Meu Italiano | Livro 01 - Trilogia "Meu" [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo Quinze

Miguel dos Santos

Ouvir a história de Dominic me deixou um pouco chocado, nunca iria imaginar por tudo que ele passou. Saber sobre sua vida de ex mafioso também me deixou bem surpreso, mas isso não me faz temer a ele nem nada do tipo. O que me deixou triste foi saber da relação dele com seus pais, saber da ausência e falta de amor pelo único filho. Percebi que, apesar de Dom querer sempre parecer forte e inatingível, o encontro com seus pais o abalou, pois apesar de tudo, vi que ele sente a falta de receber pelo menos uma palavra de carinho dos dois.

Depois da nossa conversa acabamos pegando no sono e quando acordo já é quase noite. Olho para o lado e vejo Dominic em um sono tranquilo, fico o admirando e pensando o quanto ele é um homem forte. Ele tinha tudo para deixar se abater, mas prefiriu seguir em frente e se reerguer, e isso me faz ter orgulho por amar uma pessoa assim. Resolvo levantar para poder ver se Tomás já está acordado, então com cuidado tiro o braço de Dom que estava sobre mim e me levanto, indo em direção ao banheiro para escovar os dentes.

Entro no quarto de Tomás e encontro ele sentado no tapete, rodeado por lápis de cores e canetinhas, ele está tão concentrado no desenho, que nem nota minha presença. Fico observando ele por um tempo e nem acredito que agora tenho um filho. Quando Tomás me pediu para ser seu papai, confesso que fiquei com um pouco de medo, pois não sei se meu relacionamento com Dominic vai durar. Mas se depender de mim, vou estar sempre com eles e por mais que meu namoro com Dom chegue ao fim, eu sempre amarei Tomás e o considerarei meu filho.

Saio dos meus pensamentos e entro mais no quarto, pois ainda estava parado na porta. Me sento ao lado de Tomás e aí sim ele me nota. Quando ele me vê, vem em minha direção e me dá um abraço e um beijo.

- Oi meu bebê! - Falo, deixando beijinhos pelo seu rostinho.

- Oi papai! - Ele diz e volta para o seu desenho. Ouvir ele me chamando de papai quase faz meu coração parar de emoção.

- O que você está fazendo? - Pergunto, olhando para o seu desenho.

- Tô' desenhando a nossa família. - Responde, me deixando surpreso.

- Deixa o papai ver seu desenho. - Peço e ele vem para o meu lado me mostrar o que estava fazendo. Ele estende o desenho em minha direção e vejo que há três bonequinhos desenhados. O primeiro é alto, tem cabelos amarelos, dois pontos azuis como os olhos e sua mão segura a de um bonequinho menor, que tem cabelos também amarelos e dois pontinhos verdes nos olhos. O último bonequinho está de mãos dadas com o menor e tem os cabelos pretos e olhos azuis. Fico admirado com o desenho dele, que me deixou bem emocionado.

- Gosto, papai? - Me pergunta em expectativa, me olhando com aqueles grandes olhos castanhos esverdeados.

- Eu não gostei, cebolinha. - Digo e vejo ele ficar triste. - Eu amei o desenho, meu anjo! - Falo, puxando ele pro meu colo, dando muitos beijos em suas bochechas gordinhas.

- Voxê acha que o papai vai gosta? - Ele pergunta com curiosidade e expectativa.

- Garanto que ele vai amar, cebolinha. Que tal agora você ir me ajudar a preparar o jantar e depois você entrega o desenho para o seu pai? - Pergunto, me levantando com ele em meu colo.

- Eu quelo ajudá! - Diz contente. Então saímos de seu quarto e fomos para à cozinha. Já que Amália foi embora depois do café para sua folga, achei uma boa eu mesmo fazer o jantar, uma vez que eu adoro cozinhar e com a ajuda de Tomás vai ser melhor ainda.

Coloquei uma música no celular e comecei a separar os ingredientes para fazer um nhoque. Comecei preparando o molho, com Tomás me ajudando a colocar os temperos e em seguida passamos para a massa. E depois de uma pequena guerra de farinha entre mim e Tomás, terminamos de fazer a massa do nhoque. O jantar já está quase pronto, quando ouvimos uma voz grossa na entrada da cozinha.