Cap. 07

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Cap 07 - Firefox.

Por volta das 2h da tarde, sob céus nublados, a cidade de Campo das Flores recebia uma multidão em sua praça central, a maior dentre as doze do município. Como de costume, a guarda civil metropolitana patrulhava o evento meramente para o conforto dos cidadãos. O evento que ocorria sempre nessa mesma época do ano costumava atrair uma multidão de milhares de pessoas que vinham de todas as cidades próximas. Visitantes de Oásis Dourado, Madeira Negra e Miragens estavam entre elas. O palanque era grande e fora devidamente enfeitada com faixas de boas vindas ao tão esperado visitante de pelagem rubra, alvi e negra. O famigerado Panda Vermelho. Enquanto o animal não era exposto, um grupo de dança folclórica se apresentava no palco sob uma música típica dos antigos mineiros que povoaram a região em tempos remotos.

- Esse ano o frio está pior que nos outros!

- É verdade, mas a vista daqui é linda. Os pinheiros que cercam os morros nos redores de Campo das Flores faz parecer que estamos em um cartão postal. - Comentam os visitantes do evento.

O cheiro de salgados e doces atraiam a multidão para os entornos da praça. Um parquinho improvisado pela prefeitura trazia uma legião de pais e filhos que parecia crescer a cada ano.

Ágata desce de sua moto, retira o capacete Kraft de couro e coloca os óculos escuros estilo aviador. No último mês, não se conteve. Vendeu algumas moedas de ouro na casa de penhores e pagou à vista pela Harley Davidson de Cris. Obviamente que ela precisou de algumas aulas de direção com o rapaz. Mas isso não foi obstáculo para a empolgação da jovem que agora era dona de uma motocicleta clássica.

"Faz tempo que eu não vejo tantas pessoas juntas assim".

Do bolso, Ágata saca o iPhone e liga para a amiga.

- Pati, eu já cheguei. Onde você está?

- Alô, Ágata. Meu! Você precisa experimentar esse vinho quente!

- Já está bebendo? Há, há, há.

- Ah, desculpe queimar a largada. Eu ia esperar você chegar. Mas vem pra cá rápido. Eu ainda nem comecei. É uma barraquinha de tenda verde e branco do lado direito do palco.

- Certo, me espere. Eu já estou a caminho.

Ágata cruzava o centro da cidade com dificuldade. Quanto mais se aproximava da praça, mais sentia a densidade demográfica aumentando. Entretanto, uma pequena aglomeração de pessoas despertou a sua atenção.

Em um dos cantos da praça, olhares curiosos disputavam uma fresta entre as cabeças uns dos outros para observar algo que acontecia ali. Ela se aproximou, desviando de seu curso que ia em sentido ao palco, e antes que conseguisse alcançar o motivo de tanta curiosidade, ela escutou uma voz em alto tom e aparentemente enfurecida.

- Eu vou arrebentar a sua cara, seu cretino!

- Deixa ele pra lá, amor. Ele está bêbado.

- É isso mesmo. Eu estou bêbado! Sumam daqui vocês dois!

- Eu quero o meu dinheiro de volta!

- Deixe o dinheiro pra lá, amor. - Pedia a esposa do homem de temperamento arredio. - Ele é só um pobre coitado.

Sentado e cabisbaixo, o rapaz embriagado retira um punhado aleatório de moedas que tinha em um chapéu no chão, ao seu lado, e os arremessa displicentemente no casal.

Enfurecido, o homem dispara em direção ao bêbado e lhe acerta um soco no rosto. O rapaz, que nem teve tempo de reagir cai para traz e derruba no chão o cavalete e a mesinha onde ficavam seus materiais de desenho.

A Câmara Secreta de ÁgataOnde histórias criam vida. Descubra agora