O Presente Do Bocão

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_E foi isso que aconteceu. – disse Astrid, tentando disfarçar uma lágrima que escorria.

_Astrid, eu não sei o que dizer... – murmurei baixinho, para que só ela escutasse.

Então, apenas abracei. Não um abraço de: "Sinto muito pelo que você passou.", mas sim um que dizia apenas: "Eu te amo."

De repente, ouvimos batidas na porta. Me levantei e a abri. O que vi foi um Cabeça-Dura sem fôlego, provavelmente ele veio correndo.

_Calma, Dura. Respira. – o acalmei.

_Soluço... o Bocão tá te... te... tá te chamando... – disse o gêmeo, que estava quase desmaiando de cansaço. – Parecia impor... importante...

_Ok, obrigado por entregar a mensagem. Astrid, depois continuamos a conversa¿

Astrid afirma com a cabeça e, logo em seguida, Cabeça-Dura cai no chão. Pedi para ela o ajudar e fui até a casa do Bocão. Bati na porta, e logo ouvi ele descendo a escada.

_Boa noite, Soluço! – disse ele, logo que abriu a porta. – Por favor, entre!

_Boa noite! Você queria falar comigo?

_Queria sim. Como você provavelmente já sabe, semana que vem é o aniversário da Astrid.

_Bom, ela me mataria se eu não soubesse. – disse ironicamente.

_Mas, eu vou estar viajando para a casa de um parente amanhã, e só vou voltar daqui a duas semanas.

_Ah é, você tinha comentado comigo.

_Então, será que você poderia dar meu presente para ela no dia do aniversário¿

_Claro, Bocão! Onde que está?

_No meu quarto, já vou buscar. – disse Bocão, indo em direção a uma porta, e voltando em menos de um minuto.

De lá, ele trouxe um lindo machado, com um desenho de um Nadder na lâmina.

_Meu Thor, Bocão, é lindo! A Astrid vai adorar! – disse assim que o peguei.

_Eu sei, fiz especialmente para ela. – disse Bocão, orgulhoso de seu trabalho bem-feito.

_Bom, pode deixar que eu o entrego para ela na festa de aniversário.

_Você vai mesmo dar uma festa para ela, não é?

_Eu sei que ela não gosta de festas, principalmente quando é para ela, mas vale a pena tentar.

Bocão concorda com a cabeça. Olho para ele, e parece cansado.

_Acho que já tá na hora de eu ir, Bocão.

_É, já tá na hora de eu ir dormir. – Bocão agradece e se despede de mim.

Fui chegando em casa, pensando o que vou fazer para o aniversário de Astrid.

Assim que abri a porta, torci para a Astrid já estar dormindo. Cabeça-Dura já tinha ido embora, então, provavelmente, ela estaria.

Subi as escadas até o nosso quarto. Abri a porta lentamente, tentando não fazer barulho. Olho para a cama e a vejo dormindo. Ela é ainda mais bonita dormindo. Dei um beijo em sua testa e a cobri com um cobertor.

_Boa noite, senhorita. – sussurrei.

Fechei a porta e fui em direção ao antigo quarto do meu pai, que agora o utilizamos como depósito.

Durante um tempo, depois da Segunda Guerra, minha mãe morou comigo, ficando no quarto do Stoico, mas depois que eu e a Astrid ficamos noivos, Astrid veio morar comigo e Valka ficou na antiga casa da Astrid.

Olhei em volta, procurando um lugar para deixar o machado, e me deparei com o elmo que meu pai tinha me dado assim que comecei a fazer aulas antes da Primeira Guerra com o Bocão sobre dragões e, bem, como matá-los.

Deixei uma lágrima solitária cair. Desde a morte do meu pai, Stoico, tenho ficado meio emotivo. Mas, também, né? Quem conseguiria ir a um quarto cheio de lembranças da pessoa que cuidou de você sua vida toda, mas que está morta?

De repente, ouço um barulho. Pensando ser Astrid, escondo rapidamente o machado dentro de um armário e enxugo as lágrimas.

_Soluço? - olho pata trás e vejo a Heather. – Posso falar com você rapidinho?

_Claro. – respondi, achando estranho o fato dela me chamar dentro de casa quase meia-noite.

Fomos para o lado de fora da casa, e Heather foi logo falando, parecendo nervosa:

_Dagur me enviou uma carta hoje.

_O que?! – perguntei surpreso. Para nós, Dagur tinha morrido anos atrás. – Tem certeza que era ele?

_Quem mais seria?

Exitei por um momento, mas resolvi contar:

_Foi o Viggo que machucou Astrid aquele dia.

_Mas... como?

_Ela me contou hoje. Parece que ele está atrás de vingança.

_O que nós vamos fazer? Ele pode vir atacar Berk! Aliás, ele pode estar vindo agora!

_Heather, calma! Melhor resolvermos amanhã, com todos os cavaleiros reunidos.

_Tá bom, você está certo. Até amanhã.

_Até amanhã.

Entrei em casa e deitei na cama. Demorei um pouco para dormir, fiquei pensando no que aconteceria manhã.

(Na manhã seguinte...)

Acordei com a Astrid me cutucando e dizendo:

_Soluço, acorda.

_Deixa eu dormir mais um pouquinho... – disse, me virando para o outro lado.

_Soluço, levanta agora antes que eu te jogue pela janela.

_Tá bom, tá bom. – disse me levantando, derrotado. – O que aconteceu para eu ter que levantar tão cedo?

_O comerciante Johann tá lá fora, e ele quer falar com você. Ele tem uma carta do Viggo para nós.

A Terceira Guerra Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora