Medo

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— ELLIE!

Pulo na cama com o barulho alto da porta do quarto sendo aberta de maneira bruta, me deparando com minha mãe.

— Já é terceira vez que te chamo! O que aconteceu? Nunca precisei fazer isso antes...

Suspiro sonolenta, forçando meu corpo preguiçoso a sair da cama e ir para o banheiro, ouvindo as reclamações da minha mãe que por um milagre havia acordado cedo nesse dia que provavelmente será chuvoso.

Cody não havia aparecido ainda e aquilo estava me matando. É como se parte de mim tivesse me deixado e eu só conseguia pensar que iria matá-lo quando finalmente vê-lo.

Visto o primeiro suéter ao meu alcance, meus jeans e tênis antes de pegar minha mochila e sair do quarto rumo á cozinha.

Uma aflição parecia crescer em mim á cada segundo que passava, e o pior é não poder falar para ninguém o que estava sentindo e porquê. Ninguém entenderia e aquilo estava me matando.

Uma necessidade crescia em mim e eu mal sabia do que era, apenas sabia que precisava dar um jeito naquilo, e rápido. E se eu não tiver mais chances? Se eu tiver feito algo errado e nem ao menos soube? O que eu vou fazer agora?

Minha cabeça estava á ponto de explodir e á cada segundo minha esperança de Cody aparecer e acabar com essa tortura sumia.

Engulo em seco sentando na mesa do café, vendo meu pai ler o jornal de maneira calma. Eu invejei essa calma, já que enquanto ele estava pleno, eu estava prestes a explodir.

Na verdade eu queria sair correndo gritando implorando por Cody de volta. Adiantaria?

— Ellie? —olho para minha mãe, que me estendia um prato de panque as enquanto me olhava confusa e um tanto preocupada — Está me ouvindo, querida?

— Sim, sim, desculpe. — recolho o prato rápido, ignorando seu olhar me queimando.

Não sentia fome, na verdade, eu sentia que se comesse algo naquele momento vomitaria, mesmo que meu estômago reclamasse pela fome.

Eu não lembrava de me sentir nervosa assim há tempos.

Me obriguei a comer, vendo que pela fome comi tudo no prato em poucos minutos, mas isso não me ajudou a relaxar.

Aceito a carona do meu pai até a escola, passando todo o caminho pensando em Cody. Ele está bem? Vamos nos ver de novo? Será que ele está bravo comigo? Ele desistiu de mim? Eu não sei o que faria se soubesse que não o veria nunca mais, que tudo estava acabado. Ele é tudo o que eu tenho.

Assim que coloco os pés no pátio repleto de alunos da escola me sinto um peixe fora d'água preste a afogar-se no meio de toda aquela gente que não compartilhava nem de longe os mesmos sentimentos que eu, e muito menos os entenderia. Tecnicamente um peixe não poderia se afogar, mas dane-se.

Eu precisava sair dali. Rápido. Ou iria surtar.

Vejo o carro do meu pai desaparecer enquanro virava a esquina e dou meia volta, me afastando daquele prédio.

Caminho pela rua sem nenhum rumo exato, e pela primeira vez no dia, a agonia pareceu diminuir e a dor parar de rasgar meu peito pouco á pouco. Não estava bem, mas pelo menos não estava prestes a explodir. Apenas uma angustia e um sentimento estranho de nostalgia ao ver as crianças se divertindo próximo de onde eu estava.

Suspiro quando sinto o vento gostoso da manhã bater em meu rosto, bagunçando alguns fios do meu cabelo. Vejo que estou em um parque que me parecia familiar apesar de eu não lembrar de ter estado lá algum dia e continuo caminhando até uma ponte em cima de um lago.

Imaginário [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora