Capítulo Vinte e Três

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Dominic D'Ângelo

- Dom, tentaram me matar. - Miguel sussurra, assim que termina de ler e percebo que ele está em choque.

E isso era tudo o que eu menos queria agora, assustar o homem que eu amo e minha família por causa de um passado estúpido, o qual eu nunca quis, mas tive que me adaptar.

- Anjo, se acalma. Ninguém vai machucar você, porque eu não vou deixar. - Falo com calma e ele vem em minha direção e me abraça. E apesar de sentir muita dor, eu retribuo seu abraço com a mesma intensidade, pois nós dois precisamos desse contato.

- Mas e você, Dom? Dessa vez não aconteceu nada comigo, mas com você sim! E dá próxima, quem vai se machucar? - Sinto as lágrimas de Miguel em meu ombro enquanto ele fala com a voz embargada e isso parte meu coração.

- Desculpa, meu anjo. Isso tudo está acontecendo por minha causa, não queria que você estivesse envolvido nesse perigo. - Passo as mãos em seus cabelos e ele me olha com os olhos húmidos.

- A culpa não é sua se essas pessoas são loucas, Dominic. - Fala convicto. - Você não é o monstro aqui.

- Eu te acho tão bom para estar com alguém como eu, anjo. - Falo sincero e ele me olha como se eu fosse de outro mundo, o que me faz rir, mesmo a situação não sendo para isso.

- Olha aqui, seu italiano idiota, você é perfeito pra mim! Para com essas paranóias, porque a culpa não é sua. - Ele diz bravo e me dá um beijo em seguida, e nesse beijo sinto todo o seu amor por mim e assim me sinto melhor e até mesmo seguro.

Ouvir aquelas palavras, escritas naquele cartão, foi como se injetassem raiva e ódio em minhas veias. Minha vontade agora é ir atrás do desgraçado do George e acabar com ele, mas no estado em que eu estou é meio impossível. Eu jamais me importei de mexerem comigo, já passei "poucas e boas" nesse vida, mas outra coisa é mexer com a minha família. Mas se ele acha que vai ganhar essa fácil, ele está muito enganado... Eu posso não ser mais da máfia, mas o sangue de mafiosos corre por minhas veias e ficar quase cinco dias desacordado em um quarto de hospital por um tiro não é nada legal. Só que eu faria tudo de novo para proteger o meu anjo. Quando vi que ele estava em perigo não pensei muito, só agi para protegê-lo. E quando eu por as mãos no desgraçado que fez isso, ele pagará bem caro.

Ficamos ali no quarto abraçados, depois daquela pequena ameaça, tentando esquecer os problemas que nós já estamos enfrentando e os futuros que virão. Depois de algumas horas, fiquei sabendo que teria que ficar no hospital por mais cinco dias... Nem preciso falar que surtei com a notícia. Odeio me sentir um inútil e era isso que estava sendo ali naquela cama de hospital, sabendo que eu e minha família estamos sob ameaça.

Miguel ficaria comigo durante o tempo no hospital e Amália ficaria com Tomás. Estava com saudades do meu filho, saber que ele me viu sendo baleado me dá mais raiva ainda de George. Tentar matar alguém na frente de uma criança é algo monstruoso.

* * *

No dia seguinte acordei sentindo algumas dores no lugar onde levei o tiro. Olhei pelo quarto e não vi Miguel, não gostei de acordar e estar sozinho, já me acostumei a ter a presença de Miguel sempre comigo. Alguns minutos depois escuto a porta se abrir e uma enfermeira entrar. Ela parece ser bem jovem e é até bonita.

- Bom dia, senhor D'Ângelo! - Fala sorrindo. - Vim trocar o seu soro. - Ela avisa e eu assinto, não dando muita importância.

Observo os olhares que ela me lança e tenho que me segurar para não rir. Antes eu estaria bem encantado por sua beleza, mas agora que tenho Miguel na minha vida é como se as outras pessoas não existissem mais.

Meu Italiano | Livro 01 - Trilogia "Meu" [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora