Capítulo 25 "Então alguém recuperou a memória"

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Link da playlist no link externo e na minha bio. Pergunta de hoje: Alguém já mudou de equipa?



A viagem de elevador é incrivelmente lenta e quando as portas se abrem ele desaparece como um foguete para dentro do seu escritório. Lentamente sento-me na minha cadeira e poiso a cabeça sobre mesa. O que é que ando a fazer á minha vida? Como é que me deixei chegar a este ponto? Quem sou eu que leva este homem para dentro de casa e o cobiça nas horas vagas? Estou metida num sarilho gigante!

-Estás bem?- Endireito a cabeça sem a levantar e olho para Samuel.

-Sou um desastre, uma calamidade! Não acerto nunca.

-Seja o que for passa-lhe, ele não fica muito tempo zangado.

Mas não lhe vai passar, porque a mim também não, porque estou confusa com estes sentimentos, deveres e obrigações, uma parte da minha mente e do meu corpo recorda-me constantemente o Harry desde que lhe pus a vista em cima há quase dois meses, e outra parte de mim sente-se elétrica de cada vez que discuto com Mr.Dono da razão. Parece que aquilo que faço melhor é puxar o lado menos pacifico das pessoas e transforma-las em algo que talvez nem fosse.

-Para além disso desde que chegaste ele grita muito menos, talvez tenha sido disto que todos precisávamos, uma ajuda extra, não deixes que o que ele te diz te faça pensar o contrário, andamos todos muito mais felizes.

Rio-me. Claro, toda a gente anda mais feliz á custa da confusão que estou a fazer na minha cabeça. Como é que é suposto daqui a quatro meses ir apresentar uma ideia a um painel de executivos e olhar para a cara deste que trabalha comigo e que me rasga as meias?

-Obrigada Samuel.

Ele sorri e dou-me por vencida. Felizmente trouxe as minhas coisas antes de sair e não preciso de voltar a ir ali dentro. Estou num péssimo humor e provavelmente é pela falta de comida, digo a Samuel que vou buscar comida e ele acena com a cabeça. O ar fresco faz-me bem e quando finalmente pego na minha comida e me sento num canto de um restaurante pequeno e acolhedor o cansaço abate-se sobre mim, passei o fim de semana a trabalhar e agora sinto-me exausta ainda para mais depois de me ter lembrado da porcaria que fiz quando não estava no meu mais perfeito estado consciente.

William...

Oh que vergonha!

Tapo a cara com as mãos e inclino-me para o sumo de laranja que me refresca e me deixa menos quente. Quando acabo e volto a entrar Samuel aponta para a minha secretária.

-Podes rever esses papeis e depois enviá-los de novo lá para dentro?

Aceno com a cabeça e reparo que tenho mais de oitenta páginas para rever. Reviro os olhos, claro que ele ia fazer uma coisa destas ele adora dar-me trabalho até eu não ser capaz de me aguentar acordada. Pego num marcador e começo a sublinhar aquilo que está mal e não devia chegar ás mãos do senhor perfecionistas, passo a lápis o que devia ser escrito e quando vou na página quareta Samuel levanta-se.

-Vou-me embora, se quiseres deixar isso para amanhã.

Encolho os ombros.

-Estou a pensar em faltar amanhã. - Digo na brincadeira...ou talvez não.

Talvez me devesse despedir...isto nem sequer é um trabalho a sério quem é que quero enganar?

-Não sejas tão dramática, esse papel é meu.

Ele veste o casaco e depois vem até mim com a mão no ar, bato na dele e depois sorri-me como quem me dá esperança de um dia melhor amanhã. Quando tinha testes muito importantes visualiza-me á mesma hora, mas no dia seguinte, dizendo a mim mesma que por essa altura já teria passado. Fico sozinha durante o que parece uma eternidade, oiço-o fazer barulho e depois as luzes dele apagam-se, ele sai para fora e parece surpreendido quando me vê. Vai evitar-me como tem feito durante desde saímos do elevador? Quer dizer uma parte de mim agradece mas outra tem esta impressão no peito, de que algo não está certo.

Two ways to lie *Concluida*Onde histórias criam vida. Descubra agora