Capítulo 5 "Costuma levar as estagiárias a casa?"

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Os meus saltos fazem com que eu tenha dificuldade em acompanhar William e as suas pernas gigantes. Ele leva a minha mala do computador ao ombro e quando entre no elevador segura-me a porta, como um pai zangado à espera que o filho passe para dentro. Baixo-me e volto a puxar as minhas botas para cima para que me tapem as canelas. Quando me levanto ele está a olhar-me para as pernas e começo a questionar se seria uma boa ideia entrar no elevador com ele.Ele arqueia as sobrancelhas e entro no espaço confinado de metal. O ar torna-se estranho e o meu coração acelera ao mesmo ritmo que o meu estômago. Apanho o cabelo rapidamente e vejo os pés dele mexerem-se em impaciência. Ele é o David de Miguel Ângelo e sinto-me completamente arrasada por nunca o poder ver de outra forma como meu chefe. Eu nunca jamais questiono a minha ética profissional por isso ele e o corpo dele precisam de se manter longe.

-Está muito calada.

Estava a comer-te com os olhos, agora deixam-me estou chateada.

-Não tenho nada para dizer.

-É a segunda vez que está a dizer isso. Olho para ele, os olhos azuis dele são facas geladas e eu quero que pare de olhar para mim, nunca vi um homem tão bonito e sinto-me profundamente zangada com ele. Isso pode ser um cocktail explosivo.

-Costuma levar as estagiárias a casa? - Ele volta a olhar para as minhas botas de pano antes de se rir.

-Não, geralmente estou-me a lixar para as estagiárias, mas a menina tem aí uma botas perigosamente finas para andar lá por fora, e talvez tenha sido um pouco bruto consigo, ah e claro mentiu à sua mãe, dou muito valor às mães.

Deves dar, especialmente quando te metes dentro das saias das filhas.

-Tenho outro par de sapatos na mala se isso o fizer sentir melhor.

-Não me parece. Venha.

E como todo poderoso que acha que é as portas do elevador abrem-se. Nunca vim à garagem e ele guia-me até a um carro alto, preto e demasiado espaçoso para um solteirão. Abre a porta de trás e manda o meu computador la para dentro, dá a volta e abre-me a porta, tenho que dar um pulo para entrar lá para dentro e enquanto ele dá a volta ao carro olho para fora e vejo o Harry encostado ao carro dele, a olhar para mim. Ele ficou à minha espera?

Estou na biblioteca há demasiado tempo, a minha doí-me e não me lembro de quando foi a ultima vez que comi. Tenho papeis espalhados por todo o lado e sinto-me perdida. Tenho um exame na segunda e sinto-me terrível, acho que estou doente ou coisa que o valha. O Harry irritou-me quando passou por aqui com os amigos, um deles, Richard espreitou para o meu livro e disse-me que era melhor esquecer a disciplina, o Harry riu-se, mas pareceu perceber que eu não estava para brincadeiras. Debruçou-se sobre mim e perguntou se eu queria ajuda, disse-lhe que não e ele foi-se embora meio zangado, meio ofendido. Detesto esta dinâmica que temos, em que queremos estar juntos, mas não conseguimos. Ele é muito atraente e quero falar com ele, mas depois ele é um imbecil e eu também, as pessoas não se entendem assim é melhor se deixarmos a comunicação ser tão básica como antes de nos conhecermos há dois meses atrás.Começo a arrumar as minhas coisas e a minha mala está demasiado pesada para o meu corpo cansado, por isso limito-me a agarrar na alça e puxa-la. A bibliotecária diz-me que está a chover e paro de andar. O meu dormitório fica a pelo menos dez minutos a pé.

-Quer um guarda-chuva, minha querida?

Olho atarantada para o guarda-chuva que me oferece e sinto a minha mala ser levantada.

-Não é preciso Miss.Beatrice, eu levo a Julieta a casa.

Ela sorri como se soubesse de alguma coisa que não sei e manda-me ir com ele. Ela confia nele por alguma razão que desconheço, por isso vou, ele têm um carro giro, é preto, demasiado grande e caro para um rapaz de universidade. Abre-me a porta e afundo-me no banco. Ele deixa a mala no banco de trás e instala-se ao meu lado.

Two ways to lie *Concluida*Onde histórias criam vida. Descubra agora