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"When your big in Japan, tonight

big in Japan, be tight,

big in Japan where the eastern sea's so blue

big in Japan, alright, pay, then I'll sleep by your side

things are easy when you're big in Japan, when you're big in Japan."

(Big In Japan, Alphaville)

Akira me recebeu no aeroporto. Eu ainda estava digitando o e-mail anterior. Ele tem 25 anos. Usa óculos de aros grossos e usa roupas que parecem ter sido retiradas do armário do irmão mais novo. Aparentemente é uma tendência fashion, o kawaii. Finalmente pude voltar a usar a minha jaqueta de couro, pois choveu bastante por aqui. Na Índia e na China foi uma tarefa impossível. Às vezes é difícil parecer cool em altas temperaturas. Talvez compre uma camiseta do Snoopy aqui para não destoar tanto. Enfim, ele me levou diretamente para uma casa de Lámen. É um lugar interessante. O lámen é aquele macarrão fino. E ele é servido com um caldo. E as pessoas o comem com hashis. Sim, aqueles palitos. Achei que fosse uma tarefa impossível, mas não é. Akira tentou me explicar, mas como a dona do estabelecimento é uma ocidental como nós, tive a felicidade de receber um garfo e uma colher para me ajudar no processo.

Estar no Japão foi uma experiência estranha. É um choque temporal. Ao mesmo tempo em que você se encontra em um dos países mais desenvolvidos do mundo, podemos encontrar tantas tradições milenares.

E sobre isso que eu conversava com Akira. Em um momento cruzávamos com algum pórtico antigo, que remetia há séculos atrás e no outro lado da rua podíamos encontrar alguma máquina de venda ou um grupo de jovens vestidos como personagens do Dragon Ball.

Então, Danny, você está procurando explicações sobre o que é a felicidade para as pessoas?— perguntou Akira, quando caminhávamos em uma rua cheia de cerejeiras.

- Sim, estou tentando ajudar uma amiga. Na verdade. Também estou tentando me ajudar. Sabe. É difícil viver no Ocidente às vezes. Somos extremamente cobrados. Temos que sorrir o tempo todo. É cansativo. Às pessoas não conseguem mais admitir momentos de fragilidade. E vejo meus amigos surtando, buscando essa realização quase irreal. Então, como todo mundo viaja pra Ásia para se encontrar espiritualmente e blá, blá, blá. Estou aqui — respondi com um sorriso amarelo.

Aqui também somos cobrados, Danny. Muito. Se não somos perfeitos na escola, no trabalho. Temos que viver para o emprego. Eu tive que pedir demissão, pois estava enlouquecendo. Agora faço pequenos trabalhos para algumas pessoas. O que não é bem-visto pela minha família, mas traz paz de espírito pra mim, entende? Eu não quero amanhã depois ser encontrado depois de tomar uma atitude mais drástica.

—Drástica como? — perguntei um tanto assustado.

Danny, as pessoas olham a beleza dos prédios, do Fuji, das tradições, mas não enxergam esse lado sombrio. Muitas pessoas, bem, nem gosto de falar sobre isso, mas elas preferem morrer do que continuar com tantas cobranças sociais. Existe uma floresta aqui onde as pessoas vão — disse Akira, procurando com o olhar algo no horizonte, uma distração, para esconder a emoção que surgia no seu olhar.

— Eu já li sobre isso, mas nunca ouvi falar sobre essa floresta. Desculpe, não foi minha intenção —

Desculpei -me e desviei o olhar para o Monte Fuji, o vulcão imponente, que toma conta do horizonte.

Infelizmente Danny nós não podemos falar de felicidade sem falar de sofrimento. Acho que seria interessante irmos até lá. Acho que é o melhor lugar para falar do assunto. Hoje estou meio emotivo, pois lembrei de algumas pessoas que desistiram. Mas nós vamos lá para mostrar nosso respeito. E quero lhe falar sobre a minha visão de felicidade.

A Felicidade Segundo Danny EdwardsOnde histórias criam vida. Descubra agora