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Acordo com o barulho irritante do meu celular, abro os olhos com dificuldade e vejo que é mensagem da Aisha.

Aisha: Ei
Aisha:acorda
Aisha: Abby!!!

Me:Se você sabia que eu estava dormindo, porque me acordou?

Aisha:Ai nossa, grossa.

Me:Me desculpa.

Aisha:Tudo bem, estou acostumada.
Aisha:Passa aqui em casa hoje, vamos conversar. Sei que você esta passando por um momento difícil e também sei que você pediu para fica um tempo sozinha. Bom, dei 5 dias para você, agora fica pelo menos um pouco comigo?! Estou muito preocupada com você.
Aisha: :c

Me:OK, mais tarde eu passo ai.

Aisha:Xoxo

Bloqueio a tela do celular, e olho para o teto. Faltei a semana toda na faculdade, não tem problema irei tranca-lá de qualquer forma. Não sinto mais vontade de estudar, trabalhar, comer e quem dirá fazer minha higiene básica.
Essa deve ser a famosa depressão que todos dizem, mas a diferença é que eu não sinto tristeza ou algo do tipo, não sinto nada, absolutamente nada. Tudo que havia de bom dentro de mim foi trancafiado de um caixão com a minha mãe . Disse que não sentia nada? Me enganei. Sinto ódio, raiva, sede de vingança. Bom, é melhor eu parar de pensar besteira.

Me levanto e finalmente após 5 dias decido tomar um banho, não quero sair na rua e ver os olhares de pena, mas se eu não for Aisha vai acabar vindo aqui e me dando um sermão por toda essa bagunça que esta a casa.

1 hora depois.

Finalmente estou pronta para sair, tranco a porta de casa e começo minha caminhada. Aisha não mora muito longe de mim, alias, ela mora perto da farmácia onde eu trabalho. Decido dar uma passada lá antes, devo algumas explicações por todos esses dias em que tive ausente.
A farmácia fica do lado de uma viela, ao entrar nela, a visto um menino que aparenta ter minha idade. Não consigo obter muitas informações sobre ele, a distância ainda é longa.
A cada passo que eu dou em sua direção causa um embrulho na minha barriga, meu coração acelerava de ansiedade, porque estou sentindo isso?
Chego perto o suficiente para ver sua altura, 1.80 mais ou menos. Magro e sua vestimenta era estilo bad boy de filme americano. Seu rosto tinha traços delicados e os olhos...

FLASHBACK

"Quando o ultimo menino passa, ele me olha nos olhos. Ele tinha os olhos claros, e em seu rosto não mostrava nenhum tipo de expressão, isso me causou um arrepio na espinha."

COMEBACK


Minhas pernas congelam nesse instante, sinto o mesmo arrepio na espinha e meus olhos enchem de lagrima. Ele passa do meu lado e meu coração congela, tudo acontece em câmera lenta, parece que esse momento não acabaria nunca.
É ele, o mesmo rosto sem expressão, os mesmos olhos claros... É ele.

-Abby? - Uma voz masculina me trás a realidade novamente.- Esta tudo bem?

Olho para frente e respiro aliviada ao ver que era meu chefe me chamando. Finalmente consigo mover minhas pernas e tomar controle do meu corpo. Olho para trás e o menino não estava mais aqui. Teria sido uma ilusão? Tento agir naturalmente enquanto vou em direção do sr. Santiago.

-Oi chefe. -Dou um sorriso amarelo.
-Venha, vamos conversar.

Após alguns minutos de conversa ele me explica a atual situação da farmácia. Concordamos que eu voltaria a trabalhar, assim pagaria a faculdade e as contas de casa. Ele me ajudaria no que fosse preciso, pois tem aquele famoso coração gigante.
Terminamos a conversa e me retiro do local. Antes de seguir meu caminho, volto para a viela. A curiosidade era maior do que o medo.
Entro ate a metade da estreita viela ate perceber que o que estou fazendo é uma idiotice. Dou meia volta e trombo em alguém.

-Esta procurando alguém?

A429 [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora