Em Esparta uma cerimônia pomposa foi organizada para receber seus heróis dos Jogos Olímpicos, entre eles o mais reverenciado e aplaudido era Lisandro. O supremo vencedor do pentthatlon, a mais honrada modalidade atlética.
No dia da chagada da comitiva a pólis os aguardavam em um gigantesco banquete em praça pública. Mesas cobertas de iguarias espalhadas por todo canto, hilotas, esparciatas e periecos comungavam em harmonia. Era momento de festejar a força e glória de Esparta. Suas conquistas se estendiam além dos campos de guerra. Isso era proclamado em todos os discursos dos gerontes e éforos.
Cheio de afetação Dídimo pediu silêncio a comunidade para se pronunciar. Subiu em um pequeno púlpito arranjado para os discursos e principiou, dizendo:
- Caros concidadãos, é com muita alegria que hoje festejamos nossas vitórias sobre essas tribos frágeis de toda a Hélade. Esparta, mais uma vez, denota sua força e superioridade sobre essas pessoas voltadas para futilidades. Nenhuma outra pólis teve os resultados que obtivemos nesses Jogos Olímpicos, nenhum deles reverenciou e honrou mais ao deus supremo, Zeus. Zeus seja homenageado!
Os espartanos bradaram em tremenda agitação. Dídimo prosseguiu:
- Quero aqui apenas lembrar de nosso mais valoroso herói. Sem duvida ele é digno de ser aclamado e reverenciado por todos nós, curvar-nos-emos diante de sua glória, Lisandro, filho de Praxedes, neto de Leônidas! – estirou o braço na direção de Lisandro, que se encontrava silente ao lado de Pânfilo. Mais uma vez brados entusiásticos. – Ofereço-lhes, espartanos, esse nobre herói!
Lisandro foi tomado pelos patrícios e levado em seus braços pelas ruas da cidade em grande comemoração. Pânfilo pode ver quando Trasíbulo trocou com seu pai um olhar cúmplice e perverso onde uma inexplicável ironia estava presente. Aquilo não era nada promissor.
- Não sei onde posso conseguir moedas macedônias, mas posso pedir a algum hilota que tente me arranjar – disse Agnês sentada a mesa junto com Lisandro, em sua casa. Ele havia acabado de lhe contar seus planos de fugir com Ródia. Sua velha Ag não se opôs em nenhum momento. Não achava uma boa ideia. Seu intento era demasiado perigoso, tinha convicção disso. Se algo desse errado os danos nem mesmo poderiam ser estimados. Entretanto, guardava todos esses julgamentos para si mesma. Se ele quisesse minha opinião, decerto pediria. Está tomado por eros. Isso pode ser perigoso, mas não posso impedir que um hoplita trace seu caminho e o siga como desejar. Espero que ocorra tudo bem, pensou consigo mesma.
- Não. Isso pode levantar suspeitas – respondeu Lisandro engolindo um trago de vinho.
- Então leve consigo moedas de Atenas. Essas posso arranjar facilmente. São aceitas na Macedônia, pelo que pude apurar.
- Tem certeza?
- Oh, sim. Sim. Falei recentemente com um hilota que esteve na Macedônia... Espere... ora, como não pesei nisso antes. Batista pode conseguir essas moedas sem problema algum e ele é muito discreto também. Seu problema está resolvido.
- Oh, muito obrigado tia Ag! Não sabe como isso me deixa feliz. Sabe que a amo muito, não é? Desde que era pequeno. Você foi uma mãe como nunca pude sonhar.
- E você o filho que nunca pude ter!
Lisandro deixou sua taça sobre a mesa e foi até Agnês. Deu-lhe um forte e carinhoso abraço. Alguém chamou à porta.
- Deixe-me ver de quem se trata – falou a velha soltando-se do amplexo tão impregnado de afeto que a fizera chorar e dirigindo-se à porta.
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Hoplita
Historical FictionUm espartano apaixona-se perdidamente por uma ateniense. A rígida sociedade ateniense, em que as mulheres sequer podem sair às rus sozinhas, impediria qualquer possibilidade desse amor prosperar. O que vai dificultar ainda mais essa história de amor...