Capítulo 3

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Ana já estava dentro do ônibus esperando a partida, sentada ao lado de sua amiga Carla, comia a maçã e olhava para o telefone.

- Veja só amiga, o Roger não para de me mandar mensagem.

- Ué, ele se apaixonou no dia da festa. - Salientava Carla com um sorriso debochado no rosto.

- Minha nossa, nunca vi ninguém se apaixonar tão rápido assim. - Disse Ana enquanto enchia as bochechas de ar tentando demonstrar cansaço.

- Quem mandou fazer um trabalho forte com o rapaz, agora ele está na expectativa.

- Ele é muito bonzinho, foi divertida a noite da festa.

- Bonzinho? Ih, não levei fé.

Ana ria, não sabia se discordava da opinião da amiga. Já estava atrasada a partida do ônibus, o que Ana realmente queria era colocar a mão no dinheiro da indenização para resolver a situação de sua mãe. Logo, apareceu Paulo na porta do ônibus dizendo: - Todos em seus lugares vamos retomar a viagem. Dentro de uma hora e meia estaremos na cidade.

- Olha aquele braço, amiga! Minha nossa o tamanho daquela mão. - Falou Ana enquanto se abanava.

- Ana, Ana... te comporta.

- Ué, que eu saiba olhar não tira pedaço.

A viagem seguia normalmente o seu curso, quando chegou perto da cidade o advogado levantou para dar as últimas instruções.

- Pessoal, eu já deixei tudo agendado no banco. Nós vamos chegar lá e eu vou procurar o gerente, ele já disponibilizou um funcionário para atender a gente, já mandei o nome de cada um de vocês, ele vai chamar por ordem, já separem seus documentos para agilizar o atendimento.

Quando chegaram, Paulo orientou que estaria com o ônibus estacionado na praça da matriz o dia todo e na medida em que alguém fosse atendido e estivesse pronto, se precisasse ir no ônibus para pegar alguma coisa, sempre estaria alguém ali esperando.

A agência abriu e todos já estavam preparados para entrar, Ana foi uma das primeiras a ser atendida, quando saiu do banco correu logo para o ônibus a fim de ligar pra a sua mãe. Quando entrou no ônibus, apenas Paulo estava sentado no banco da frente.

- Oi, fui a primeira, estou pronta e ainda vou poder aproveitar o dia todo aqui na cidade. - Ana comentou com ele, eufórica.

- Você é uma menina de sorte. - Disse Paulo.

- Sou mesmo, acho que hoje é um dos dias mais felizes da minha vida.

- Essa fortuna deve ter sido grande. - Ironizou ele.

Ana, como sempre, tinha o poder de deixar ele embaraçado com suas respostas. – Fortuna não foi, mas é o suficiente pra salvar a vida da minha mãe.

- Sério? - Paulo imediatamente esmoreceu. – Desculpe se fui inconveniente.

- Que nada. - respondeu ela. – Apenas respondi a sua pergunta com honestidade. Cada um de nós que estamos aqui, vivemos dramas diferentes, minha amiga precisou trancar a faculdade e voltar para Bom Jesus porque não conseguia mais se sustentar aqui na cidade, hoje ela vê a oportunidade de continuar realizando o seu sonho.

Paulo ouvia tudo em silêncio. Enquanto ela continuava a falar.

- As histórias são diferentes, mas a alegria é a mesma. - Ana sorriu abertamente enquanto falava, olhando fixamente nos olhos de Paulo. Ele não conseguiu guardar a curiosidade no peito e perguntou:

- E sua mãe?

Ana nem se quer deixou ele formular a frase, já começou a contar. – Minha mãe está muito doente, e ela é tudo que eu tenho na vida. Quando ela recebeu o diagnóstico foi horrível, mas pior ainda foi ouvir do médico que a fila de espera pela cirurgia no sistema público era em média seis anos.

A Última Prova de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora