.

Sim, o livro diz que posso andar nos sonhos dos outras pessoas mas não de todas é claro, só aqueles que a morte circunda.

— Todas as vezes que você sonha com alguém morrendo, conhecido ou não, você está na mente de outras pessoas. A morte pode acontecer em qualquer momento para qualquer um, mas você tem o dom de entrar nas cabeças dessas pessoas e fazer com que cada um tome caminhos diferentes. — Ele diz.

Então quer dizer que eu sempre fiz isso mas nunca notei. Quer dizer que não fiz aquele homem se matar, eu só toquei na alma dele e ele escolhei um caminho para seguir. Quer dizer que o garoto que salvei ontem tinha tomado um decisão ruim e eu o salvei. Mas e aquela mulher de cabelos vermelhos?

Agora tudo se encaixa. O que eu fiz a vida toda foi apenas ficar parada e esperar acontecer. Quer dizer que não sou eu o problema, que eu não mato ninguém e que só sonho com essas coisas porque há uma probabilidade de acontecer.

De repente sinto uma pontada de felicidade se erguer diante de mim. Tirei um peso de minha costa. Respirei fundo. Mas não quer dizer que eu saiba fazer isso agora. Eu nunca tive a intenção de entrar nas cabeças das outras pessoas, eu só fiz.

— Você só precisa manter a calma. — diz Gregório a mim.

Eu olho para Lie procurando algo em seu rosto.

— Eu não tenho idéia de como faz isso.

— Mas você tentou chegar a mente dela, talvez consiga me dar uma dica. — insisto. — Eu nunca fiz isso querendo fazer é a primeira vez que tento, eu não sei como fazer.

— Eu só me concentro. Só isso. — diz ela dando de ombros.

Ótimo! Só me concentrar. Mas em quê?

Suspiro indo até Samira.

— Como ela chegou aqui se estava sonhando? — perguntei a Gregório.

— Talvez ela tenha vindo aqui te ver enquanto dormia e entrou em transe, isso pode acontecer com Distintos com o mesmo dom. Acho que ela deve ter se conectado com você por conta disso.

Enguli em seco. E Gregório se levantou.

Me sentei ao lado de Samira e apoiei sua cabeça em meu colo.

Senti minha respiração se alterar quando a toquei, foi como automático come se um coque percorre se por Samira e eu.

— Se acalme menina. — A voz de Gregório chegou em meus ouvidos como se me acordasse.

— Por que devo me acalmar? — pergunto olhando para ele que agora está ao lado de Lie. — Não entendo.

— Porque quando se está desesperada não fazemos nada bem. Quando não mantemos a calma ficamos fracos e indeciso e eu sei que com você não é diferente.

De alguma forma aquelas pelavras me afetam um pouco. Queria saber mais sobre ele e sua vida. Mas algo em minha cabeça diz para não fazer perguntas sobre a sua vida pessoal.

Me ajeito para ficar um pouco mais confortável e sinto Samira tremer. Fecho os olhos tentando me concentrar.

— Talvez se tentar tocar nela seja mais fácil chegar onde quer. — Gregório me tira a concentração e Lie da um riso.

Coloquei as mãos em seu rosto me concentrando novamente. Fecho os olhos sentindo um tremor. Meu corpo pesa e sou puxada para os sonhos.

Abro os meus olhos e vejo uma escuridão e conforme sou levemente puxada por uma força desconhecida vejo algo como se fosse uma chama branca, não sei o que é mas estão por todos os lados. Todas elas não se movem, apenas fica parada a espera de algo.

Sinto meu coração acelerar a cada chama branca que passo. Tento me controlar quando sinto que não estou mais sendo puxada. Sinto o chão chegar aos meus pés e quando me sinto firme começa a andar.

As chamas brancas estão todas em minha volta e não sei direito o que fazer mas sinto que estou indo bem.

Samira, onde você está? Penso.

Olho para todos os lados mais não a vejo. Caminho até uma das chamas e fixo o meu olhar. Levo as mãos a boca e dou um passo para trás em um susto quando percebo que as chamas brancas são almas vagantes.

Todas elas juntas, mas cada um de uma pessoa em diferente lugar. É aqui que passo quando entro na mente das pessoas e é aqui que venho quando estou dormindo.

Sinto um calafrio.

Caminho sem saber para onde exatamente ir. Sinto vontade de fugir e nunca mais voltar, sinto o meu coração acelera.

— Samira... — falo. — Onde você?

Fecho os meus olhos e por um instante vejo uma alma diante de mim. Olho para dentro dela e a vejo e sem pensar duas vezes eu entro.

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Distintos - Presságios dos Sonhos - Vol IOnde histórias criam vida. Descubra agora