Meu Italiano | Livro 01 - Trilogia "Meu" [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo Vinte e Quatro

Dominic D'Ângelo

Olho do meu pai para Amália e estou completamente perdido. Acho que meu pai deve estar abalado e confundindo as coisas. Não é possível que Amália seja minha mãe.

- Babo, você está confuso. Só deve estar achando Amália parecida com a minha mãe. - Falo e vejo meu pai balançando a cabeça em sinal de negação.

- Não filho, ela é a Carmem! Fala pra ele. - Ele pede e vejo que Amália começa a chorar.

- Eu... Desculpa, Dominic! Não podia falar nada antes. - Ela diz com a voz baixa e chora mais.

- Eu pensei que você estava morta, te procurei por anos. Por que você foi embora? - Pergunta meu pai e ouço a mágoa em suas palavras.

- Eu tive que fazer isso, Romero. Eu posso explicar tudo. - Ela diz, me olhando em súplica.

- Eu não sei se quero te ouvir. - Falo, me sentindo magoado e confuso por saber que sempre estive perto da minha mãe e não sabia.

Quantas vezes eu precisei de um simples abraço e não havia ninguém por perto que pudesse me dar esse pequeno afago. E agora, saber que minha verdadeira mãe esteve anos ao meu lado e nunca disse nada é perturbador.

- Amor... Escuta a Amália, ela deve ter uma ótima explicação por não ter falado nada. Eu sei que você quer ouvir. - Fala Miguel, pela primeira vez, e depois de pensar um pouco eu concordo com ele.

- Ok! Vamos para à sala. - Falo e pego Tomás que estava com Miguel, seguindo para à sala e me sentando no sofá. Miguel se senta do meu lado e pega na minha mão como se me passando confiança. Vejo meu pai se sentando no sofá à minha frente e Amália do seu lado.

- Seu pai já deve ter falado pra você da nossa história. - Ela diz depois de um tempo em silêncio.

- Sim. - Respondo de modo simples.

- Antonella me odiava por seu pai me amar e por estar grávida dele. Eu fiquei escondida em uma casa do seu pai durante toda a gestação, mas não sei como ela me achou. No dia eu entrei em trabalho de parto e tive você sozinha, ela apenas me olhava e não fazia nada para me ajudar. Quando você nasceu, eu mal te peguei no colo e ela me tomou você. Ela me ameaçou dizendo que se eu não te entregasse a ela e sumisse da vida do seu pai, ela te mataria. Não tive alternativa a não ser deixar você ir com ela. Foi o pior dia da minha vida, eu te amava tanto e queria apenas ficar com meu filho, mas tive que deixar vocês e vim para o Brasil. Tentei me reconstruir aqui, então mudei meu nome e comecei uma nova vida. Alguns anos depois, quando vi uma notícia sobre você estar morando aqui, fiz de tudo para te achar. Mas eu não poderia me apresentar como sua mãe, ninguém nunca acreditaria em mim. Então, quando soube que precisava de uma governanta eu me candidatei a vaga e consegui. Foi o único jeito que achei para estar perto de você, meu filho. Me perdoa por tudo, eu só fiz isso para te proteger daquela mulher. Eu sempre te amei, Dominic. - Escuto o relato de Amália e vejo ela chorando bastante quando termina.

Eu sinceramente não sei mais o que fazer e pensar. Em uma semana descubro que a mulher que pensei ser minha mãe a vida inteira não tem nenhum laço de sangue, nem emocional comigo. E depois ainda descubro por acaso que a governanta da minha casa, que conheço há dez anos, é minha mãe biológica. Sinto minha cabeça dar um nó e acho melhor esperar um tempo para eu poder colocar todas as minhas ideias no lugar.

- Eu preciso pensar e tentar absorver tudo isso. - Falo, me levantando do sofá com Tomás, que acabou dormindo nos meus braços.

Vou em direção às escadas e subo, indo para o quarto de Tomás e o deitando na cama. Logo em seguida vou para o meu quarto e resolvo tomar um banho gelado para esfriar a cabeça. Saio do banheiro alguns minutos depois e sigo para o closet. Coloco apenas uma cueca boxer e quando saio de lá, vejo Miguel sentado na cama e quando me vê, ele abre os braços em um convite. Sigo em passos apressados até ele e abraço meu anjo o mais forte possível, tentando buscar em seu abraço todo o conforto que preciso no momento.