O Aniversário

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_Já acabaram de arrumar os balões, Cabeças? - perguntei, me direcionando a um monte de bexigas soltas, e dois vikings brincando com elas.

_Olha, Soluço, eu acho que assim é bem melhor do que seria se elas estivessem penduradas. – começou Cabeça-Quente. – Assim fica bem mais natural.

_E refinado. – completou Cabeça-Dura. – Não se esqueça de refinado.

Suspirei e fui até o Perna-De-Peixe, que estava arrumando a mesa aonde ficariam as comidas e o bolo.

_Soluço! – falou, aliviado. – Era você quem eu estava procurando!

_E aí, Perna?

_Qual cor você acha que ficaria melhor? Azul, branco ou cinza?

_Acho que o azul ficaria melhor.

_É, tem razão. Ah, quase esqueci. Melequento vai avisar quando a Heather estiver chegando com a Astrid.

_Ótimo.

Olhei em volta, e fiquei feliz com o resultado. Tudo estava tão lindo. Menos as bexigas, claro.

_ELA ESTÁ VINDO! – gritou Melequento, entrando no salão. – RÁPIDO, SE ESCONDAM!

Nos escondemos, e o Perna-de-Peixe apaga o fogo que estava iluminando.

_Aff, Heather. Eu não quero ir jantar agora! – ouvi. – Eu já disse que estou sem fome!

_Mas eu estou! Você pode ficar comigo só para fazer companhia? Por favor?

_Tudo bem...

De repente, ouço as portas se abrindo, e pulamos de onde estávamos escondidos, e gritamos:

_FELIZ ANIVERSÁRIO, ASTRID!

Os dragões cuspiram fogo, iluminando o local.

_Por Thor! – vi lágrimas se formando em seus olhos. – Muito obrigada, gente!

Todos a abraçaram, e quando consegui chegar até ela, dei um longo beijo nela, e murmurei:

_Parabéns, senhorita.

Estávamos todos nos divertindo, até que ouço alguém anunciar:

_Hora de abrir os presentes!

Astrid caminha até o monte de presentes que tinha em uma mesa. Normalmente, apenas os parentes do aniversariante davam presentes, mas ninguém respeitava essa regra.

Ela foi abrindo um por um, sempre agradecendo. Na hora de abrir o presente do Bocão, vi uma pequena lágrima de alegria.

_Mês passado, eu contei para ele sobre um sonho que eu tive... Que lutava com o machado perfeito. – dizia, segurando o machado. – E ele o fez para mim. – vi outra lágrima de alegria. Fiquei feliz por ver Astrid daquele jeito. Feliz.

Quando abriu meu presente, ela foi correndo ao meu encontro, e me deu um longo abraço. Eu tinha dado para ela um álbum dos meus desenhos, desde que dei o meu primeiro beijo nela (ou ela que deu, tanto faz).

Ele começava com um desenho de nós dois na Clareira, depois para o fim da Primeira Guerra Dos Dragões. E continuava numa sequência de desenhos, até atualmente. Mas, a minha preferida, é de quando eu a pedi em namoro, no Domínio Do Dragão.

Alguns Anos Atrás...

_Banguela, você quebrou a cauda automática de novo? Eu entendo que você não gosta de voar com ela, mas não precisava quebrar, não é, seu réptil inútil? – perguntei, entrando na minha cabana.

Banguela apenas rugiu, e continuou comendo seus peixes.

Ri em silêncio, e fui até o Olho Do Dragão.

_O que você acha da gente testar essa nova lente, amigão? Vai que a gente descobre alguma coisa nova? Uma ilha, ou até... Um Fúria Da Noite.

Banguela para de comer, e me encara. Estamos procurando outro Fúria Da Noite a muito tempo. Eu tenho certeza de que o Banguela não é o único. O último.

_Soluço? Você está aí? – ouço, e logo reconheço a voz.

_Tô sim, Astrid, pode entrar.

A olho assim que entrou na cabana. Seu braço estava sujo de sangue.

_Astrid, você está bem?!

_Tô sim, por quê?

_Seu braço está sangrando!

_Aff, achei que já tinha limpado tudo!

_Astrid, o que aconteceu?

_Nada...

_Astrid, por favor, me conta. Eu me preocupo com você. – a encaro, mas ela não consegue me olhar.

_Eu me cortei em um galho de árvore, enquanto estava voando com a Tempestade.

_Astrid, você sabe que pode me contar tudo... Sou seu melhor amigo!

_Esse é o problema, Soluço! – ela começa a chorar desesperadamente. – Eu estou cansada de ser sua "melhor amiga"!

_Olha, eu te amo desde que eu te beijei pela primeira vez! Eu te...

Não a deixei terminar, eu não aguentava mais. Eu a puxei para perto, e encostei meus lábios nos dela.

_Soluço... – murmurou.

_Astrid, eu te amo desde o primeiro momento em que te vi. Você mudou minha vida mais que todos aqui. Eu te amo.

_Soluço? – ouvi, voltando a realidade. – Tá tudo bem?

_Ahn? – percebi que todos me olhavam. – Tá sim, só estava pensando.

_Tudo bem então... Vamos para casa? Estou cansada, e também temos que acordar cedo amanhã.

_Eu também estou cansado, vamos.

Fomos caminhando silenciosamente até a nossa casa. Astrid para na porta, e se vira para mim.

_Soluço, você acha que estamos nos arriscando demais nesse plano contra o Viggo?

_Mas Astrid, os nossos planos sempre foram perigosos assim. Por que você está se preocupando agora?

_É que... Nada, deixa para lá.

Ela sobe rapidamente as escadas, me deixando sozinho. Fiquei pensando, por um longo tempo, até que ouvi o Banguela chegando, e parando na minha frente. Sorri, e ele me mostra um sorrisinho banguela.

_Vem, amigão. Hora de dormir. Temos que acordar cedo amanhã para pôr o plano da Astrid em prática.

A Terceira Guerra Dos DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora