Capítulo 4

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Paulo sabia que toda aquela aproximação com o pessoal do vilarejo não era bom para os negócios. Ele havia combinado com o seu companheiro que apenas um deles ficaria a disposição no ônibus justamente para evitar os vínculos. Encantar-se por Ana era inevitável, já havia indícios que isso iria acontecer desde a primeira vista.

Ele fez contato com seus companheiros, certificou-se que tudo estivera sob controle e ficou na expectativa pela volta de Ana para o almoço. Por volta do meio dia, Ana surgiu com algumas sacolas nas mãos e veio em direção a ele. Paulo estava sentado em um dos bancos da Praça da Matriz em frente ao ônibus da excursão.

- Olha só o que eu comprei pra minha mãe. - Ana abria uma das sacolas e puxava um tecido rosa claro para mostrar a Paulo. – É um pijama, ela vai precisar quando sair da cirurgia.

Paulo, como quase todo homem, não era muito ligado em detalhes, mas ficava admirado com o cuidado que ela demonstrava pela mãe.

- vou deixar no ônibus para ir almoçar. Você já almoçou?

Paulo esperava ansiosamente a chegada daquele momento, jamais teria ido almoçar sem ela, porém respondeu como se fosse um acaso: - Te aguardo e almoçamos juntos. Conheço um restaurante muito bom, fica perto daqui.

O restaurante ficava a três quadras dali. Olhos D'água era uma cidade de belas paisagens. Para chegar lá eles passaram por uma avenida toda coberta por árvores. O dia estava agradável nem muito frio nem muito calor, o vento batia no rosto de Ana e esvoaçavam seus cabelos deixando-a ainda mais bonita. O abdômen definido de Paulo também ficava marcado pela brisa que colava sua camisa no corpo. Ele apontou para o restaurante e os dois se dirigiram para a entrada.

Era um local simples, parecia muito limpo. Cheiro agradável. Na porta de entrada uma Senhora, extremamente antipática sentada distribuindo uma fichinha de papel a cada um que entrava. Ana cumprimentou educadamente, porém ela mal mexeu os lábios para retribuir o cumprimento.

- Nossa! Essa senhora com a bunda colada na cadeira deve estar com problema de gases.

Paulo sorriu como se concordasse com Ana enquanto ela completava:

- Tem que tirar essa múmia daí, senão vai espantar a clientela.

Ana pegou quatro pedaços de maça que estava servido no bufê e um pouco de estrogonofe de frango, enquanto Paulo carregou o prato com batatas fritas e lasanha.

- Vai comer só isso depois vai querer o meu.

- Meu Deus, se eu como isso acumula tudo no culote.

- Você é perfeita, não tem que se preocupar com isso.

Aquele elogio a fez gelar por dentro. Ela gostava de ser desejada.

Ana era bonita, mas não era uma beleza sobrenatural, o conjunto que a fazia espetacular. O jeito doce, porém independente. A mistura de inocência com sensualidade era realmente encantadora.

Eles escolheram um lugar próximo a porta para sentar. Uma mesa com toalha xadrez e sobre ela um suporte que tinha alguns condimentos. Na parede alguns quadros de pintura abstrata que combinavam com a tonalidade alaranjada da decoração.

A atração do momento era observar aquela senhora, antipática, que se revezava entre distribuir as comandas e cobrar os que já estavam saindo. Ela parava de frente a um pequeno ventilador que balançava a sua saia com o vento. Ana passou muito tempo tentando criar para Paulo, uma teoria, que explicasse o motivo de tanta carranca. Na saída tinha fila para pagar, o restaurante era movimentado e Ana observava que aquela senhora pedia o nome de quem estava pagando para colocar na nota e comentou para ele:

A Última Prova de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora