Capítulo 53 "Não há terceiras chances para um amor como o nosso"

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Penultimo capitulo- "nem tudo o que parece é, e nem tudo o que é parece"

Músicas na playlist do spotify (link externo)

Ruin my life- Zara Larsson 

No right to love you- Rhys Lewis

5SOS- Youngblood



Cinco anos depois

A rapariga do outro lado do balcão enche o meu café e sorri-me. Aqueço os dedos gelados no copo quente e digiro-mo para uma mesa perto da janela. O frio de Seattle gela-me até ao osso, é húmido de uma forma diferente. Toda a gente aqui fala muito rápido e age como se o relógio fosse um inimigo, no entanto parecem atrasar-se para tudo. Tive duas reuniões ontem com alguns designers e todos chegaram atrasados e a arfar. A minha calma pareceu tranquiliza-los, mas na verdade eu senti-me intimidada pelo seu comportamento frenético. Há muito tempo que não sei o que é estar ligada à corrente elétrica.

-Posso usar esta cadeira? - Uma jovem rapariga loira pergunta-me.

-Estou à espera de alguém.

O meu sorriso atenua ligeiramente a picada e ela afasta-se. A chuva lá fora faz-me lembrar um dia há cinco anos atrás, quando ainda trabalhava para o William e ele me levou a almoçar. O Harry chegou algures no meio tempo. Sorrio para o café e dou um gole na bebida fervilhante.

Liquido é a única coisa que consigo empurrar estomago abaixo e parece-me seco. O café americano sabe a água. A porta do café abre-se. Um sobretudo preto e um cachecol da mesma cor são impelidos para dentro com um par de dedos a passar pelo cabelo encaracolado do Harry. Ele pede um café e vira-se para olhar para trás. O meu coração está preso no meio da minha garganta enquanto ele varre a sala com os olhos verdes brilhantes.

Os meus dedos apertam o papel do copo e sinto quando alguma gota quente me tocam a pele fria. Ele aproxima-se com passos confiantes, mas de alguma forma reconfortantes.

Aponta para a cadeira e senta-se.

-Olá.- Diz-me.

-Olá.

A minha língua parece papel e o meu nariz arde quando ele leva um gole de café aos lábios.

-Obrigado por te encontrares comigo.

Fico em silencio enquanto limpo as gotas de café que escaparam do copo para os meus dedos.

-Não vejo porque não.- Encolho os ombros e olho-o nos olhos. Estão verdes, pálidos como um prado coberto de orvalho. A minha expressão pode parecer tão oca como a dele, mas não tão magoada.

-Como estás?

-Bem, e tu?

-Também...fiquei surpreendido.

Odeio conversa de circunstancia, algo que os americanos adoram fazer e eu detesto, tanto quanto a educação me permite.

-Porquê?

-Passou tanto tempo.

Atiro o cabelo para trás dos ombros e empurro a bebida tépida para o centro da mesa.

-Harry há alguma razão para eu estar sentada nesta cadeira?

-Queria ver-te. Passaram cinco anos. Cortas-te o cabelo.

Os dedos dele aproximam-se das pontas do meu cabelo castanho e fecho os olhos. Quero bater-lhe. Quero perguntar-lhe porque é que não pensou melhor, porque é que me deixou. Outra vez.

Two ways to lie *Concluida*Onde histórias criam vida. Descubra agora