O Começo do Fim

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Acordo com um barulho abafado que me tirou aos poucos do sono, me fazendo grunir antes de abrir os olhos. Que droga era aquela?

Passo alguns segundos até entender que se tratava de vozes na sala que reconheci como a dos meus pais, e não pareciam nada felizes.

Me sento na cama, vendo que Cody já havia ido embora, como sempre. Ele já havia comentado sobre sua família não gostar quando ele dormia em outro lugar.

Suspiro pesado ao ouvir a voz chorosa da minha mãe. Ela e meu pai estavam brigando? Isso não era nada comum.

Largo os pensamentos e todo meu corpo entra em alerta quando ouço meu nome ser citado por uma terceira voz, e logo a confusão voltar.

Deus, o que eu havia feito agora?

Pulo da cama e caminho em passos silenciosos até o topo da escada, onde eu poderia ouvi-los melhor e eles não tinham a visão de mim.

— O que vamos fazer, Mike? — minha mãe pergunta chorosa para meu pai, e não ouço sua voz, e sim de outra mulher.

— Eu fiquei completamente em choque. Não dormi direito, por mais que tenha tomado remédios. Sinto como se tudo... — a voz fraca soluça, e a dor palpável em seu tom me fazia querer sair dali e abraçar quem quer que fosse - Como se tudo estivesse voltado.

Com o final da frase, só é ouvido seu choro por alguns minutos angustiantes que nos quais eu me perguntei porque meu nome havia sido citado ali.

— Como é possível? — pela primeira vez, a voz tensa do meu pai é ouvida  — Digo, não tem como ela ter simplesmente ter ido até lá. Ellie não... não lembra de nada.

Minhas batidas falham por um momento e meu corpo todo tensiona quando raciocino sua fala. É verdade, falavam sobre mim. Sobre eu ter  feito algo e não lembrado? O que? Eu seria sonambula? 

Não, com certeza não. Cody me avisaria caso eu fosse.

— Me arrepio toda só de imaginar...— minha mãe não completa a frase, e logo a mulher em sua frente murmura algo incompreensível.

— Será?

— Não falem besteira. — meu pai é quem diz, depois de respirar fundo — Jodi, precisamos fazer algo em respeito a isso. Precisamos cuidar da nossa filha.

Engulo em seco, me sentando no chão afim de escutar mais. Abraço meus próprios joelhos sentindo o medo me domar. O que estava acontecendo?

— O que você sugere? Vamos falar com ela? Vamos falar pra ela?

— Eu quero falar. — a desconhecida se pronuncia desesperada, me causando medo.

Quem era aquela mulher, afinal?

Tento me esticar para vê-la, mas seria impossível fazer isso sem ser vista.

— Não, acho melhor algum profissional cuidar disso. — meu pai dita, e o cuidado e proteção em sua voz me faz sentir pelo menos um pouco mais segura.

Me encolho ainda mais onde estou, me sentindo cada vez mais indefesa.

Queria que Cody estivesse aqui, e muito.

— É verdade, não podemos falar com ela antes que ela se trate adequedamente com alguém confiável. — era minha mãe.

— Eu preciso falar com ela, e logo. — a voz da mulher desconhecida saiu agoniada, o que me assustou mais um pouco.

—  Não deixarei você chegar perto de Ellie até que ela esteja devidamente tratada pela melhor equipe de psiquiatras do país.

As palavras "tratada" e "psiquiatras" gritaram em minha mente e senti todo meu corpo entrar em alerta enquanto o pavor me consumia por inteira. Eu estava doente? E da cabeça?

Imaginário [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora